Arquivo de Março, 2010

O nosso futuro “Sexto Sentido”

O tradicional tema de os seres humanos possuírem um sexto sentido é normalmente muito explorado em filmes e livros. Dito por alguns como sendo um sentido que seria capaz de conceder-nos uma visão sobrenatural das coisas ou ainda um novo sentido que integraria os outros cinco para aumentar as nossas percepções a um nível extra-sensorial, nasceu assim a tecnologia mais simples e interactiva do futuro.

O MIT (Massachussets Institute of Technology) um dos maiores institutos de pesquisa científica do mundo apresentou uma inovação denominada “SixthSense” ou “Sexto Sentido”. Um dispositivo portátil que promete mudar a vida do homem do futuro.

A demonstração desta nova tecnologia foi apresentada pela primeira vez numa conferência do TED, que reúne grupos de todo o mundo das áreas de Tecnologia, Entretenimento e Design. Pranav Mistry, é o génio que implementou e desenhou o sistema do “Sexto Sentido” mas, foi Pattie Maes do MIT que apresentou a mais recente inovação.

Deixo-vos de seguida o vídeo dessa mesma apresentação para vocês perceberem que nova tecnologia é esta, como funciona e de que maneira vai revolucionar o nosso quotidiano.

Absolutamente incrível não acham? A visualização das potenciais aplicações que esta inovação terá na nossa rotina diária provocou-me um sentimento de espanto cada vez mais intenso conforme se desenrolava a exposição de Pattie Maes e, aposto que, com vocês aconteceu exactamente o mesmo.

Este novo dispositivo portátil com sensores usados nas mãos incrementam o mundo físico ao nosso redor com informações digitais, criando assim, uma enorme interacção com o nosso meio envolvente.

Por agora, o “Sexto Sentido” ainda está em fase de protótipo, porém os responsáveis pelo desenvolvimento do projecto alegam que a sua produção em massa é perfeitamente possível e inclusive com um custo relativamente baixo (algo como o valor de um telemóvel).

Márcia Oliveira

Televisão 3D

Ansiosos?

Eu também…

Marta Pinto Ângelo

Tim Burton, o mestre da imaginação!

Timothy Walter Burton, nascido em Burbank, a 25 de Agosto de 1958, é um cineasta americano com um gosto especial pelo lado sombrio.

Reconhecido pelos amantes deste mundo e respeitado pelos mesmos, as suas obras mostraram uma realidade diferente daquela que o mundo cor-de-rosa nos transmite.

Baseado na sua infância, onde se refugiava nos livros negros de Edgar Allan Poe e na personagem de Vicent Price, não foi de estranhar que a sua evolução para o cinema tivesse esses mesmos temas.

Apresenta-nos então ‘O Estranho mundo De Jack’, o mundo do Halloween, onde um esqueleto, Jack, farto da mesma monotonia, descobre outro mundo, o mundo do Natal e decide recriá-lo no seu próprio mundo.

É um estranho mundo, este mundo de Jack, mas apenas nos leva a pensar que nem todos somos iguais, mas não passamos da mesma matéria, todos temos as mesmas necessidades e satisfações, mesmo com aparências diferentes. O Jack aprendeu isso…

Adorado então pelo público, Tim Burton toma como seu protegido, Johnny Deep, que é avaliado como um dos melhores actores de todos os tempos, e especialmente indicando para filmes como os de Burton.

Com a evolução dos média, é impossível não acompanhar. E Tim Burton não alheio, revoluciona o mundo do cinema e da animação com o filme ‘Alice in Wonderland’.

Quem viu o filme em desenhos animados irá reconhecer muitas das personagens, estas com bastantes mudanças, adequadas também à mudança do mundo.

Este filme, em 3D, transportam-nos para um mundo surreal e real ao mesmo tempo.

Continuamos com a sensação que poderíamos estar ali, em Wonderland, pois o mundo dos sonhos também existe, e afinal é um filme de Tim Burton.

Na minha sincera opinião, mal posso esperar pelo próximo filme de Tim Burton a 3D, pois não só revolucionou o cinema, como o pensamento e o futuro.

Marta Pinto Ângelo

A luz eléctrica é invisível

” A luz eléctrica é invisível, nós nem damos por ela… ” Esta frase foi dita pelo professor na aula do dia vinte e três de Março do presente ano. Recordo-me desta frase porque ela me despertou. Apontei-a no caderno e fiquei a reflectir. Claro que isto é uma antítese. Como é que a luz pode ser invisível? Mas a verdade é que a frase faz todo o sentido. A invisibilidade da luz não é utilizada ao pé da letra. Não é que a luz seja invisível, claro, simplesmente já estamos habituados à sua presença. A luz está no nosso dia-a-dia com uma presença tão forte que nem nos apercebemos que muitos, ou melhor, a maioria dos instrumentos que utilizamos no nosso dia só funcionam graças à luz eléctrica.

Não me recordo felizmente de ter ficado sem luz, pelo menos, não fiquei sem luz o tempo necessário para lhe dar o devido valor. No entanto, não consigo sequer imaginar a vida sem electrecidade. O telemóvel, o computador, a televisão, o secador de cabelo, o microondas, o frigorífico, a máquina de café, o leitor de dvd, são apenas alguns exemplos de instrumentos fundamentais no nosso quotidiano que directa ou indirectamente precisam de luz eléctrica para funcionar. Tudo isto sem falarmos na luz que precisamos para iluminar as nossas casas, as ruas, estradas, enfim, uma infinidade de locais iluminados onde passamos, ou estamos diáriamente sem nos apercebermos que a luz é o elemento fundamental.

Quando Thomas Edison construiu a primeira lâmpada incandescente, não imaginou que o mundo fosse ficar tão dependente da sua invenção. Todo este mundo virado para a tecnologia é um escravo da luz eléctrica. Por consequência, todos nós que nos deixámos envolver por esta rede infindável de tecnologias cada vez mais avançadas, somos igualmente dependentes da luz. E tudo isto não é um problema. A luz eléctrica não é um problema, pelo contrário, a luz eléctrica é uma solução. O problema, no meu ponto de vista, é o facto de nós não termos consciência do quanto ela ( luz eléctrica)  é fundamental para nós. É neste contexto que o professor referiu que a luz eléctrica é invisível. Uma frase em que vale a pena reflectir.

