Herbert Paul Grice, filósofo britânico que se focou no estudo da linguagem, estabeleceu um conjunto de regras ou premissas que, segundo ele, devem “orientar o ato conversacional”. Grice atribui a estas regras a designação de máximas conversacionais – são princípios que descrevem o comportamento linguístico dos interlocutores e regras que regulam a conduta linguística. Ao respeitar o princípio das máximas conversacionais, o interlocutor está também a respeitar o princípio da cooperação – um indivíduo deve interagir com outro da forma mais explícita e completa possível para que todos os enunciados sejam corretamente interpretados.
“Faça a sua contribuição conversacional tal como se requer, na situação em que tem lugar, através do propósito ou direção aceites no intercâmbio conversacional em que está engajado” – Herbert Paul Grice
As máximas conversacionais constituem a competência conversacional dos interlocutores, pois caso sejam descuradas ou não apresentem coerência podem pôr em causa a eficácia do ato comunicativo.
“Os nossos diálogos, normalmente, não consistem numa sucessão de observações desconectadas, e não seria racional se assim fossem” – Herbert Paul Grice.
Grice estabeleceu, então, quatro máximas conversacionais que devem ser respeitadas para garantir um discurso eficaz:
1) Máxima da qualidade: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja o mais verdadeira possível e, para tal, não deve fazer afirmações que acha serem falsas e também não deve afirmar aquilo de que não tem provas suficientes para confirmar a sua veracidade.
Exemplo:
– Quando começa a verão?
– 23 de março.
(A resposta à pergunta é incorreta, logo a máxima da qualidade só seria respeitada se a resposta fosse ’21 de julho’).
2) Máxima da relevância: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja pertinente e relevante em relação ao objetivo da conversa.
Exemplo:
– Queres ir ao centro comercial esta noite?
– Preciso de ir à casa de banho.
(A resposta à pergunta foi completamente descontextualizada e nada relevante para o objetivo da conversa).
3) Máxima da quantidade: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja tão informativa quanto necessária, isto é, que seja nem mais nem menos informativa do que aquilo que é fundamental para o que a conversa pede.
Um discurso repetitivo e longo pode constituir uma violação desta máxima, pois estará a sobrecarregar-se o enunciado de informação redundante e desnecessária.
Exemplo:
– A que horas tens aulas hoje?
– Tenho aula de Anatomia às 11:00, na sala 14, na Faculdade de Medicina.
(A informação dada foi excessiva e desnecessária. A resposta poderia ter sido simplesmente “Às 11 horas”).
4) Máxima de modo: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja clara, organizada e breve.
Para respeitar esta máxima, devem ser evitados discursos que possam apresentar múltiplas significações ou induzir a outra pessoa em erro.
Exemplo:
– Queres ir à praia esta tarde?
– Talvez sim, talvez não.
(Apesar de breve, a resposta dada não foi clara nem concreta, deixando o interlocutor que fez a pergunta na dúvida).
Assim, para garantir um ato conversacional coerente, concreto, breve, relevante, objetivo, organizado, claro, verdadeiro e com sentido, estas máximas devem ser respeitadas, garantindo que a informação é entregue da forma mais eficaz possível.
Diogo Martins