Arquivo de 3 de Junho, 2010

3D – Opiniões diversas

As opiniões sobre  os filmes 3D são diversas, dependendo das crenças e interessas das pessoas. Após alguma pesquisa e pequenas entrevistas a diversos indivíduos, penso que será interessante mostrar as diferentes opiniões que cada um tem sobre este assunto, assim, decidi publicar as opiniões que achei mais fundamentadas :

1- André Fernandes, Estudante de Cinema na UBI

” O cinema 3d significa uma grande evolução em termos técnicos na forma de apresentar conteúdos,como em todos os momentos em que o padrão clássico de fazer cinema foi abalado ,como a chegada do som sincronizado, tendo havido resistência, por alguns anos, de cineastas e público que permaneciam no mudo, o 3d vê-se já a tentar ultrapassar alguns obstáculos. Pessoalmente, satisfaz-me existir esta evolução e vontade de técnicos que continuam tentar inovar. No entanto, o 3d como está a ser explorado neste momento não me entusiasma minimamente.Sou mais a favor de uma boa história e de uma técnica simples e eficaz do que de grandes construções visuais e artifícios e, até ao momento, tem-se recorrido ao 3d para aproximar-nos da acção através de objectos e elementos cénicos colocados nos filme de forma forçada. Ainda não vejo muita “justificação” no 3d, mas pensando de forma optimista, acredito que esta pobreza seja apenas por estarmos a transitar para a mudança que o 3d pretende trazer. Pelo caminho, ainda é preciso aperfeiçoar os óculos que se tornam incómodos e acabam por condenar os filmes a serem muito mais curtos, caso não pretendam perder o entusiasmo do espectador.”

Por outro lado,André Ventura, estudante de Ciências da Comunicação na UBI  afirma que : ” Não me interessam as tecnologias,interessa-me a arte em si,a produção humana e não a produção de uns óculos 3d produzidos em “laboratório”. Vantajoso será sempre o artista e nunca a tecnologia” , mostrando desde logo a sua irreverência face aos filmes ditos normais ou 3D, justificando-se : ” Chaplin fez dos melhores filmes de sempre na altura do cinema mudo e a preto e branco”, ” Da Vinci tirava fotografias tão realistas e expressivas com os seus pastéis de óleo”.

Por fim, Eurico Lourenço, estudante de Relações Internacionais na Universidade de Évora exprime-se afirmando : “Os filmes 3D são uma forma de demonstração de evolução da tecnologia gráfica e ,ao mesmo, tempo sãoo feitos para cativar o publico geral, poupar imenso dinheiro na realização e criar uma nova sensação de filmes que tende a aumentar de dia pra dia… A minha opinião é que este tipo de filmes, que pretende ser o futuro, não é mais do que uma forma barata de acabar com a cultura original cinematografica… actores, paisagem real, a beleza de fazer o impossivel com o disponivel, tudo isso, num futuro próximo, tende  a desaparecer cada vez mais em troca de imagens criadas e gráficos controlados…   pode ser interpretado como o avanço da tecnologia, mas eu penso que é so mais uma forma de globalização e de avanço tecnológico seguido de uma ideia de massas pra menosprezar a cultura real.”

Após ler estes três testemunhos diferentes posso concluir que o o cinema 3D, como tudo, agrada e desagrada o público no geral, mas, mais importante que isso, ainda tem um caminho a percorrer de modo a justificar a sua importância e utilidade.

PS- André Ventura, deixa ainda sugestões de livros que os mais interessados devem ler:

-Homo Videns

-Admirável Mundo Novo

Ana Raquel Martins

Redes Sociais

A expansão da Internet mudou as formas de entretenimento, comércio, comunicação e socialização. Assistimos actualmente ao crescente fenómeno das redes sociais. Por definição uma rede social é:
Serviço online que permite aos utilizadores criar um perfil público ou smi-público dentro de um sistema com regras; criar uma lista de outros utilizadores com quem partilham uma ligação; ver e cruzar as suas listas de contactos dentro do sistema. A natureza e a nomenclatura dessas ligações entre indivíduos podem variar de sítio para sítio.
The Well foi a primeira comunidade social online. Surgiu em 1985. Para além do mérito de ter sido pioneiro o The Well foi considerado durante vários anos a comunidade online mais importante do mundo.
Nos anos 90 com a massificação da Internet surgiu o IRC (Internet Relay Chat). O mIRC, foi o programa mais popular do IRC e durante os anos 90 foi a principal forma de comunicação online. Permitia a troca de mensagens e arquivos em tempo real. Mais tarde foi ultrapassado por outros programas como o MSN e o Yahoo Messenger.
Em 1997 surgiu o site SixDegrees que constituiu a primeira rede social propriamente dita. Permitia criar um perfil, uma lista de amigos e consultar a lista dos amigos dos amigos. Abriu portas a uma nova forma socializar, conhecer e ser conhecido.
A partir daí surgiram muitos outros sites semelhante como o AsianAvenue, o BlackPlanet e o MiGente. Este sítios estavam na sua maioria relacionados com encontros amorosos até que em 2001 surgiu uma nova vaga de sítios sociais, desta vez com objectivos profissionais e de negócios. O Ryze foi o pioneiro e ainda hoje se encontra online com a mesma filosofia.
Em 2003 surgiu o MySpace, embora pouco popular no início, começou a ganhar grande sucesso, principalmente junto de novas bandas de música alternativa. Actualmente constitui um lugar de excelência para a divulgação de músicas e reconhecimento de novos talentos. O MySpace também trouxe a novidade de permitir aos utilizadores editar códigos HTML e assim personalizarem o seu espaço. Permitiu também adicionar fotos, textos e músicas.
Ainda em 2003 apareceu o Hi5 e o SecondLife. O SecondLife tornou-se uma rede única com uma forte vertente comercial. Permite aos utilizadores criarem avatares a três dimensões que os representam no mundo virtual. O Hi5 conquistou sucesso principalmente junto dos adolescentes. É a rede social mais utilizada no nosso país.
Em 2004 surgiu o facebook e o Orkut e em 2006 o Twitter; igualmente muito populares. O Facebook acabou inclusivamente por superar o MySpace em número de utilizadores, tornando-se a rede social mais utilizada em todo o mundo.
Alguns programas e sítios de mensagens instantâneas decidiram implementar características das redes sociais. Os blogues também adoptaram a partilha de perfis e mensagens.
Surgiu no planeta um turbilhão de novas redes, também no nosso país surgiram algumas como o Amiguinhos (mais direccionada para encontros amorosos), o NetJovens e o SapoSpot.
As redes sociais constituem uma das novas formas de socialização dos nossos tempos e parece que vieram para ficar. Apresentam grandes vantagens no que toca à capacidade de gerar relações amigáveis e amorosas; comunicações rápidas e constantes; criação de relações profissionais e comerciais; lançamento de petições e pedidos de ajuda de uma forma bastante difusora; divulgação de projectos/actividades pessoais e colectivas; entre outras.
As desvantagens no entanto também são muitas. Tem permitido aproximações com objectivos criminosos, burlas, incitação de actos ilícitos, Cyberbulling, invasão de privacidade, controlo de rotinas pessoais, etc.
Além disso, as novas formas de socialização desfavorecem o contacto pessoal entre indivíduos e torna as relações cada vez menos humanizadas e cada vez mais mediadas por interfaces.
As redes sociais tem sido alvo de estudos das mais diversas áreas como a antropologia, psicologia, ciências da informação, estudos de comunicações, economia, etc.
Estes redes têm não só a capacidade de alterar as nossas relações mas também a nossa própria identidade.

Joyce Lopes

Ode Triunfal

Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical –
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e fôrça –
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro –
Porque o presente é todo o passado e o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro de Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por êstes êmbolos e por êstes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.

Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modêlo!