Ana Filipa Fonte

Alice in Wonderland em 3D

Em, “Alice in Wonderland”, Johnny Depp é o Chapeleiro Louco e Mia Wasikowska a Alice de 19 anos de idade, que regressa ao excêntrico mundo que encontrou pela primeira vez quando era criança reunindo-se assim com os seus amigos de infância: o Coelho Branco, Tweedledee e Tweedledum, a Ratazana, a Lagarta, o Gato Cheshire. Neste filme, Alice embarca numa fantástica viagem para encontrar o seu verdadeiro destino e acabar com o reino de terror da Rainha Vermelha. Realizado por Tim Burton para a Disney, foi filmado para projecção a 3 dimensões com uma fusão de imagens reais e animações foto-realistas. Esta longa-metragem vem na sequência do filme original (realizado por Cecil Hepworh). Apresenta uma banda sonora baseada na história e inspirada na personagem principal, Alice.

Nesta película, o efeito 3D envolve o espectador no meio. Porém, este não desaparece porque é necessário utilizar óculos para conseguir visualizar os efeitos. A colocação de óculos para ver efeitos em 3D, retira o objectivo da imediação, isto é, o meio não desaparece. Assim sendo, a hipermediacia encontra-se superiormente ligada ao filme, porque sendo um filme basicamente em 3D, o estilo de representação visual lembra ao espectador o meio que ele usa para ver.

Milton Batista

“Nintendo 3DS” – Sem óculos especiais

O gigante japonês dos jogos de vídeo, Nintendo, anunciou o lançamento dentro de um ano de uma nova consola com imagens em três dimensões (3-D), que não necessita de recurso a óculos especiais.

Esta consola, provisoriamente baptizada como Nintendo 3DS será “a nova máquina de jogos portátil que sucederá à série Nintendo DS” da qual foram vendidos 125 milhões de exemplares em todo o mundo desde 2004.

A empresa japonesa mencionou ainda que o novo portátil será totalmente compatível com os jogos de modelos anteriores, logo, este novo “brinquedo” será capaz de visualizar não só jogos em três dimensões como também os mais antigos.

A nova consola será equipada com um ecrã de 4 polegadas (10,2 cm) de diagonal, ligeiramente mais pequeno que o da DSi. Terá também um joystick que permite deslocações em três dimensões, e um mecanismo de retrocesso que permitirá ao jogador, por exemplo, sentir fisicamente uma colisão de um personagem.

Quanto a preços, o grupo ainda não adianta valores mas sublinha que vai revelar mais pormenores durante a Feira Internacional de Vídeo Jogos dia 15 de Junho em Los Angeles.

Parece que a imediacia será, com esta nova tecnologia mais fácil de ocorrer pois, com a ausência dos tais óculos especiais para nos lembrarem que existe um “obstáculo” entre a ficção e a realidade é mais fácil nos esquecermos da presença do meio e, consequentemente, acreditarmos que estamos verdadeiramente dentro do jogo e vivermos todas as peripécias como se fossem reais.

Márcia Oliveira

O meio é a mensagem

Em todas as artes digitais ou não digitais, percebemos que o meio desempenha um papel importante. Ele é que cria a nossa imaginação e que nos dá informações indispensáveis para o decorrer da história. O meio ou espaço dá-nos a noção do tempo, da acção, da paisagem, entre outros pormenores importantes para o entender da história.

Nos livros, a descrição do espaço onde a história é relevante, é importante para nós mesmo imaginarmos esse “mundo” , mesmo que seja a partir de algumas palavras. Mas esse mundo que imaginamos é relativo, porque o espaço que imagino certamente é diferente da visão de outra pessoa. Já na fotografia a revelação do espaço só é uma e dá-nos a informação de maneira real e precisa, de maneira que a nossa imaginação aqui é irrelevante. O mesmo acontece com o teatro onde somos nós mesmos que presenciamos o espaço e o tempo, e todo o cenário, dá-nos os dados necessários. Na pintura as representações tentam se aproximar do real o mais possível, no entanto, nunca chegará a ser realmente real, pois para isso demoraria anos até que o pintor conseguisse captar todos os pormenores existentes do real num só quadro. Já no caso do cinema, esta é talvez a arte que nos dá o meio com mais pormenores e precisão, dando a ilusão do real. É precisamente este o objectivo, atingir o máximo de real possível, de maneira a que os espectadores acreditem que a história é real e comentem o filme durante dias até o esquecerem. No caso dos filmes em 3 dimensões, o real é cada vez mais perceptível. E mesmo que a história seja impossível como no caso de “Avatar”, nós somos imediatamente presos pelo mundo ficcional criado e todos os efeitos especiais utilizados.

 Nós somos desta forma, influenciados pelo espaço que decorre numa acção, seja ele em que arte se inserir; o meio é a mensagem, pois sem ele nunca entenderíamos onde é que a  história se desenvolve. E certamente não seria tão credível para nós, mas sim insignificante.

                                                                                                                                                                        Juliana Alves

A Land full of Wonder

“Alice no país das Maravilhas” é considerada uma obra clássica da literatura inglesa, escrita por Lewis Carroll que nos conta a história de uma menina, Alice, que cai numa toca de coelho e vai parar a um lugar fantástico onde vivem criaturas antropomórficas.

Com imenso sucesso, esta obra de literatura inglesa foi das que teve mais adaptações na história do teatro, cinema e TV.

A primeira adaptação para cinema foi um filme de fantasia, curto e mudo do Reino Unido que estreou a 17 de Outubro de 1903 nos Estados Unidos, e realizado por Cecil Hepworh.

Mais tarde, outra adaptação foi feita para cinema e em 1951 estreou “Alice no País das Maravilhas”, desta vez um filme de animação e de longa-metragem, um clássico produzido pelos estúdios da Disney. O filme recebeu a indicação ao prémio “Óscar de Melhor Trilha Sonora” e foi indicado ao “Leão de Ouro” no Festival de Veneza.

