Archive for the 'Sujeito Digital' Category

C!B0RGU€S

O termo ciborgue surgiu nos anos 60, através de Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline, ambos cientistas que investigaram nas áreas da saúde e tecnologia, e consiste num organismo cibernético dotado de constituintes orgânicas e cibernéticas, com a finalidade de melhorar as capacidades do ser humano através da tecnologia. O desejo do Homem de explorar o Espaço e de estabelecer uma ligação humano-máquina fazem parte do contexto que contribui para a criação deste conceito, à cerca de 50 anos atrás.

Atualmente, já existem vários casos de implantação de dispositivos e chips em organismos humanos. Ciborgue seria, então, uma mistura de um ser humano com um robot, dando origem a uma espécie de homem-máquina, dotado de um organismo cibernético. Mas não será isto mais um indicador da constante dependência da tecnologia por parte da sociedade atual? As debilidades ou deficiências físicas do ser humano parecem já não ser uma limitação. O aumento da utilização da tecnologia na área da saúde torna-se justificável e até compreensível, na medida em que contribui para melhorar a qualidade de vida das populações.

Neil Harbisson é considerado o primeiro ciborgue da história, ao instalar no seu cérebro um dispositivo que lhe permitiu recuperar parte da sua visão. Esta prótese artificial contribui indubitavelmente para melhorar o seu bem-estar e qualidade de vida. No entanto, esta tecnologia não é totalmente transparente, apesar de já ter adquirido um tamanho bastante reduzido. Considerando isto, qual seria o impacto deste mecanismo na sociedade? Seriam os ciborgues bem aceites pelo seu aspeto exterior? Contudo, toda a tecnologia parece caminhar no sentido da transparência total do meio e, dentro de alguns anos, estes dispositivos irão adquirir tamanhos tão reduzidos que passarão desapercebidos. Atualmente, já existem microchips, quase ‘invisíveis’.

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Neil Harbisson, o primeiro ciborgue.

Mas, considerando que os ciborgues têm como finalidade melhorar a qualidade de vida dos seres humanos e são dispositivos cibernéticos, não serão os simples aparelhos auditivos também um ciborgue? E, da forma como a tecnologia penetrou na nossa sociedade, não seremos todos ciborgues? Será mesmo necessária a implantação de dispositivos no interior do organismo humano para este se poder considerar ‘ciborgue’? O ser humano parece «alimentar-se» de tecnologia, não o tornará isso numa máquina?

Nota: Cibernética é a ciência que estuda os mecanismos de comunicação e de controlo nas máquinas e nos seres vivos.

 Diogo Martins

ma·ni·pu·lar (do latim manipularis)

Na realidade dos dias que se atravessam, já não é de todo um problema conseguir criar contacto com alguém que esteja noutra cidade, noutro país, noutro fuso horário. Por mais debatido que seja o tema da emergência das novas tecnologias e do que estas despoletaram, apesar de tudo, é relevante sublinhar a qualidade de vida que estas apresentaram a pessoas cujas circunstâncias são – mais, ou menos – idênticas. Familiares emigrados, companheiros separados pelo trabalho ou por outros compromissos evidentes, jovens estudantes separados dos pais lutando por um futuro mais condigno.

A possibilidade de estabelecer uma chamada ou uma video-chamada a grandes distâncias, em tempo real, quase instantaneamente, providencia uma proximidade “artificial” a que Beth Coleman chama co-presença. Esta presença “em conjunto” é fulcral e indispensável nas sociedades actuais, tanto a nível laboral como de carácter familiar. Indispensável a nível de custos (monetários e/ou físicos) ou de tempo, e salvaguarda do mesmo.

A co-presença revela uma importância fundamental nas relações interpessoais. É no olhar e na troca deste que, nos alicerces das relações interpessoais, se constroem e se edificam sentimentos como a confiança, a intimidade, a sinceridade, o conhecimento recíproco, a empatia. É também através do olhar que se geram sentimentos adversos, como o medo, a desconfiança, o controlo.

