Um futuro virtual

Tema de escrita: O que são as tecnologias do sujeito?

As Tecnologias do Sujeito, conceito desenvolvido por Michel Foucault, são práticas – que podem incluir objectos tecnológicos ou não – que permitem ao individuo construir uma nova identidade. Isto resolveria todos os problemas de auto-estima do Ser Humano, que atingiria um estado de perfeição à sua maneira. As tecnologias de comunicação podem ser consideradas tecnologias do sujeito e um exemplo são as redes sociais, nomeadamente o Facebook.

Ao encontrar esta imagem relacionei-a de imediato com as ideias que foram desenvolvidas na aula. Nela podemos ver representada a evolução do Ser Humano segundo Darwin, que culmina no logótipo do Facebook. Nesta imagem, eu vejo a nossa próxima (ou actual  etapa de desenvolvimento projectada num sujeito digital. A verdade é que cada vez mais, desde a terna idade, o indivíduo cresce num contexto em que tem ao seu dispor tecnologias digitais que manuseia facilmente, as quais integra na sua vida quotidiana, o que pode causar o seu isolamento ao longo da sua fase de crescimento e habituá-lo apenas a um mundo virtual. Este factor pode formar um sujeito essencialmente digital, ou seja, alguém que está habituado a comunicar mediado por um dispositivo e sob uma determinada personalidade que, consequentemente, vai dificultar o confronto do individuo com a realidade, restringindo o seu desenvolvimento a esse nível. Para além disso, Sherry Turkle alerta também para os perigos da conectividade permanente, que envolvem o sujeito digital em fantasias como, por exemplo, a ausência de solidão ou o controlo das relações humanas, ideias utópicas que se julgam concretizadas nestes dispositivos e por isso são preferidos à comunicação presencial.

Esta pode ser a futura geração, que praticamente não comunica com as pessoas que a rodeiam, mas sim com um dispositivo que a ligará a alguém a quilómetros de distância. É um fenómeno actual – hoje em dia, já não há muitas conversas com desconhecidos nos transportes públicos, e até em acções quotidianas, como ir às compras, acabamos por preferir lidar com máquinas do que com Seres Humanos. O sujeito passa a ser um corpo que navega pela cidade junto a um dispositivo que o multiplica virtualmente, onde assume várias identidades exigidas pelos espaços digitais. Deixa de existir pressão social e podemos ser aquilo que desejamos sem nos reprimir. Se não estivermos satisfeitos connosco, criamos outro perfil. As soluções são fáceis e automáticas, não exigem uma introspecção que ajude o sujeito a melhorar-se na realidade, apenas a criação de uma nova personalidade digital.

Este pode ser um cenário futuro negativo para uma geração que cresce rodeada de tecnologias e forma-se a partir desses dispositivos. Sherry Turkle é um exemplo de alguém que acompanhou o crescimento deste contexto e que teorizou as suas vantagens e desvantagens, alertando-nos actualmente para um futuro em que a relação existente poderá ser apenas entre o Homem e a Tecnologia. No entanto, o individuo ainda não se resume a esta experiência e a voz do passado – como quem diz, os nossos pais e avós, não tão habituados a este mundo – alerta-nos diariamente para a necessidade de não passar tanto tempo com «essas novas tecnologias». A questão que podemos colocar é se esta voz vai permanecer num contexto em que a geração anterior forma-se com este meio já integrado na vida quotidiana.

Tatiana Simões

(link da imagem)


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