Passados 57 anos, Tim Burton começa a rodar em Maio de 2008 uma nova adaptação. O filme estreou a 5 de Março de 2010 nos Estados Unidos e é uma espécie de sequência do original. Alice tem agora 19 anos e está numa festa em Oxford, onde vive, estando prestes a ser pedida em casamento. Desesperada, foge e quando vê um coelho branco segue-o e vai parar ao País das Maravilhas, um lugar que já tinha visitado há treze anos mas que não se lembrava.

Quem vê os três filmes, nota que, há medida que o tempo passou o espectador torna-se cada vez mais envolvido no meio. No entanto o meio na última adaptação de Tim Burton não desaparece, porque apesar de nos envolver com o efeito em 3D ainda precisamos de uns óculos para conseguir o efeito. Usar óculos escuros no cinema não é uma coisa a que estamos habituados e por conseguinte o objectivo da imediação (o meio desaparecer) não é alcançado. Assim estamos perante a hipermediação porque em vez de estarmos  a olhar através de algo estamos a olhar para ela, ou seja, se tirarmos os óculos a imagem fica desfocada e deixamos de ter  a sensação que estamos dentro da história.

Beatriz Reis Santos

Dependente ou não dos recursos?

” Quem é que conseguia viver sem electricidade”?…

Dia 27 de Fevereiro, sábado à tarde, eu e a minha irmã ficámos sem electricidade em casa devido ao mau tempo que se fazia sentir nos últimos dias. Estava a secar o meu cabelo que acabou por ficar meio seco. A minha irmã entrou em pânico. Tinha de tomar banho para ir lanchar com os amigos. Mas não havia água quente. Sentei-me no sofá, sem televisão, pensei ir para a internet. UPS, também não tinha internet. Comecei a ficar desesperada. A minha irmã liga à minha avó para saber se tinham electricidade e se podia ir tomar o seu banho. A minha avó tinha electricidade em casa. Mas… o carro estava na garagem, o portão eléctrico sem energia não dá para abrir. Desespero outra vez. Ia fazer um chá para nos acalmarmos mas a cafeteira eléctrica também não funcionava. O meu telemóvel começou a dar sinal de bateria fraca. Também não o podia carregar. O caos instalou-se em minha casa. Começou a escurecer, acenderam-se as velas. Por volta das 8 horas, finalmente, a electricidade fez-se sentir. De um momento para o outro toda a casa se iluminou, até parece, até parece não, de facto tínhamos andado de interruptor em interruptor mesmo sem energia eléctrica, o som surgiu de várias formas, televisão, computador, cafeteira eléctrica, máquinas de café, louça, roupa, estores eléctricos a subir e a descer. Agora reflicto… afinal quem dá vida ao ambiente, nós as pessoas ou as coisas que nos rodeiam? Seremos nós, quero eu continuar acreditar.

Já podia acabar de secar o cabelo, estar na internet, ver televisão ou apenas ligá-la e fazer dela a minha companhia. A minha irmã já podia tomar o seu banho e sair com o carro. Eu rendi-me ao desgaste e adormeci. Realmente, sem electricidade parecia que não podia fazer nada, que o mundo tinha parado. Sem energia eléctrica ficamos nós, também, sem energia. É a dependência dos recursos, afinal poderia ter saído e fazer uma caminhada ainda que com galochas e gabardina ou, então, mais confortável, acender a vela e tirar um livro da estante. Mas não! Rendi-me ao facto de que sem energia também eu fico “off”. Com este pequeno exemplo posso concluir que não, eu não conseguia viver sem electricidade.

Sara Reis Araújo

A cultura digital e os novos média

Reflectindo sobre os novos média, queria dizer que nem tudo sempre se trata de avanços tecnológicos. É bastante importante ter em claro o que eles trouxeram de novo para as novas sociedades e quais as suas consequências. Podemos hoje em dia ter a possibilidade de comunicar, representar, manipular e explorar de uma forma como há cem anos não se imaginava. A nossa cultura e as nossas vidas são hoje muito diferentes do que eram antes, fazendo parte de um fenómeno chamado revolução digital. É surpreendente como as ideias de um senhor nos anos 60, chamado Marshall Mcluhan, sobre “Global Village”, “Gutenberg Galaxy”, “Medium is the Message/Massage”, fazem hoje mais sentido que nunca, fazendo dele um profeta da mediatização.

Com a emergência da tecnologia digital e do uso individual do computador, o mundo têm-se vindo a alterar de forma muito rápida. Nunca na história do ser humano num tão curto espaço de tempo existiram tão rápidas e dramáticas transformações sociais e culturais como agora. Dia após dia novas ideias, teorias, máquinas são inventadas ou imaginadas.

Voltando aos efeitos da era digital, podemos com os novos média estar em contacto com pessoas ou eventos a nível internacional com uma frequência e rapidez que não se imaginave na era analógica. Aqui faço mais uma alusão à importância do conceito de “Global Village” de Mcluhan e ao crescente processo de globalização que se traduz pela combinação de forças económicas, socio-culturais, tecnológicas, políticas pelas quais as pessoas deste mundo estão conectadas.

No entanto, o que não falta são críticas e diferentes opiniões que esta cultura digital pode trazer. Alguns crêem que agora vivemos dentro de um mundo com maior diversidade cultural, onde podemos através dos novos média participar e dar mais as nossas opiniões ou ter acesso a qualquer tipo de conhecimento. Por outro lado, é também dito que esta forma de cultura ainda pode vir a tornar o ser humano mais desigual. Nos países menos desenvolvidos está mais que visto que são poucos os que têm acesso a estas novas tecnologias. Nos países desenvolvidos, os jovens cada vez mais possuem uma quantidade de informação desnecessária e fútil, tornam-se mais comodistas, consumistas e preguiçosos.