A título de curiosidade, e exemplificando a importância da co-presença, o sociólogo Georg Simmel, considerava o olhar mútuo um acontecimento social único, e que era através do olhar que se estabelecia uma verdadeira conexão entre indivíduos; considerava inclusivamente que o olhar é uma interacção mais pura e mais directa do que uma normal conversa.

No entanto, este exemplo lembra-nos invariavelmente da cegueira, e da condição daqueles que não podem obter esta aparentemente simples mas poderosa experiência.

Mas será que os verdadeiros cegos são os que não podem ver? Ou os que não podem tocar? Como é realmente percepcionado o mundo? As relações humanas são naturalmente armadilhadas pelos sentimentos que nutrimos uns pelos outros, que nutrimos pelas coisas e pelos lugares. Realmente, com todos os sentidos, para além de depreender o que nos rodeia, temos a tendência a manipular as circunstâncias de forma a facilitar os nossos caminhos e a aproximar os nossos atalhos. Manipular. Mão.

Numa esfera tecnológica como aquela em que hoje vivemos, onde a mudança e a inovação são os motores para cada dia que nasce, penso que o levantamento de dúvidas surge muito mais rapidamente do que o cessar das mesmas.

Maria Miguel

Modo Avião

Por coincidência neste último domingo, 10 de maio, um programa de televisão brasileiro apresentou uma reportagem que definiu sobre o que eu escreveria como último post desta cadeira. Todos os 14 minutos da matéria que abre o programa abordariam uma questão na qual venho refletindo desde o início do período e que culminou com a apresentação deste último tema nas aulas: a relação entre os dispositivos digitais como extensões do sujeito. Gostaria de apresentar minhas impressões sobre o ‘lado negro’ do uso da tecnologia em nossas vidas e como isso afeta nossa saúde física e psíquica.

Link para a matéria: http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/t/edicoes/v/apaixonados-por-tecnologia-ficam-48-horas-sem-celulares-em-praia-detox-digital/4168974/

Por si só a matéria do programa Fantástico é autoexplicativa. Além de revelar a incapacidade atual de desligar-se, ela vai além e apresenta uma análise das consequências de se viver online, alertando para a dependência e comparando o uso abusivo da tecnologia com nomenclaturas de sintomas antes utilizado por adictos em álcool ou droga: como a abstinência e o vício. Esse sentimento de falta, a meu ver, está relacionado com a capacidade que os média digitais possuem de proporcionar um sentimento de que nunca estamos sozinhos. De cara, é um sentimento ilusório, uma vez que desligado o dispositivo, nos encontramos a sós com nossos pensamentos, medos e ansiedades. É aí que, ao ligar novamente esses dispositivos, o sentimento de conforto proporcionado pelos mesmos pode acarretar em confusão psíquica, em não conseguir discernir a realidade da virtualidade.

Quando o simples prazer se torna um vício fica cada vez mais difícil conseguir sair do círculo. De um lado o prazer de estar conectado é reconfortante, mesmo que por algum determinado momento, por outro, a realidade urge em ser encarada. Perdem-se pessoas próximas e, mais importante, a própria vida. Na matéria, fala-se em “otimização do tempo”, apontando para a percepção de desperdício de uma vida que não é vivida, senão através do ecrã. Fala-se também em ansiedade, sentimento que surge no imediatismo da comunicação. Perdemos a paciência de outrora e estamos muito mais velozes. Em tempos onde um óculos pode fazer ligações, gravar vídeos e mostrar a caixa de e-mail para o seu usuário é mais do que flagrante o acúmulo de funções ao-mesmo-tempo-agora.

