Segundo Sherry Turkle, as tecnologias e o seu avanço provocaram em nós um desequilíbrio, a convicção de companhia constante. Esse desequilíbrio, chamemos-lhe assim, trata-se (não só, mas também) da nossa incapacidade de enfrentar a solidão, o medo de estar só. Essa incapacidade é camuflada pelo uso das redes sociais; a substituição dos amigos de “carne e osso” pelos amigos virtuais que nos transmitem conforto através de um simples “like” ou comentário, remete-nos para a ilusão de que não estamos sozinhos. Mas a realidade é outra e muitos dos adolescentes e mesmo adultos não a conseguem percecionar. “Juntos mas sozinhos”, formatados pelas tecnologias presentes em todos os espaços da sociedade, criam uma disfunção ao nível da fala, onde nos é possível percecionar as dificuldades que crianças/adolescentes, que contaminados pelas tecnologias, já não conseguem manter uma simples conversa, onde as perguntas se tornaram básicas e as respostas curtas, tal qual como nas mensagens de texto.
Discernindo sobre dois tipos de solidão, a solidão enquanto opção que é saudável, permite momentos de reflexão, de autoanálise, o entendimento de nós mesmos antes dos demais, o aceitar-se, permitir-se, o olhar para a vida de forma rica e harmoniosa; e solidão enquanto condição que traz infelicidade e que se repercute para doenças do foro psicológico.
Turkle alerta assim para a necessidade da solidão saudável, essencial ao ser humano, o “desligar da conexão” por instantes, para nos permitir-mos ao pensamento e consciencialização. As tecnologias devem ser encaradas como boas quando não substituem a nossa vida real e quando não interferem diretamente com aquilo que somos/queremos ser.
“Os grandes homens estão muitas vezes solitários. Mas essa solidão é parte da sua capacidade de criar. O caráter, assim como a fotografia, desenvolve-se no escuro.”
Yousuf Karsh
Ana Freitas Oliveira