Pedro J. Chau

De “o meio é a mensagem” até à “aldeia global”

As duas obras mais importantes de Marshal McLuhan são fundamentais para entendermos a sua teoria relativamente ao estudo dos média. Na sua principal obra “The Gutenberg Galaxi” (1962) McLuhan faz uma análise dos efeitos e evolução dos média, onde mostra o modo como a escrita altera a cultura (por exemplo, a mecanização da escrita na imprensa).

Na obra “Understanding Media” (1964) procura estabelecer as características dos vários média (por exemplo da escrita, da imprensa, da fotografia, do telégrafo, do telefone, do cinema, da rádio, da televisão, entre outros). McLuhan defende a tecnologia electrónica como uma extensão do sistema nervoso central, ou seja redefine a tecnologia dos média como uma extensão da consciência humana. Os média enquanto extensões das faculdades humanas (dos nossos sentidos e do nosso corpo) proporcionam consequências culturais e sociais, uma vez que modificam a forma como o ser humano age e pensa.

Marshall McLuhan defende uma teoria global dos média “o meio é a mensagem” porque o meio determina a forma e o conteúdo que a mensagem pode ter, o meio não é um mero canal por onde a mensagem passa: “o que determina a natureza de uma sociedade não é tanto o conteúdo mas o meio”. Por exemplo quando se cria a escrita forma-se uma relação mais individual com a linguagem, que por sua vez cria a racionalidade (a imprensa intensifica todas as relações culturais que a escrita foi proporcionando).

Então o que significa dizer “o meio é a mensagem”? As práticas que um determinado meio implicam são determinadas pela introdução do próprio meio. Por exemplo, as práticas da escrita eram diferentes até à introdução da máquina de escrever. Os escritores não têm a mesma relação com a língua quando escrevem à mão e quando escrevem à máquina, uma vez que a máquina de escrever permite organizar a escrita na página de maneira diferente e cria uma nova consciencialização da própria escrita. O conteúdo de um meio é sempre outro meio.

Para McLuhan, os meios electrónicos “retribalizam” a humanidade, porque dão importância à interactividade e à comunicação, ou seja, valorizam de uma nova maneira as relações sociais. Isto significa a emergência da “aldeia global” onde cada pessoa pode comunicar directamente com outra (valorização da oralidade).

Portanto na teoria de Marshall McLuhan, os meios de comunicação não são neutros, pois determinam os próprios conteúdos da mensagem e influenciam as práticas sociais e culturais, e a organização social. É o meio que dá forma e controla a escala de acção humana (por exemplo, na introdução do automóvel há uma série de práticas que se desenvolvem e modificam o meio, as nossas actividades).

Mónica Lima

simplificar=dificultar?

 

Ainda há pouco tempo fui ver uma peça de teatro, no teatro académico gil vicente, intitulada~“concerto à lá carte”, protagonizada por ana bustorff. Tratava-se de um monólogo gestual, sem falas, onde o silêncio,também por parte do público, imperava. A solidão e, consequentemente, todo um conjunto de rituais que a personagem executava para, de alguma forma, “aniquilar” todo este sofrimento, fazem parte da acção principal da narrativa.

Era uma peça extremamente minuciosa e perfeitamente perceptivel a qualquer espectador com gosto e com um grande sentido de compreensão teatral. A verdade é que fiquei abismada com a quantidade de criticas negativas que ouvi, durante, e no fim do espectaculo! Uns defendiam a ideia de que esta peça não fazia qualquer sentido, principamente por ser muda. Outros afirmavam ter sido uma das melhores peças de teatro que viram até agora pois é muito mais complicado representar sem falas, uma vez que com falas se pode improvisar, do que representar como ana bustorff fez, gesticulando e apresentando acções que, com o minimo deslize, tornavam esta peça inperceptivel.

A questão que, com isto, quero salientar é: será que simplificando as coisas, estas se tornam mais dificeis? Ora vejamos no campo do cinema. Uma das questões que está mais em voga é exactamente a distinção entre o cinema convencional e o chamado formato 3D. Se assistirmos a um filme de hitchcock de 1950, por exemplo, verificamos que a caracterização das personagens é mais simples, a representação das mesmas ainda é um bocado teatral, os movimentos de camara assim como a relação campo/contra campo são diferentes daquelas que vemos hoje. Diria até que são muito mais simplistas mas, ao contrário do que se pode pensar, a percepção, por parte do público, vai ser muito mais dificil. Já num filme em 3D, a situação inverte-se. Há um campo tecnológicamente avançado, o som é muito mais real, assim como a caracterização das personagens e a aproximação do real através de manipulação tecnológica, são técnicas extremamente complexas mas, no entanto, é muito mais perceptivel,(para a maior parte das pessoas). Actualmente existe uma necessidade de fazer mais e melhor(a questão do melhor é discutivel). A inovação e a concretização de práticas consideradas impossiveis e improváveis é o objectivo das massas contemporaneas. Apostar na evolução tecnológica, assim como o AVATAR, em vez de retirar de uma pelicula a sua verdadeira essencia a partir da sua história, como o cinema convencional faz, é exactamente aquilo que a industria cinematográfica pretende atingir.

Joana Luciano

Será o 3-D uma maravilha tal como o País da Alice de Tim Burton?

Nos últimos anos, com o surgimento dos filmes em 3-D, os cineastas podem enganar melhor os nossos olhos como se estivéssemos a ver o filme através de uma janela entre o mundo real e a ficção. Mas, não é assim tão simples, tudo depende de ilusões de óptica para criar cenas com profundidade ou objectos que parecem saltar da tela do cinema.

E, é exactamente esse o objectivo do mais recente filme do realizador norte-americano Timothy Walter Burton. Alice in Worderland” foi um dos filmes mais aguardados e mais falados dos últimos tempos. Logo na semana de lançamento nos Estados Unidos da América, o filme foi considerado o mais visto e o que mais facturou no país, conseguindo assim ultrapassar o até então campeão de bilheteiras, “Avatar”. Segundo o Instituto do Cinema e do Audovisual (ICA), em Portugal o filme também liderou as salas de cinema, batendo mesmo recordes com 129.816 espectadores logo nos primeiros quatro dias de exibição.