É importante salientar que a utilização dos médias não somente inaugura uma nova forma de conexão com pessoas díspares, aproximadas pela anulação das distâncias. Ela também inaugura uma nova seara em termos científicos. Novas doenças psíquicas que requerem formas distintas de tratamentos e, obviamente, novos padrões de clínicas de reabilitação do indivíduo no contexto social. Assim como a expressão “nomofobia“, ou medo/pânico de ficar longe do celular, citada na matéria, apresenta-se com ares de novidade, uma gama de especializações dos agentes que trabalham a cadeira de psicologia surge para o combate do mal social da internet e afins. O medo de desconectar-se é o medo do estar sozinho, isolado. O medo de nadar contra a maré. Os dispositivos não só desenvolvem novas ações para o nosso corpo através de sua utilização, mas também se moldam de forma a passarem despercebidos quando de sua utilização. São como complementos da utopia de um corpo robótico. Não se pode deixar de usar a tecnologia no mundo de hoje, mas, como qualquer estimulante, ela deve ser encarada em termos de parcimônia.

O dualismo da questão digital está muito longe de se tornar monista. Se por um lado a tecnologia apresenta pontos favoráveis na prática como extensão do sujeito ( o aperfeiçoamento das próteses mecânicas, por exemplo ), por outro ela escraviza o psicológico a partir de convenções sociais postas em prática – a necessidade de se adequar a um mundo cada vez mais online, nonstop e on demand.

André Luiz Chaves

#seculo XXI

Século XXI, o que é isso?

Neste momento, acho que lhe podemos chamar século virtual, tendo em conta que quase metade do nosso tempo é passado em frente a um ecrã a ler e a ver publicações e mensagens nas redes sociais, a postar fotos no Instagram e a “socializar”, se é que podemos chamar-lhe assim.

Estas novas tecnologias acompanham os nossos dias, 24 sobre 24 horas, tornando-se quase impossível separarmo-nos deste mundo virtual. Eu falo por experiência própria: neste momento, eu sinto que seria impossível passar uma semana – ou alguns dias que fosse – sem utilizar a internet. A internet, para mim, tornou-se algo indispensável, tendo em conta que é esta via que mais utilizo para comunicar com pessoas que estão longe de mim e é com ela que ocupo a grande parte do meu tempo livre, quase como se uma parte da minha vida estivesse nesse mundo a que chamámos internet.

Mas como a internet, também o telemóvel roubou uma parte importante do ser humano, a capacidade de conviver com outras pessoas e socializar com as mesmas. As pessoas têm vindo a deixar de falar umas com as outras e têm passado a trocar mensagens ou chamadas, deixando de saber o que é um sorriso, uma cara triste, um amigo verdadeiro…

O ser humano deixou de falar frente a frente e começou a usar o chat, onde expressa as suas emoções, através de bonequinhos amarelos com sorrisos ou caretas; deixou de conseguir falar sem usar um hashtag antes das frases; começou a fotografar a nossa vida para que todos vejam e tornou-se alguém que diz tudo o que pensa ou sente, ou seja, expressa e expõe os seus sentimentos e a sua vida. Aqui chegados, acho que se torna um ser Antissocial.

Friamente, analisando esta problemática em profundidade, sinto-me um pouco desiludido comigo mesmo. Como é possível que uma coisa tão banal como uma rede social ou um dispositivo digital tenha sido capaz de me possuir, sobremaneira, a mim e a um mundo inteiro?

Será que conseguimos alterar esta situação – ou pelo menos diminuir os valores da dependência – num futuro próximo?

 Tiago Marques

Ubiquidade como qualidade?

«Dom de estar ao mesmo tempo em vários lugares; omnipresença»

Por entre sílabas e interpretações, a ubiquidade caracteriza a comunicação social e os mass media – se é que em parte se podem considerar sinónimos. Com frequência, têm vindo a ser alvo de grotescas transformações, de modo a alcançar e a abranger até os locais mais inóspitos. No âmbito de pesquisa da nossa disciplina, a intenção nesta temática será focar toda uma cadeia de metamorfoses que ditaram o nascimento desta era digital, e o impacto que tem este carácter omnipresente na vida dos seres humanos no século XXI.