Ode Triunfal, Álvaro de Campos
Londres, 1914

Neste excerto do enigmático heterónimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos exalta a força do pensamento para a evolução tecnológica da humanidade. Campos relaciona o conceito cérebro/máquina, considerando que funcionam de forma idêntica, destacando a relação de simbiose entre estes dois termos.
Deste modo, Campos refere a sabedoria de grandes figuras do passado, como os grandes filósofos da Antiguidade Clássica, como meio para atingir o conhecimento presente, “há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas.”.
Isto é, a sociedade, em 1914, enfrentava o espectro do desenvolvimento tecnológico, estimulado pela Revolução Industrial, que só foi possível de alcançar graças ao facto de o Homem ter utilizado a sua própria Máquina, a “caixa pensante”, para desenvolver extensões de si próprio, dispositivos que desempenhassem as mesmas funções que uma mão ou pé humano, contudo, e eventualmente, com uma mais eficácia e velocidade, como “Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modêlo”.
Campos reforça, ainda, o ideal de perfeição que pode ser encontrado numa máquina. Este ideal afasta-se, forçosamente, do cérebro humano, que, segundo o sujeito poético, nunca poderá ser tão perfeito como um dispositivo fabril ou um automóvel. Tal facto acontece pois a auto-conscienciaque o Homem tem das suas emoções, distancia-o do rigor na execução de determinadas acções. Desta forma, Campos anseia ser como as máquinas que o envolvem, criando uma ruptura na inevitável dor de pensar que o atormenta, “Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime”.
Em suma, o pensamento Humano é um factor que abalava a sociedade em 1914 e prevalece até aos dias de hoje, Faz o sujeito comum afastar-se dos seus sentimentos e emoções, canalizando a força do seu pensamento para a construção de um mundo tecnológico, num crescimento proporcional ao agravamento do seu isolamento interior.
Hoje em dia, nesta era Digital são encontrados elementos que vencem dificuldades naturalmente humanas, que existiam também aquando do tempo do sujeito poético. Estas faziam-no ansiar por uma perfeição artificial, tal como hoje em dia a aldeia global, em que nos inserimos, deseja.

A Vision of Students Today

Após a visualização do filme senti-me extremamente de acordo. Sou estudante universitária pela primeira vez, estando no primeiro ano e penso que é bastante fácil perceber a ideia do vídeo de Michael Wesch. No dia a dia do estudante, tal como tudo, vários são os problemas com que nos deparamos. Inicialmente tudo parece fantástico, parece que temos a liberdade pela qual sempre ansiámos, mas a verdade é que não é assim,pelo menos na minha opinião.  Ao longo do tempo apercebe-mo-nos que o curso quem que estamos não é bem o que queríamos (não há cursos perfeitos), que existem matérias que não nos interessam minimamente (o que muitas vezes nos leva a desinteressar-mo-nos facilmente da cadeira em questão), gastamos dinheiro desnecessário em livros ou fotocópias que nunca chegamos a ler e, muitas vezes, deixamos mesmo de frequentar as aulas e a faculdade, mesmo pagando as propinas.  Mas isso são parte dos problemas. Os novos média foram desde logo vistos como “amigos dos estudantes”, visto que facilitam e ajudam bastante na procura de trabalhos, de matérias, entre outras cosias relacionadas.No entanto, tornam-se perigosos quando dependemos deles em demasia. A grande maioria dos estudantes passa horas em frente ao computador a navegar na Internet ou em redes de comunicação sociais em vez de estudarem, descansarem ou estarem a dormir ( e quando levam os computadores para aulas não estudam, passam tempo nesses mesmos sítios ou a a fazer coisas que pouco interessados), já para não falar das horas em frente a televisão ou a ver séries ou filmes… Assim, basta compreender que a vida de estudante não é assim tão fácil como parece e os problemas apesar de parecem sem fundamento, são problemas que afectam a grande maioria dos estudantes hoje em dia e para que isso se altere é necessário que haja uma alteração nas mentalidades dos estudantes. Não vai ser fácil mas vai ser produtivo!

Ana Raquel Martins

Jeff Mills and Montepellier Philharmonic Orchestra

Jeff Mills (Detroit – 1963) é um americano produtor e DJ de música techno. A música techno é considerada música de dança electrónica e, portanto, sabemos que é concebida através de instrumentos electrónicos como sintetizadores, drum machines e sequencers.

Montpellier Philharmonic Orchestra, como o nome indica, é uma orquestra filarmónica. O DJ e a orquestra reuniram-se em 2006 para gravar o álbum Blue Potential. Este álbum é uma mistura de música instrumental orquestral com as produções electrónicas de Jeff Mills. Temos, assim, a união de géneros musicais tão distintos.

O que é mais curioso, é Jeff Mills e a Montepellier Philharmonic Orchestra não só produzirem e gravarem um álbum, mas levá-lo aos palcos em conjunto. O DJ e a orquestra actuaram ambos em cima de um mesmo palco, tornando-se impossível de distinguir se se assemelhava mais a um concerto ou a uma festa de música electrónica. A junção da techno music com a orquestra criou ambientes festivos, onde as pessoas estão de pé a dançar, assim como acontece nas festas de pura música electrónica, mas o palco era dotado de uma imagem parecida á de um concerto. Na verdade, o DJ passa a ser membro da orquestra, tendo em conta que o maestro não rege apenas os músicos da orquestra, dando-lhe também indicações.