Sendo assim, só podemos concluir que o filme é, sem dúvida, um sucesso. Talvez sim, mas, para mim, nem por isso.

“Alice no País das Maravilhas” é realmente um clássico e, talvez por isso, não tenha sido uma total desilusão para mim. Não vou mentir, existem pormenores indiscutíveis no filme que sem dúvida me fascinaram, a fotografia, as imagens, a caracterização, o guarda-roupa, os cenários, as interpretações de alguns actores, é tudo muito bom mas, na minha opinião, o argumento fica muito aquém das expectativas. Carecia de um grande trabalho de aprofundamento das pistas lançadas por Lewis Carrol no seu livro homónimo e, o que constatamos, é que isso seria possível se tivesse havido um verdadeiro interesse em contar uma boa história e não somente fazer um filme bonito.

Mesmo assim, penso que o 3-D trouxe benefícios ao filme. A tecnologia estava bem feita e existia uma certa magia que nos envolvia para aquele “país maravilha”.

Qualquer representação gráfica de um objecto apresenta-se em duas dimensões, 2D (altura e largura) mas, com o auxílio de óculos especiais que transmitem uma imagem diferente para cada olho alterando o ângulo de cada um deles e, fazendo com que o cérebro crie a ilusão de profundidade ou com o auxílio da computação gráfica entre outros recursos, pode-se fazer com que a figura dê a impressão de apresentar também profundidade, o que dá maior semelhança com o objecto representado.

No vídeo que aqui deixo podes conhecer um pouco melhor a maneira como este tipo de filmes são produzidos:

A tecnologia 3-D utiliza o sistema de polarização, ou seja, possui lentes polarizadas que filtram apenas ondas de luz que são alinhadas na mesma direcção. Num par de óculos 3-D, cada lente é polarizada de forma diferente e o ecrã do cinema é especialmente desenvolvido para manter a polarização correcta quando a luz do projector é reflectida. Por isso é que as imagens ficam um pouco embaciadas quando vistas sem os óculos.

Pena que devido a estes mesmos acessórios não consigamos entrar inteiramente na magia de um filme em 3-D pois é através deles que nos apercebemos do que é real e do que não é, ou seja, é com eles que nós temos noção do meio que nos envolve.

Os autores Jay David Bolter e Richard Grusin têm uma teoria sobre a mediação na idade digital. Bolter e Grusin argumentam que os novos media encontram significado cultural precisamente porque prestam homenagem e renovam os media anteriores como a pintura, a fotografia, o filme e a televisão. Ao processo de renovação, eles chamam “remediação”, referindo que os media anteriores se renovaram face aos media ainda mais antigos, por exemplo: a fotografia remediou a pintura, o filme remediou a fotografia, a televisão remediou o filme, o teatro de revista e a rádio. Ou seja, é como o processo “antropotrópico” definido por Paul Levinson, “as novas tecnologias dos media tornam melhores ou rectificam as tecnologias anteriores”. Ao lado da imediacia e da hipermediacia, a remediação é um dos três elementos da genealogia dos novos media.

A hipermediacia é “o estilo de representação visual cujo objectivo é lembrar ao espectador o meio que ele usa para ver.” Já a imediacia é “o estilo de representação visual cujo objectivo é fazer esquecer ao espectador a presença do meio (tela, filme fotográfico, cinema, etc.) e acreditar que ele está na presença de objectos de representação.”

Todos estes três elementos são bastante notórios no filme “Alice in Wonderland”. A remediação está presente não só por ser um filme em 3-D mas também por ser uma adaptação do clássico de Lewis Carrol, “Alice’s Adventures in Wonderland”, uma obra clássica da literatura inglesa. (Percebe-se aqui perfeitamente a tal melhoria das tecnologias anteriores que Bolter e Grusin falam.)

A hipermediacidade também é visível no filme de Tim Burton devido a um aspecto que eu já mencionei que são os tais óculos especiais que nos dão o poder de entrar num mundo que não é o nosso, que não é real.

A imediacia também está presente, segundo a sua lógica da transparência, o meio esconde-se e torna-se invisível. Ou seja, é a sensação de estarmos dentro do próprio filme e vivermos todas as peripécias envolvidas.

Tal como já tinha dito, a tecnologia 3-D foi realmente bem conseguida e interessante neste filme. Mesmo assim, continuo a ser apologista dos bons argumentos, das histórias sólidas e que me surpreendam não só em termos estéticos mas também em termos de originalidade e inteligência. “Alice in Wonderland” não é mau mas a verdade é que poderia ser bem melhor.

Márcia Oliveira

A máquina como extensão da mente

There is no way I want to stay a mere human.

– Kevin Warwick

Os mais desenvolvidos sistemas electrónicos da actualidade não chegam ainda a processar 20 mil instruções por segundo; o cérebro humano ronda as 100 milhões. Enquanto algumas pessoas vêem este facto como surpreendente e prova da superioridade humana, outras vêem-no como um desperdício de potencial.

Kevin Warwick é um dos mais famosos cientistas da actualidade, com um vasto trabalho que engloba áreas como a matemática, a robótica, e a inteligência artificial. No entanto, a sua reputação fora da comunidade científica deve-se principalmente à sua tentativa de unificar o homem e a máquina.

Em 1998, no seu Project Cyborg 1.0, começou por implantar um chip no seu braço, transmitindo-lhe sinais para averiguar a tolerância do corpo humano a estímulos electrónicos externos. Com o sucesso da experiência, o próximo passo foi implantar outro chip no seu sistema nervoso. Com ele, Warwick conseguiu fazer um braço robótico mover-se da mesma forma que o seu próprio braço, de forma automática. Mais tarde, ligou o seu chip à internet para controlar outro braço robótico a milhares de quilómetros de distância. Mais ainda, conseguiu “sentir” sempre que alguém tocava nesse braço. Em 2004, implantou um chip no sistema nervoso da sua esposa, criando assim a primeira comunicação totalmente electrónica entre 2 seres humanos, ainda que primitiva. Um dos seus objectivos a longo prazo é criar um sistema que permita a comunicação telepática.