Vemos diariamente a forma como a nossa vida foi facilitada. Seja em relação ao tempo, ao encurtar de distâncias ou de custos. Gosto aqui de exemplificar a Internet, porque no mesmo minuto, tanto posso estar a par de acontecimentos na Austrália, como de um cruzeiro itinerante pelas águas do Pacífico. É essa a realidade da Internet. A omnipresença que esta concede a quem a utiliza.

É então que surge o conceito de omnisciência. O “saber de tudo”, porque temos acesso a uma panóplia de informações, não significa que tenhamos qualquer tipo de conhecimento. A informação é difusa e, também por isso, confusa.

A título de exemplo, houve recentemente um acontecimento terrorista em França. Após o atentado contra o jornal Charlie Hebdo, muitas foram as “facções” virtuais dissidentes que cresceram na web e que esta despoletou. Falo de pessoas que acima de tudo resguardam a liberdade de expressão, ou pessoas que preservam mais o valor da vida humana, ou pessoas que defendem este “não-afrontamento” entre doutrinas. E ainda pessoas que alegam que, através da Internet não se conseguirá elucidar a contento nenhuma das partes, e creio que aqui residirá a iminência da ameaça.

Esta montra de terrorismo a que assistimos quase diariamente na mediação digital tende a tornar-se numa constante, e a Internet revela ser o veículo ideal para isso acontecer; já que a grande maioria da informação que circula não tem obstáculos para circular, e facilmente pode chegar a qualquer lado. Esta é uma outra característica da divulgação massiva de informação na mediação digital; e surge assim, por exemplo, a necessidade de criação de filtros de leitura, isto é, uma boa educação de base, que permita uma navegação mais consciente.

A título de exemplo, na passada quinta-feira, dia 19 de fevereiro de 2015, saiu este artigo relativo a uma estratégia contra esta apologia ao terrorismo, e que o Conselho de Ministros aprovou.

Maria Miguel

Sempre ligados ou não?

Será que somos assim tão desligados das redes como às vezes dizemos que somos?

Se calhar a pergunta agora é diferente. Será que conseguimos realmente estar desligados?

Ao observar os vídeos aos quais assistimos na aula tomamos consciência de que talvez já estejamos tão habituados a que tudo à nossa volta seja tão digital que nem nos apercebemos que estamos, com este mundo digital a perder muita da nossa humanidade.

Nos vídeos é nos apresentada a realidade do mundo de hoje, um mundo no qual ligamos mais ao que as pessoas metem no facebook e nos gostos que temos nas nossas fotos em vez de no que realmente importa O CONVIVIO. Eu não estou a dizer com isto que as redes sociais são horríveis e que não deviam existir, quero apenas dizer que devíamos dar mais importância ao que os nossos amigos e familiares nos dizem em vez de um gosto.

Eu nunca fui muito fã das redes sociais mas também nunca tive uma opinião delas tão negativa como tem Prince Ea, sendo que o vídeo que ele fez sobre as redes foi o que mais me impulsionou a escrever sobre o tema. Concordo com ele no facto de passarmos muito tempo ligados mas também acredito que a Humanidade aprende com os erros, sem erros nunca seriamos capazes de crescer e evoluir.

Mas de uma coisa tenho a certeza as redes sociais podem ter muitos defeitos mas tambémm muitas qualidades, como por exemplo, no outro dia vi uma entrevista na televisão sobre duas irmãs que nunca se tinham conhecido e que através do facebook conseguiram contactar-se, também o skype tem as suas vantagens é ridículo usa-lo para falar com alguém com quem se pode falar pessoalmente mas muitas das vezes é utilizado para falar com familiares que estão longe de nós e poder vê-los.

Por estes motivos na minha opinião sim, nós estamos demasiado tempo ligados mas também muitas das coisas que usamos on-line têm o seu lado benéfico. Eu acredito que a tecnologia é importante e benéfica apenas temos de aprender a usa-la melhor.

Filipa Silva

Prince Ea, Can We Auto-Correct Humanity?

Anti-insocial

Atualmente, não passa um dia sem surgir uma inovação ou a renovação do que outrora foi novidade. Tal efusividade tecnológica permite o constante aparecimento de novas e aliciantes formas de nos contactarmos. Formas essas que superam a própria interação “face-to-face”.

