O que se sentiu ao ouvir a primeira gravação sonora é, aos meus olhos, indiscritivel. É com dificuldade que consigo colocar-me nessa posição. A experiência deve ter sido tão intensa, tão espectacular que já mais nos poderemos aproximar fielmente dela.
Recordo-me de ouvir a gravação na aula e de não sentir absolutamente nada. Não sentir qualquer tipo de emoção. E no entanto, não devia ser assim. Alguma coisa devia palpitar dentro de nós, quanto mais não fosse, pelo que aquela gravação representa. Ela foi um passo fundamental.
Talvez no momento em que foi ouvida a gravação, não houvesse a noção exacta da conquista que ela representava. Como foi referido na aula, a gravação sonora foi uma forma de imortalizar o ser humano de guardar uma parte dele. E ao longo da história sempre houve interesse em perpetuar o máximo possivel a vida humana. De certa forma, esta gravação conseguia-o.
Expectativa, deve também ter sido muito sentida por quem ouviu a gravação pela primeira vez. A par de muita curiosidade em perceber como se tinha chegado até ali. Tudo era novo, portanto tudo era digno de despertar curiosidades.
O carácter único de todo este processo deve também ter sido significativo. Tinha de haver a consciência que uma descoberta daquelas era irrepetível. ” Au Clair de la Lune” é o poema protagonista desta experiência. Um trecho curto deste poema é que é gravado.
A experiência de ouvir a primeira gravação humana, foi muito além, das poucas linhas acima descritas. Foi marcante para quem teve o privilégio de a presenciar e foi fundamental para toda a história. Não consegui certamente aproximar-me dessa experiência, mas de uma coisa não tenho dúvidas: foi o marco na vida de todos os que a vivenciaram.
Ana Filipa Fonte