Ainda que para algumas pessoas a ideia de implantar chips seja mera ficção científica, Kevin Warwick , que actualmente se encontra a produzir chips que ajudem doentes com Parkinson, refere várias aplicações que poderão melhorar a nossa vida: percepção extra-sensorial (desde infravermelhos a ondas sonoras), comunicação à distância sem a utilização de aparelhos electrónicos externos, downloads de informação directamente para o nosso cérebro, ou o controlo de membros robóticos por parte de paraplégicos.

Chega até a dizer que a implantação destes chips não é uma utilidade, mas sim uma necessidade. Cientistas como Bill Gates ou Hans Moravec acreditam que nos próximos 30-40 anos comecem a surgir máquinas com uma inteligência igual à nossa, e que essa máquinas comecem a construir outras superiores a elas mesmas. Warwick receia que estas máquinas concluam que a raça humana se tornou inútil e decidam eliminar-nos. A solução, para ele, é unirmo-nos a elas.

Daniel Sampaio

Renderman

Renderman Interface Specification foi o nome utilizado para o programa dos estúdios da Pixar, na resposta à evolução tecnológica digital na animação.
Com a divisão da Lucasfilms, a Graphics Group que em 1986 acabaria comprada por Steve Jobs (co-fundador da Apple Inc), por 10 milhões de Dólares, ter-lhe-á mudado o nome para Pixar que tem origem espanhola e significará ”fazer pixels”. Cria a Pixar image computer e o CAPS, software que permite uma fácil coloração a computador da tradicional animação. Contudo o seu sucesso foi escasso e em 1991, após demissões em massa, assina um contrato com a Disney de 26 milhões de dólares em troca de 3 longas metragens animadas. O sucesso de Toy Story – Os Rivais (1995) foi tal que ambas as companhias assinaram um outro contrato de 10 anos ou 5 filmes onde ambas dividem custos e lucros de produção. Mas após diversos desentendimentos tanto pessoais como profissionais entre Jobs e Michael Eisner (Disney), estes, ditariam que Cars (2006) seria o último trabalho de união das duas companhias. Porém em Janeiro de 2006 um novo acordo é estabelecido tendo a Disney comprado a Pixar por 7,4 bilhões de dólares, tornando Jobs o maior accionista da Disney.
Tal como o nome indica, ” renderização do homem” é a tentativa de representação objectiva do real mas em animação 3-D, criando aquele efeito de profundidade que até a data não era possível. Renderman foi de tal modo inovador que permite aos seus utilizadores uma noção de quantidade, movimento, profundidade, brilho, entre outros, directamente através da imagem real de uma câmera, com opções de controlo literalmente instantâneas.
Um exelente exemplo disso é a facilidade na renderização de pêlo e cabelo. O primeiro caso foi o de Sulley em Monstros e Companhia onde o peludo monstro contava com 2.320.413 pêlos animados que com o uso de Renderman DSO (Dynamically Shared Object) distribui o cabelo por toda a personagem que lê a informação prestada pelo simulador e lhe atribúi uma espécie de ”pele”, que é chamada de ”builder” que é nada mais nada menos que toda a informação sobre cada um dos pêlos na qual se inclui cor, tamanho, movimento e outras caracteristicas unicas.
O sucesso do programa é tal que nos últimos anos a Pixar encarregou-se da remasterização de vários clássicos do cinema tais como O Abismo (1989) ou Exterminador Implacável II (1991)…

A influencia da era electrónica na Música

Visto que quando estudamos arte a primeira coisa a ter em conta é o contexto social em que ela surgiu, podemos arriscar dizer que é o meio abrangente que a cria. Com o boom tecnológico, novas formas de arte surgiram, não só pelos novos meios, mas também devido a novas formas de comunicação.

Especificamente na música, a era electrónica veio mudar radicalmente toda a sua concepção. O primeiro instrumento electrónico a ser criado foi o theremin. Duas antenas que captam a capacidade das mãos do instrumentista, como se fossem condensadores, são as responsáveis pela variação das frequências e do volume obtidos. Este instrumento, inventado nos anos 20, é a base de toda a tecnologia que vai mudar para sempre o rumo da música.

Provavelmente, o instrumento mais popular do nosso século é a guitarra eléctrica. Como o próprio nome indica, o instrumento está dependente da electricidade para funcionar. Quando surgiu, não foi criada para soar como estamos acostumados a ouvir. O objectivo era só aumentar o volume do instrumento, mas com mais avanços tecnológicos, foram criados novos meios para alterar a forma da onda da frequência produzida, o que deu origem a novos sons. Estes novos sons deram origem a novas músicas o que por sua vez originou novos estilos.

Se estivermos atentos, podemos ver uma evolução cronológica paralela entre a tecnologia e a música. Os anos 80 da música foram dos mais marcados pelas descobertas electrónicas. Talvez se explique o exagero de efeitos pela contemporaneidade das descobertas.

No nosso século, os avanços tecnológicos são notáveis de dia para dia. Como é óbvio, a música vai mais uma vez aproveitar tudo o que a tecnologia lhe pode dar como se vê no vídeo seguinte.

                                                                                                                   

                                                                                                                 Emanuel Taborda

Evolução, jornal electrónico

Um jornal de papel, mas sem papel. Um jornal electrónico, mas com o formato habitual do jornal impresso e que se pode levar para todo o lado.

Uma empresa britânica, em colaboração com a universidade de Cambridge, criou um e-jornal, que consiste num ecrã portátil, do tamanho de uma folha A4, leve, fino e em constante actualização.
Utiliza a mesma tecnologia que o Sony eReader e o Kindle da Amazon.com e pode ser continuamente actualizado via wireless, armazenar e mostrar centenas de páginas de jornal, livros e documentos.

Os jornais analisaram a tecnologia de perto durante anos. O formato ideal, uma tela flexível que poderia ser enrolada ou dobrada como qualquer outro jornal, ainda está a anos de distância, diz a E Ink. Mas os já previstos monitores a cores com imagens que se movimentam e banners interactivos e que podem ser clicados deverão existir em poucos anos, garante a empresa. «Em 2010, nós vamos produzir uma versão do monitor que poderá oferecer as cores do jornal», adiantou um responsável da E Ink.

