Atualmente, não passa um dia sem surgir uma inovação ou a renovação do que outrora foi novidade. Tal efusividade tecnológica permite o constante aparecimento de novas e aliciantes formas de nos contactarmos. Formas essas que superam a própria interação “face-to-face”.
Qualquer rede social é hoje uma parte bastante considerável do quotidiano de uma enorme massa demográfica. Antes, algumas vezes, durante e depois do trabalho o ser humano “liga-se” ao mundo desconectando-se do mesmo. Esta ambivalência aparentemente recente, tem vindo a ser estudada na teoria pela socióloga Sherry Turkle desde os anos 80.
Em 1984, Turkle já definia o computador não só como uma ferramenta indispensável, mas também como parte vital do nosso quotidiano. Na obra The Second Self, a autora observa em que aspecto o computador afeta a nossa capacidade de introspeção e as nossas relações com outro. Assim, é com a certeza que a tecnologia modifica o modo como agimos que Turkle inicia o estudo da relação entre o Homem e máquina tecnológica, o “segundo eu”.
Com o aparecimento de redes sociais, a já fraca barreira entre o ser humano e o seu computador desmorona-se. Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other (2011), a ultima publicação de Turkle, esta fala-nos da queda deste muro e consequente construção de uma convivência insociavelmente social.
Concluindo, é nesta linha de pensamento que a socióloga alerta para ascensão de “robôs sociais” – símbolo da decadência das interações humanas. Até mesmo a preferência das mensagens curtas em detrimento da fala, uma característica que distingue o humano do animal, tem se vindo a verificar. A nossa clara adição relativamente aos aparelhos digitais (e apelativas aplicações) faz com que, mais cedo do que pareça, eles se tornem próteses do nosso corpo.
Eduardo Duarte
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