É possível perceber como isto tudo se processa no vídeo que deixo abaixo. Um concerto-festa, que leva a muitas pessoas a experiência de ver e ouvir ao vivo uma orquestra filarmónica, de uma forma, digamos, contemporânea.

Maira Carpenedo

Para um aprofundamento do “Eu”

A persistência da memória, Salvador Dalí, 1931

Se por um lado, para pensar necessitamos de palavras, por outro, são elas que, simultaneamente, são um importante elo de ligação entre nós e o outro. Assim, a linguagem, apesar de não ser a única forma de comunicação, figura-se um importante meio de ligação entre todos os seres racionais, independentemente do tipo que está por detrás da sua génese.

O sujeito, por outro lado também concatena em si os meios que lhe permitem efectivar essa linguagem. Assim sendo, cada um de nós, constituído pelos genes – conjunto de moléculas que nos definem geneticamente – e memes, – unidades autónomas de evolução cultural que podem ser apreendidas facilmente, sendo elas ideias, sons, capacidades, valores, etc – possuí a combinação de todos esses factores que nos torna verdadeiramente únicos.

Para além desses factores, o carácter subjectivo que a nossa personalidade desenvolve está presente em tudo o que fazemos, seja na escolha de uma palavra, de uma música ou de uma imagem. É essa subjectividade que nos caracteriza, esteja ela nas nossas escolhas, pensamentos, nos modos de ser e sentir, que contribui para a afirmação da nossa identidade na sociedade em que nos inserimos. De que forma? Potenciando a pluralidade da identidade cultural, imprescindível às sociedades, enquanto um todo global, que não é mais do que o produto da segmentação das várias identidades que se interceptam.

Em todo o processo da construção da identidade de um sujeito, a memória é um factor determinante para o próprio processo de validação do próprio sujeito, enquanto ser consciente de si e do mundo que o rodeia. Ou seja, lembrar-me do que aconteceu ontem na minha vida, é para mim a confirmação de que o dia de ontem efectivamente existiu. Se tal não acontecesse, como provaria a mim própria que o que se passou ontem aconteceu? (ainda que nada seja verdadeiramente absoluto).

Assim, a memória acaba por ser um atestado da minha existência perante mim absolutamente crucial e fulcral na interacção, construção e prossecução de mim própria.

Sara Oliveira

Uma obra digital que é uma bênção

Baraka, uma antiga palavra Sufi [que] pode ser traduzida simplesmente por bênção, por respirar, por essência da vida de onde toda a evolução decorre.”

Baraka é um filme de Ron Fricke, de 1992. Trata-se de um documentário sem narrativa, sem diálogos e sem cenas coesas, apenas com imagens e som ambiente, conversas ou cantos, que podem ser considerados o narrador latente de uma intenção universal espiritual. Isto acontece, devido ao filme ter sido gravado em 152 locais em 24 países e contém imagens de várias paisagens, igrejas, ruínas, cerimónias religiosas e cidades, misturando com vida, de forma a que cada quadro consiga capturar a grande pulsação da humanidade nas actividades diárias.

Como já foi referido, não existe narrativa, havendo apenas uma alternância de imagens. Aliás, o método utilizado assemelha-se á montagem alternada, onde dois planos distintos são apresentados alternadamente de forma a dar ao espectador a ideia de uma só acção. Neste filme, a alternância de imagens serve, não para que pareçam uma mesma acção, mas para que haja uma reflexão entre elas, para que se perceba uma ligação entre imagens de situações aparentemente diferentes e pense acerca disso.

Exemplificando, passo a descrever uma pequena série de imagens que nos conduzem a uma reflexão acerca da individualidade. Imagens em fastmotion de multidões de pessoas em grandes avenidas do Japão, são seguidas de imagens em fastmotion de multidões de pessoas em fábricas a fazer máquinas em série, que, por sua vez, são seguidas de imagens em fastmotion de muitos pequenos pintainhos que estão amontoados em passadeiras rolantes, para serem verificados. Isto tudo, acompanhado pela mesma música ritmada.

Um trabalho digital que engloba imagens de todo o mundo e que só acompanhado da música é capaz de sugerir muita coisa. A imagem digital em movimento, torna-se, neste filme, um objecto filosófico.

Maira Carpenedo


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