O dispositivo electrónico permite reduzir os preços de produção do jornal. Além disso, os editores podem saber quem está a ler os artigos e quais artigos estão a ser lidos. Os anunciantes podem ainda saber qual é o seu público e direccionar seus produtos para os consumidores. A grande questão é saber quanto as pessoas irão pagar pelo aparelho e pelo serviço de assinatura.

Neste artigo, está presente a “remediação” de David Bolter e Richard Grusin. Esta remediação é um processo através do qual as novas tecnologias tentam melhorar ou voltar a mediar (re + mediar) as invenções anteriores. Remediar é transpor a informação para outro meio… neste caso, do papel para o dispositivo electrónico verifica-se uma transformação, transformação esta que passa a conter características do novo meio.

Em “Understanding Media”, Marshall McLuhan observou que o conteúdo de qualquer meio é sempre outro meio. O conteúdo da escrita é a fala, assim como a palavra escrita é o conteúdo da impressão e a impressão o conteúdo do telégrafo. Tal como os seus exemplos sugerem, McLuhan não estava a pensar numa nova proposta, mas num tipo mais complexo de “empréstimo” no qual um meio é incorporado ou representado noutro meio.

O meio original é re-apresentado em forma digital, sem aparente ironia ou crítica. A versão electrónica possibilita o acesso ao meio original e torna-se “invisível” para que o leitor estabeleça a mesma relação com o conteúdo como quando recorria a esse mesmo meio (conceito de “imediação”). Contudo, para além de textos, gráficos e fotografias, contém ainda recursos de vídeo. As melhorias são evidentes (“hipermediação”), mas o meio original não pode ser eliminado, pois os outros meios dependem dele para a evolução.

Sara Godinho

A Web “é” o Meio e a Mensagem

Quem não conhece a célebre frase de Marshall McLuhan: O Meio é a Mensagem?

Esta expressão e, passo a citar a professora Olga Pombo , “trata-se de uma formulação excessiva pela qual o autor pretende sublinhar que o meio, geralmente pensado como simples canal de passagem do conteúdo comunicativo, mero veículo de transmissão da mensagem, é um elemento determinante da comunicação. Enquanto suporte material da comunicação, o meio tende a ser definido como transparente, inócuo, incapaz de determinar positivamente os conteúdos comunicativos que veicula. A sua única incidência no processo comunicativo seria negativa, causa possível de ruído ou obstrução na veiculação da mensagem. Pelo contrário, McLuhan chama a atenção para o facto de uma mensagem proferida oralmente ou por escrito, transmitida pela rádio ou pela televisão, pôr em jogo, em cada caso, diferentes estruturas.” McLuhan defendia que um determinado meio iria ser o conteúdo de um novo meio, ou seja, o meio como o seu próprio conteúdo. Por exemplo, o conteúdo do telégrafo é a imprensa, da imprensa é a escrita, da escrita é a fala e da fala o telefone.

Na sua teoria, McLuhan considera também que as tecnologias de comunicação modificam o modo como os seres humanos pensam, ou seja, os media determinam a forma e a natureza humana.

Os pensamentos deste autor deixaram-me curiosa e realmente ao pensar em todas as questões que ele levanta basta olharmos um pouco para a nossa sociedade e para a realidade em que vivemos e dar-lhe razão.

A Web é, por excelência, o meio multimédia. A sua capacidade para integrar textos, fotos, vídeos, sons ou infografias é uma das razões que justificam o enorme sucesso deste meio junto dos utilizadores.

Alguns trabalhos de investigação em meios tradicionais demonstram que os índices de compreensão e recordação na imprensa são mais altos do que em notícias de rádio e televisão. Investigadores posteriores no campo da informação online indicaram que a redundância de conteúdos aumenta os índices de compreensão e de recordação. Como tal, sem dúvida, que as quatro vantagens que João Canavilhas, especialista em ciberjornalismo, identifica nas publicações Web fazem a diferença. “Imediaticidade, distribuição global, baixo custo e natureza arquivista. Destacando-se outras características como a hipertextualidade, a interactividade e a multimedialidade.”

A hipertextualidade (possibilidade de ligar blocos/nós de informação com links) oferece a sensação de controlo, algo que tem reflexos na satisfação e na percepção da credibilidade de um site; a multimedialidade (capacidade dos referidos blocos de informação incluírem conteúdos de várias naturezas, como vídeo ou áudio) tem influências nos índices de compreensão e satisfação dos usuários. Já a interactividade (possibilidade de interagir com o conteúdo) associada à hipertextualidade, parece influenciar a recepção de notícias, ao melhorar a recordação de conteúdos.

McLhuan faz também referência à hipertextualidade pois introduz uma nova variável – a leitura linear. “Mas o sucesso desta escrita depende da capacidade de resolução de um conflito entre os mundos analógico e digital: o contraste entre a linearidade do alfabeto, cujo formato A-Z impôs uma lógica de leitura linear, e a natureza digital dos computadores que organizam e recuperam dados em diferentes partes do disco de forma não linear.”

“Over the past few years I’ve had an uncomfortable sense that someone, or something, has been tinkering with my brain, remapping the neural circuitry, reprogramming the memory. My mind isn’t going – so far as I can tell – but it’s changing. I’m not thinking the way I used to think. I can feel it most strongly when I’m reading. Immersing myself in a book or a lengthy article used to be easy. My mind would get caught up in the narrative or the turns of the argument, and I’d spend hours strolling through long stretches of prose. That’s rarely the case anymore. Now my concentration often starts to drift after two or three pages. I get fidgety, lose the thread, begin looking for something else to do. I feel as if I’m always dragging my wayward brain back to the text. The deep reading that used to come naturally has become a struggle. I think I know what’s going on. For more than a decade now, I’ve been spending a lot of time online…’

É assim que inicia o artigo “Is Google Making Us Stupid?” de Nicholas Carr. A influência da Internet nos nossos dias não termina nos monitores dos nossos computadores, as mentes das pessoas tornam-se sintonizadas como se fosse uma “colcha de retalhos” dos média (a tal ideia que McLhuan referia que “os média como extensões do ser humano”).