Qualquer rede social é hoje uma parte bastante considerável do quotidiano de uma enorme massa demográfica. Antes, algumas vezes, durante e depois do trabalho o ser humano “liga-se” ao mundo desconectando-se do mesmo. Esta ambivalência aparentemente recente, tem vindo a ser estudada na teoria pela socióloga Sherry Turkle desde os anos 80.

Em 1984, Turkle já definia o computador não só como uma ferramenta indispensável, mas também como parte vital do nosso quotidiano. Na obra The Second Self, a autora observa em que aspecto o computador afeta a nossa capacidade de introspeção e as nossas relações com outro. Assim, é com a certeza que a tecnologia modifica o modo como agimos que Turkle inicia o estudo da relação entre o Homem e máquina tecnológica, o “segundo eu”.

Com o aparecimento de redes sociais, a já fraca barreira entre o ser humano e o seu computador desmorona-se. Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other (2011), a ultima publicação de Turkle, esta fala-nos da queda deste muro e consequente construção de uma convivência insociavelmente social.

Concluindo, é nesta linha de pensamento que a socióloga alerta para ascensão de “robôs sociais” – símbolo da decadência das interações humanas. Até mesmo a preferência das mensagens curtas em detrimento da fala, uma característica que distingue o humano do animal, tem se vindo a verificar. A nossa clara adição relativamente aos aparelhos digitais (e apelativas aplicações) faz com que, mais cedo do que pareça, eles se tornem próteses do nosso corpo.

Eduardo Duarte

Universidade e um Retângulo Tátil

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Os média digitais estão presentes, diariamente, em praticamente todas as atividades do ser humano, sendo que a educação é apenas um de diversos ramos que evoluíram em termos estruturais nos últimos anos. Qualquer pessoa pode facilmente carregar consigo um computador portátil numa mochila, ou até mesmo um tablet numa pequena bolsa, estando apta para trabalhar e estudar onde quer que seja, em qualquer altura. Ora, tal situação seria improvável antes do início desta década, ou até mesmo há mais de 20 anos; não se imaginaria alguém carregar consigo uma máquina de escrever um dia inteiro.

Sendo estudante universitário e fazendo viagens relativamente longas diariamente, é bastante mais prático para mim poder carregar um tablet e utilizá-lo ao longo do dia na faculdade, ao invés de fotocopiar centenas de páginas que certamente pesam mais ao longo de um dia inteiro de viagens e aulas. Posso facilmente utilizar programas como o Adobe Reader ou o Microsoft Word para ler documentos numa aula, sem ter a necessidade de andar com uma pasta cheia de folhas que acabarão por se desorganizar numa mesa na hora do estudo. A mesma situação se passa quando é necessário fazer uma apresentação diante de uma turma; um tablet acaba por ser um dispositivo bastante cómodo e rápido para falar diante cerca de 40 alunos.

A faculdade requer cada vez mais a utilização de dispositivos eletrónicos no quotidiano dos estudantes: praticamente ninguém conseguirá estudar se não tiver consigo algum tipo de dispositivo que lhe permita aceder à internet e ao correio eletrónico para transferir documentos essenciais durante o estudo e fazer trabalhos, bem como aceder à própria plataforma na Universidade, tendo esta última ganho uma notória imprescindibilidade nos últimos tempos.

Assim sendo, é pertinente afirmar que, estando a tecnologia a evoluir a um nível brutal e a ser cada vez mais comercializada e acessível a cada vez mais população, o setor da educação, assim como muitos outros, sofrerão várias alterações no decorrer da atualidade, adaptando-se aos estilos de vida dos estudantes, cada vez mais ligados entre si e entre a informação com que lidam no seu dia-a-dia.

Ruben Ferreira

“The things you own end up owning you” – Fight Club

O paradoxo que são os smartphones e todos os outros dispositivos electrónicos: facilitam-nos a vida ao mesmo tempo que nos roubam dela.

