É necessário antes de mais reconhecer que os média estão em constante evolução, eles não estagnam, compreendemos nesta lógica que alguns se aperfeiçoem, que alguns se integrem, se transformem ou simplesmente coexistam noutros… Outra ideia que é necessário compreender é a presença do meio em si próprio, quando ele é latente bem óbvio ou quando ele se encontra bem disfarçado quase não se dando por ele! É aqui que nos deparamos com os conceitos de remediação, hipermediacia, imediacia que nos são pela primeira vez apresentados por Jay David Bolter e Richard Grusin . A remediação consiste praticamente em reformar as formas de média anteriores como são os casos a seguir apresentados:
Fonografia para concerto
Pintura para fotografia
Teatro para cinema
Romance para cinema
Imprensa para hipertexto electrónico
Telefone para teleconferência.
Mcluhan afirma que o conteúdo de cada meio é sempre outro meio. Ex: o conteúdo da escrita é a fala / o conteúdo da imprensa é a escrita! Bolter e Grusin chamam remediação a essa mesma característica. O conteúdo do meio é representado noutro meio. Segundo Bolter e Grusin esta característica seria a principal dos novos média digitais. Como todos os média digitais funcionam numa relação dialéctica com os meios anteriores. Existem quatro tipos de remediação a saber:
a) Incorpora meios anteriores, procurando apagar a diferença, ex: digitalizando um livro preservando a sua estrutura e aparência originais.
b) Incorpora meios anteriores acentuando a diferença, ex: digitalizando imagens de cinema ou televisor e utilizando-as numa obra inteiramente digital.
c) Absorve inteiramente um meio anterior e minimiza as diferenças entre ambos, ex: um jogo de computador que permite os jogadores serem personagens de uma narrativa fílmica.
d) Incorpora outras formas oriundas do seu próprio meio, ex: um livro que incorpora elementos de outro livro.
A remediação tem em vista o melhoramento dos média que o precedem!
Existe ainda nesta genealogia dois tópicos importantes: a imediacia e a hipermediacia.
Hipermediacia – a mediação opera segundo a lógica da opacidade, isto é, o meio mostra-se e torna a sua presença visível – o meio enquanto superfície que expõe a sua materialidade própria. Os diferentes actos de representação são tornados visíveis multiplicando os sinais de mediação: o espaço visual de representação é visto como espaço mediado. Factores que favorecem a hipermediacia:
a) A multiplicidade de perspectivas.
b) Presença das marcas do pincel na superfície da tela, combinação de materiais, emancipação das cores e das formas relativamente ao código realista.
c) Presença do utilizador no próprio meio e dispositivos que centram interactividade.
d) Representações múltiplas dentro de janelas abertas no ecrã (texto, gráficos) e os vários elementos das aplicações (ícones, menus, barras de ferramentas) produzem um espaço heterogéneo.
Falta ainda falar da imediacia. A imediacia actua segundo a lógica da transparência, isto é, tenta esconder-se tornar-se invisível. O meio para além de si próprio que oculta a sua materialidade especifica por ex: o sistema de 3D . Tudo isto é com o intuito que o utilizador não se depare com o média mas logo com o conteúdo do mesmo.
Procedimentos que favorecem a imediacia:
a) Perspectiva linear.
b) Apagamento das marcas do pincel na superfície da tela, homogeneidade das superfícies, utilização mimética da cor e da luz.
c) Automatização da técnica da perspectiva linear (através do cinema, fotografia e televisão).
d) Invisibilidade das aplicações informáticas que são executadas aparentemente sem intervenção Humana.
PEDRO POLÓNIO
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