Este post pretende mostrar um lado radical, imaginário, paranóico e até mesmo surreal dos efeitos que a televisão pode provocar. Para isso vou dar o exemplo de dois filmes que retratam na sua plenitude um papel um tanto obscuro que a televisão pode exercer na sociedade, nomeadamente o filme “Network” (1976) de Sidney Lumet e o filme “Videodrome” (1983) de David Cronenberg. Embora divergem em certas abordagens, estes filmes têm o objectivo de criar o que se pode chamar “paranóia televisiva”.
O motivo de referir o filme Network é que este trata-se de uma crítica mordaz a um dos principais média daquele tempo, bem como da actualidade, precisamente a televisão. Network reflecte-se como um testamento da liberdade e da ambição dos anos 70 em Hollywood. Um dos temas centrais do filme é a decadência da sociedade e da moralidade em relação à audiência televisiva, facto extremamente actual na sociedade de hoje, já que (e é meramente a minha opinião) a audiência é vista como uma competição constante entre os canais televisos mas não resulta em nada numa garantia de qualidade na programação televisiva. Numa breve sinopse do filme, este consiste no despedimento de um apresentador de televisão devido às fracas audiências, que ao ter conhecimento de tal anuncia a sua demissão enquanto o seu programa ainda está a ser emitido e que se irá suicidar na próxima emissão do programa. A ironia constante no filme é inicialmente visível quando o director do programa vê a ameaça do suicídio como uma possibilidade de ganhar audiências, uma vez que o público demonstrou-se curioso e o programa começa a ganhar audiências bruscas.
Tudo isto exemplifica a sátira ao mundo televisivo e à forma como este constrói uma disfuncionalidade de personalidade, bem como à falta de escrúpulos dos meios televisivos para conseguir audiências. Do ponto de vista do espectador, também critica o consumismo insconscienteddaquilo que pode ser considerado novidade, neste caso um programa noticioso que se transforma numa espécie de reality show”. Aqui fica o trailer
No filme Videodrome, o papel da televisão é explorado como algo que afecta fisicamente o espectador e também como um controlo social, como um deturpador e manipulador da concepção do espectador em relação à realidade, devido muito à violência constante transmitida na televisão. O fulco central do filme é o programa televisivo “Videodrome” (que dá o título ao filme) e que contém por exemplo imagens de pornografia sadomasoquista e de violência física, muito ao estilo dos “snuff movies” . O programa conduz a personagem principal a uma série de acontecimentos regidos por alucinações, violência e morte. A componente real deste filme aparece disfugarada através de efeitos especiais, do “fantástico” e do terror físico como também psicológico, aparentemente nada comum à realidade do ser humana. De qualquer forma são abundantemente visíveis na cinematografia de David Cronenberg. Sem mais demoras segue em baixo o trailer para aguçar a curiosidade a quem nunca tenha visto o filme.
Ricardo Pereira
Deverá estar ligado para publicar um comentário.