A primeira publicação noticiosa conhecida em Portugal data de 1641 em Lisboa. Esta e as publicações que se seguiram eram inspiradas nas edições de outros países da Europa. Nesta altura a divulgação era reduzida devido ao preço, que era elevado, e ao baixo nível de alfabetização e desenvolvimento cultural.
Mas desde o seu aparecimento até à situação da imprensa no nosso país, foram necessárias algumas mudanças e um longo caminho a percorrer.
O interesse pelas notícias surge naturalmente durante períodos de tempo com alguma instabilidade na sociedade, a população necessita da informação para conseguir acompanhar tais mudanças. Assim, as publicações que dantes eram esporádicas e ocasionais, viram-se obrigadas a satisfazer a procura, desenvolvendo, assim, a imprensa periódica. Eram estas publicações que formavam a consciência dos portugueses e dos restantes europeus. O caso português, que não foge à regra, teve, por exemplo, em finais século XIV e inícios século XX, um crescimento abrupto no número de novas publicações. Devido à instabilidade causada pelas divergências políticas, os diferentes partidos serviram-se desta forma de comunicação quer para fazer propaganda quer para destruir rivais.
Para além do tema político, as artes, as ciências, a filosofia ocuparam um grande número de páginas. As elites intelectuais faziam questão de pertencer, ou colaborar nalguma publicação. Desta forma, ia sendo fomentada uma imprensa de ideias e debate. Por exemplo, muitas obras literárias eram publicadas não em livros, mas sim em publicações periódicas colectivas. É desta maneira que os folhetins e gazetas proliferavam. A esta razão alia-se outra, com o facto de haver tempo para o ócio, a leitura destas edições ofereciam momentos de descontracção e lazer. Mesmo para a população analfabeta, esta tinha acesso ao conteúdo dos jornais, folhetos e outros através de leituras públicas. Independente de certas notícias não terem fundamentos reais, eram apreciadas e envolviam toda a comunidade.
Esta realidade desapareceu, a prensa, actualmente, tem um carácter mais individualista. Surgiram os códigos de ética que regem as edições jornalísticas e que impõem a parcialidade. Proíbem qualquer tipo de artigo ou comentário pessoal e que venha a ser vantajoso para alguma entidade. Com isto, a imprensa deixou de ser usada como elo directo entre partidos políticos e público.
A variedade continua a ser grande, mas quanto a jornais generalistas, o número já é mais reduzido. Expandiu-se em géneros. Existem revistas e jornais de todos os temas de maneira a abranger a maioria dos consumidores. Com as fronteiras cada vez mais invisíveis, é também possível comprar edições de todos os cantos do mundo.
A imprensa, pela própria palavra, remete-nos para o papel, mas esta concepção está a mudar. O número de vendas tem vindo a diminuir e tudo por causa da internet. Já não há nenhum jornal que não tenha o seu espaço no mundo virtual. O ecrã tornou-se a nova folha de jornal. Por não se pagar pelo acesso ao site do periódico, alguns não têm a edição completa. O acesso é restrito, e só através de um pagamento é que é possível ler os artigos na íntegra. O jornal estando a ser apresentado num aparelho digital, é possível completar o corpo noticioso com vídeos, fotografias com melhor definição, música, etc. As empresas, que já antes aproveitavam para estampar a publicidade no papel, continuam a ter esta oportunidade, mas agora de uma forma mais interactiva. Há uma nova interactividade em todos os sentidos, por exemplo, de forma rápida e fácil, o leitor deixa um comentário, uma crítica a uma notícia ou a uma crónica.
O jornal papel e o jornal digital não estão a competir. Ambos têm o seu espaço. O jornal digital tem a força que tem por ter existido anteriormente o jornal papel. No jornal papel há referências à edição digital, para visionamento de vídeos ou para hiperligações relacionadas com o artigo. O contrário também acontece, mas serve para relembrar e evidenciar ofertas ou promoções do jornal papel.
A tendência é a de as edições de papel se extinguirem, mas a cultura do jornal papel ainda está para durar.
Joana da Costa Santos
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