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“We can’t jump off bridges anymore because our iPhones will get ruined. We can’t take skinny dips in the ocean, because there’s no service on the beach and adventures aren’t real unless they’re on Instagram. Technology has doomed the spontaneity of adventure and we’re helping destroy it every time we Google, check-in, and hashtag.”

– Jeremy Glass, “We can’t get lost anymore”

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Apoiando-me nos alicerces de discurso de Sherry Turkle, acredito sim que seja necessária uma mudança urgente na nossa forma de nos relacionarmos com os dispositivos electrónicos; no entanto, olhando à minha volta e para mim inclusive,  torna-se absurda até a hipótese de os removermos por completo. Somos dependentes dos nossos computadores e telemóveis e ipad’s e todo o resto que nos mantenha conectados na rede electrónica – dormimos com os nossos telemóveis, olhamos para eles de 5 em 5min para nos certificarmos que não temos mensagens ou chamadas perdidas com medo de não termos sentido a vibração, quando estamos num jantar com amigos por vezes perdemo-nos na conversa porque estamos sucessivamente a ser interpelados pelos nossos “checking habits” – e é de salientar que, se recebermos uma mensagem a meio da conversa, a nossa reacção automática é “Espera, dá-me um bocado só para responder aqui a uma mensagem!” – já não tocamos às campainhas quando chegamos a casa de alguém, ligamos ou mandamos mensagem para nos abrirem a porta, não temos agendas, temos o iCal, não sabemos ver mapas tradicionais porque temos GPS, não revelamos fotos porque a única coisa para que servem é para pôr ou no Facebook ou no Instagram, já não vemos televisão porque temos tudo no portátil, entre outros… Os nossos aparelhos são uma extensão nossa, somos nós. E, quando usados de forma moderada (se é que isso ainda se aplica hoje em dia no que toca a tecnologias), creio ser uma coisa positiva – é uma forma de estarmos constantemente conectados e isso torna-nos mais despertos para o que nos rodeia, bem como uma forma de nos tornar-nos mais eficientes e capazes de multitasking.

No entanto, julgo que todo o panorâma tecnológico não deve ser encarado de animo tão leve no que toca às gerações após o ano de 96, sensivelmente. São crianças que quase “nasceram com um telemóvel na mão” e cresceram com acesso à world wide web. E sim, isso pode não fazer muita diferença se houver uma estrutura familiar sólida e uma educação devidamente fundamentada, mas é de conhecimento geral que esses são factores que cada vez mais escasseiam e rara é a criança que tem uma família presente (devido a vários factores sociais), o que leva a que se isolem e por consequência busquem companhia no que de melhor conhecem – os seus telemóveis e os seus computadores. Mas o que torna a situação ainda mais grave é que maioria dessas crianças nem sequer tiveram uma relação em que, num momento ou outro, não estivesse presente um gadget e como tal não têm termo de comparação. A tecnologia para eles é natural, foi-lhes assim incutida essa noção.

 

 

Creio que parte de nós, individualmente, como pessoas e cidadãos, ser moderados e ter em vista que nem sempre o mais fácil e apelativo será o melhor a longo prazo.

 

Ligia Breda M.

“Everywhere adicta”

Cuando pensamos en la idea del sujeto respecto  a las tecnologías, yo pienso directamente en como repercuten en mi día a día.

Me paso la vida con el portátil de la mano, el ipad o mismo el teléfono móvil… Conectada “Every where” ese es mi lema. Facebook, tweet, myspace, fotolog (en su momento) linkedin, orkut… y muchas otras plataformas sociales que no me vienen a la cabeza en las que tengo usuario, y si fuese poco, whattsapp, es decir: Mensajería instantánea, llena de herramientas: envías fotografías, emoticonos, grabaciones de voz… Todo para hacer casi una comunicación como la de voz, ¿lo consigue? No, pero ya hay otro tipo de mensajería instantánea que te permite ver y escuchar instantáneamente (Skype).