Relembro mais uma vez a famosa citação de Marshall McLhuan, O Meio é a Mensagem. Sem dúvida que, com todas as novas tecnologias existentes, hoje, podemos entender com bastante clareza esta afirmação do autor. A Web, com as suas características técnicas condiciona e, cada vez mais, a forma das práticas culturais, da organização social e dos padrões de pensamento tornando-nos assim “habitantes” da tal aldeia global a que McLhuan também se refere.

Os média envolvem-nos a todos, é certo, mas, a internet tem-se tornado especial pois cria uma “rede” onde pessoas de qualquer parte do mundo, em questão de segundos, podem comunicar como se vivessem numa aldeia. McLhuan afirma que a internet, mais do que qualquer outro média, tráz-nos a sua visão para a materialização. Este meio de comunicação providencia uma visão multisensorial e fornece vários meios às pessoas para transmitirem as suas mensagens ao resto do planeta. O tempo e o espaço perdem assim o seu significado e o processo de globalização é cada vez mais evidente visto que, em um clique, podemos dar a volta ao mundo.

Márcia Oliveira

3D: O que mudou?

A tecnologia 3D tem como objectivo tornar o visionamento de um filme mais “real”dando-nos a sensação de que estamos mais próximos dos personagens ou mesmo que estamos “dentro” do filme.

É precisamente o que a versão a 3D do filme do último filme de Tim Burton, “Alice in Wonderland” pretende, sendo seguida de uma série de filmes estão para estrear.

Na minha opinião e também a partir da discussão que tivemos na aula, parece-me que se criam demasiadas expectativas quanto aos efeitos 3D só para depois muitos de nós ficarmos desiludidos.

De que forma é que tudo isto se relaciona com a teoria de Bolter e Grusin? O que mudou agora com a introdução do 3D no cinema e mais recentemente na televisão?

Segundo esta teoria de 2000, “Remediation: Understanding New Media”, na hipermediação a mediação opera segundo a lógica de opacidade, isto é, o meio mostra-se e torna a sua presença visível (neste caso os óculos usados para ver o filme a 3D).

A imediação opera segundo a lógica da transparência, isto é, o meio tenta esconder-se e torna-se invisível. Então no caso dos efeitos a 3 dimensões o meio é o que é “projectado” na nossa direcção, dando-nos assim essa sensação de realidade de que falei.

Anteriormente, na hipermediação o meio seria, por exemplo, a “multiplicidade de perspectivas (telas), marcas de pinceladas na tela, ou, mais tarde, representações múltiplicas dentro das janelas abertas no ecrã e os vários elementos das aplicações.”

Quando à imediação seria a “perspectiva linear (a tela como janela que cria a ilusão de continuidade entre espaço representado e espaço real)” ou a invisibilidade das aplicações informáticas.

Pessoalmente, não dou importância aos efeitos a três dimensões ou à realidade que isso me traz mas sim ao filme em si e à sua história.

Marta Torres

Alice no País das Maravilhas “Evoluída”

A história da Alice no País das Maravilhas é bem conhecida por todos nós, uma vez que é a obra mais conhecida de Lewis Carroll, designadamente “Alice’s Adventures in Wonderland” (abreviado para “Alice in Wonderland”). Em 1951 a obra recebeu a adatpação para uma longa-metragem de animação produzida pela Disney.

Uma nova versão do filme foi adaptado por Tim Burton em 2009 com a única excepção de que o filme é exibido a 3 Dimensões. Isto porque a história é basicamente a mesma: “uma rapariga chamada Alice que cai em uma toca do coelho Branco e vai parar num lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas” como os irmãos gêmeos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum, o Gato Risonho, a Lagarta, o Chapeleiro Louco e a Rainha de Copas. Tim Burton apenas faz de Alice uma rapariga mais velha que enfrentando um pedido de casamento foge e persegue o Coelho Branco acabando por cair novamente na toca.

A única diferença está no modo como o filme nos é apresentado. Tim Burton, como outros realizadores, apostou na imagem a 3 D misturando a “imagem real com a animação foto-realista” com o objectivo de criar ao espectador a ilusão de profundidade.

A evolução que foi sendo feita na fisionomia das personagens do filme também foi modificada: no filme a 3 D as personagens são apresentadas de uma maneira muito mais “louca” e extravagante dando a impressão de um mundo alucinado.

Evolução da personagem Alice desde livro até ao Filme a 3 D

Evolução do Chapeleiro Louco

Evolução da Rainha de Copas

O filme, em si, não me provocou o tão “efeito de profundidade” desejado. Confesso que já vi filmes a 3 dimensões melhores do que este (como foi o caso do ”Avatar”).

Talvez por me ter habituado a ver o filme clássico”Alice o país das maravilhas” da Disney, no filme de Tim Burton não consegui “entrar” no mundo da fantasia e da ilusão apesar do conceito de imediação estar presente no mesmo. Ou Seja, no filme não temos noção do meio e, por isso, somos “projectados” para dentro do espaço da tela . Porém, e nem mesmo com o recurso aos óculos especiais, consegui “entrar” para o “país maravilha”. Visualmente temos a noção de estarmos nesse local e não conseguimos afastar a realidade da ilusão, e assim esperava que o mesmo acontecesse comigo, mas o excesso de imagens a 3 dimensões fez com que, em vários momentos, tivesse vontade de tirar os óculos e ver o filme com “imagem normal” (2 D).

Mas, assim que tiramos os óculos percebemo-nos logo do meio, uma vez que não conseguimos ver o “imaginário” e perdemos o acesso à imagem. Quando isso acontece estamos perante o efeito de hipermediação (pegando no exemplo de uma janela, o efeito de hipermediação é ver a própria janela e o efeito de imediação é ver o que está para lá da janela).

Espero que o próximo filme de Tim Burton traga um pouco mais de “realidade” e de originalidade.

Mónica Lima


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