A partir da década de 40, começaram a surgir várias tentativas de análise e explicação dos fenómenos dos meios de comunicação, e o seu papel.
Herbert Marshall McLuhan foi um sociólogo canadiano, que viveu no séc. XX (1911-1980). McLuhan interessou-se por estes fenómenos. Escreveu duas grandes obras: The Gutenberg Galaxy: The Making of Typographic Man (1962) e Understanding Media: The Extensions of Man (1964).
Os três aspectos mais importantes do McLuhanismo são: 1. The Medium is the message (o meio é a mensagem), 2. Os média como extensões do ser humano e 3. Meios frios e meios quentes.
The Medium is the message: este foi o ponto que gerou maior controvérsia, pois até então, tinha-se estudado o efeito dos média quanto ao conteúdo, para o que difundiam e transmitiam, sem se dar grande importância a o que é que o disseminava (jornal, rádio, televisão, cinema…). Para McLuhan, o mais importante não é o conteúdo da mensagem, mas o veículo através do qual a mensagem é transmitida. Desta maneira, estuda-se a relação entre a forma e o conteúdo da transmissão da mensagem.
Cada meio de difusão tem as suas características próprias, e por conseguinte, os seus efeitos específicos. Qualquer transformação do médium é mais determinante do que uma alteração no conteúdo.
Desta forma, estuda-se as características específicas de cada medium, com o objectivo de saber as qualidades e defeitos de cada um, e que impõem ao conteúdo, para assim definir a melhor forma de os utilizar. Esta investigação remete-nos para os Meios frios e meios quentes.
2.
Os média como extensões do ser humano: os média recorrem aos nossos sentidos para se fazerem transmitir. Passámos por três eras: a Era Tribal (oralidade; multi-sensorial), Era da Escrita (escrita – visão), Era da Imprensa (imprensa – “ainda mais” visão); e actualmente vivemos na Era Electrónica (média electrónicos; aldeia global).
3.
Meios frios e meios quentes: hot (meios quentes) transmitem uma mensagem clara e precisa, que se impõe ao receptor de forma muito forte. A leitura desta mensagem não exige grande esforço, por exemplo: imprensa, escrita alfabética, rádio, cinema (excepto animação). Têm alta definição e baixa participação do receptor. Cool (meios frios) fazem passar uma mensagem menos óbvia que a dos meios quentes, sendo necessário alguma dedicação para a compreender, por exemplo: televisão, escrita ideográfica, fala, telefone, animação. Têm baixa definição e alta participação do receptor.
Atente-se que, actualmente, esta categorização já não está propriamente correcta, na medida em que haveria meios, como a televisão, que se podem encaixar nos meios quentes e nos meios frios. A Era Electrónica, com os meios digitalizados, confere aos média a alta definição e a participação, o que torna difícil a distinção entre quente e frio.
A mudança do meio de comunicação, modifica, de facto, a mensagem, e o seu conteúdo. Apesar de a mensagem ser a mesma, o efeito causado não é o mesmo.
Por exemplo: O site da Rádio Antena 2.
Linearidade: Ao ligar o rádio e sintonizar a frequência, “sujeitamo-nos” a ouvir o que está a passar naquele momento.
Na versão online, podemos ouvir a música/programa do momento ou escolher o programa que queremos ouvir, já que temos a opção de Programas Podcast. Assim, é-nos permitido ter acesso a programas já passados, por exemplo. Vemos os destaques com um slide-show que é impossível de passar despercebido, podemos partir para blogs e sites relacionados com o conteúdo da estação de rádio, etc.
Qualidade: Nem sempre conseguimos ouvir os programas radiofónicos com qualidade através do rádio, e nem sempre nos é possível deixar o que estamos a fazer, para ir ouvir rádio. Nestes casos, temos a possibilidade de ouvir em directo, através do site desta estação.
Concentração: No rádio, estaremos mais atentos ao que estamos a ouvir, pois à partida não estaremos a fazer mais nada.
Na versão online, os nossos sentidos fazem-nos dispersar, pois “hiperligação-aqui”, “hiperligação-ali”, há uma certa tendência para nos distrairmos. Não só no site da rádio há a propensão de nos distrairmos, como em todas as ferramentas que o próprio computador nos oferece e na possibilidade de abrirmos novas janelas da internet. É de salientar, por exemplo, a publicidade, as chamadas pop-ups, que se movimentam no ecrã, constituindo mais um factor de dispersão.
Interacção: Não há qualquer interacção entre nós e o rádio, ao contrário do site do canal: por exemplo, no link + Lidas, para além de termos acesso a uma compilação dos artigos/notícias mais lidos no site, podemos ainda deixar o nosso comentário (escrito) no site.
Links: A versão digital da rádio dá-nos a oportunidade de navegar por outros sites relacionados com o que lemos/ouvimos.
Redes sociais: A nível digital, a rádio está ainda nas redes sociais, como por exemplo, Facebook e Twitter. Deste modo, o ouvinte não terá sequer de aceder ao site, já que muitas das vezes, as actualizações do site, são feitas também, pelo Facebook e Twitter. Assim, o ouvinte poderá apenas ler estes “pedaços de texto” ou integralmente, se assim o quiser, bastando-lhe clicar no link do artigo.
McLuhan mostra, desta forma, como o meio interfere no produto final da mensagem, que é a sua transmissão. Assim, o meio é, de facto, a mensagem.
No caso da rádio na internet, temos de compreender que a rádio deixa de ser rádio. Há uma remediação do meio.
Beatriz Barroca.
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