Hablando del Skype, me acuerdo lo que me costó que mi madre se habituase al simple hecho de dar a coger y colgar en el programa. El interactuar con el ordenador para ella es raro y poco habitual además de incómodo, mientras para mi es un hábito, algo intrínseco.

Ahí se ve como cambian las generaciones y como se van integrando las nuevas tecnologías en el estilo de vida de uno. Ya no quiero pensar en como repercuten en mis sobrinas de 9 y 12 años que no conciben su mundo sin las nuevas tecnologías, DS, WII, internet, portátiles… Todo el mundo de las tecnologías es poco para ellas, el ver como son capaces de saber utilizar cualquier aparato electrónico y ver con la facilidad con la que lo hacen, es increíble.

Volviendo al tema del whattsapp os traigo un vídeo de ejemplo en el que se ve los problemas que en muchas ocasiones traen las tecnologías en la vida social de una persona. Ya que en estos momentos en España… ¿Quién no tiene whattssap? Son casos aislados.

Aun sintiéndome una persona Every  where tengo que decir que hay momentos en los que mi teléfono móvil se queda sin batería y sentirme incomunicada en muchas ocasiones hace que desconecte del mundo. Eso sí, en otros momentos me siento como “desnuda” sin poder comunicarme, consultar las redes sociales o simplemente poder sacar una foto y subirla instantáneamente a alguna plataforma.

Si señores, soy una EVERYWHERE ADICTA.

Nuria Atanes Bouzón

Baile De Máscaras Atropelado

Começo pelo fim. Se há certeza que os últimos meses instalaram em mim é que a tecnologia é um tema dilemático para quem não pretende existir na penumbra de um véu. Que fichas colocar em jogo? Por que movimento optar? Onde se inaugura o demasiado? Como reagir às necessidades ou pressões sociais? É possível simplificar a questão a um “sim ou não” quando o real e o digital mergulham na mesma água? A minha resposta é uma anarquia interna, mas abraço a busca de um trilho a seguir para um dia domar esse pathos secundário.

Pensando os objectos como portadores de uma natureza evocativa, diria que a procrastinação é a maior armadilha regular. Disfarça-se em generosidade. Tamanha informação é um convite ao oblívio do mundo físico, tendemos a esquecer o que, em primeiro lugar, nos levou a utilizar o dispositivo. Ao mesmo tempo, ele transforma-se nos nossos problemas, pesquisas e desvios. Os aparelhos induzem comportamentos e estes são fundamentais para que ele exerça as suas funções. Definimo-nos mutuamente e indissociáveis numa relação simbiótica. Somos ambos o sujeito e o objecto. O excesso (impreciso) interrompe a voz da consciência e descorporiza o indivíduo num espaço-tempo congregante e automatizado. Com moderação, os utensílios são uma alavanca para a determinação da nossa própria identidade. Podem ser um espelho construtivo, propiciando uma apreensão das lacunas da nossa realidade.

Saber se recorremos à tecnologia porque estamos sós ou se a solidão advém do seu uso é uma pergunta primária sem réplica certa. Não obstante, resvalo para a primeira hipótese.

A vida citadina per si, por exemplo, é desde há muito considerada uma experiência crua e de distância emocional. A multidão é imensa e, no entanto, rodeados de possibilidades, muitos sentem-se formigas esmagadas. O meio digital permite inebriar o espírito desses demónios. É um lamento num bar, a garrafa que não largamos até bebermos o vazio. Partimo-la em estilhaços nas redes sociais online. Onde ninguém tem de nos ouvir, onde muitos o poderão fazer. É um diário sob a forma de palco subterrâneo e cativa-nos a eventualidade de uma audiência (tal expectativa origina um efeito placebo).

Mas se as pessoas se encontram alienadas não seria mais lógico procurarem contacto interpessoal físico? Sim e isso ocorre, o que se alcança é que não satisfaz. Quantos são aqueles com quem mantemos uma relação íntima, de partilha de anseios, sonhos ou medos? Uma boa parte retorquirá com uma mão fechada. Por norma, os diálogos do quotidiano assentam em conversa fiada e raras vezes essa fase de fingimento e de vivência de um contexto semelhante se direcciona para algo merecedor da palavra “humano”.

Cremos mais na tecnologia por experiências passadas de má memória, por motivos de personalidade ou por consciência. Sabemos que todos carregamos determinados conflitos nucleares, mas negamo-los porque reconhecemos a irrelevância que eles representam para o interlocutor e em razão de julgarmos que é incorrecto e egocêntrico importuná-lo com eles (como se não bastassem os contratempos desse outro). Cria-se também um obstáculo à afinidade, visto que há um estigma social que envolve temáticas menos usuais (por exemplo, evitar falar da morte, fechando investidas de um dos enunciadores com um redutor e inapropriado “que assunto tão mórbido e deprimente”).

É no decurso dessa escolha condicionada que as pessoas se tornam “solitárias em conjunto” e projectam na máquina as suas emoções. Vulnerável aos dispositivos, o ser humano edifica-se em avatares extasiantes. Somos uma playlist, um top de filmes preferidos, uma fotografia de perfil ou as palavras que divulgamos num blog. Ademais, nessa megalomania de conhecer tudo, de estar ligado a tudo, de seleccionar aqueles com quem queremos comunicar e de inventar identidades eleva-se uma gratificante fantasia de controlo.

O oxímoro é que a desejada conectividade em linha acarreta como pré-condição um sujeito enclausurado numa torre de marfim. O objecto é o único receptor de afecto, uma prótese em que se prolonga o corpo e a sua ausência uma temida e desorientadora dor do membro fantasma.

Depois, no fundo, mostramo-nos um Narciso frágil que fita o lago e desespera por nele constatar outros a observarem-no de volta. Nas palavras de Sherry Turkle: “I share, therefore I am”. Essa reinterpretação do cogito cartesiano ajuda a explicar uma noção de alteridade em que os demais são meras ferramentas ao nosso serviço; a expectativa é que validem um pensamento ou sentimento, sendo também eles um objecto que serve os nossos interesses. Nesse vício de dependência externa e de feedback instantâneo esquivamo-nos ao confronto com a realidade e transcender o vácuo interior rumo a um estado de solitude (catalisador de empatia) revela-se uma miragem.

Escondemos as vontades nas (in)acções. Porta trancada e janela aberta, cruzamento permanente entre o não ser (digital) e o ser (real). Somos salas de espera a aguardar por nós mesmos, por amizade e por amor de um outro a que não legitimamos vida absoluta. Contradição das contradições, revestimo-nos de uma bolha de média mentirosa, de confidências endereçadas à esperança que alguém entrelace os dedos nos nossos. Inseguros, frustrados e conformados; a inércia actua e o corpo recua. Somos um zero dançante ou um airbag constante.

Rebenta a bolha do limbo e somente na tragédia nos fixamos no lado físico e presencial da fronteira. A verdade é eterna e a distracção efémera, diz o acidente. Quando passámos uma existência a comportarmo-nos como o resultado de um…

Shel Silverstein - Masks

Shel Silverstein – “Masks”

Francisco Silveira

Reprodutibilidade nas relações: Redes sociais ou técnicas?

A evolução dos meios tecnológicos tornou possível a reprodução das obras de arte em escala industrial, entretanto, em alguns aspectos, um dos efeitos desse processo foi a banalização de tais, e não efetivamente sua democratização, fazendo o público perder o  senso crítico, apenas importando-se com o consumo passivo de mercadorias anunciadas pelos meios de comunicação em massa. A discussão levantada por duas vertentes de pensadores no início do século passado situa de um lado o pensamento que afirma que a reprodutibilidade técnica e os meios de comunicação em massa são fundamentais para o controle e manutenção da sociedade capitalista, e uma segunda vertente a defender que os mesmos funcionam para a manutenção e expansão de uma sociedade democrática. Walter Benjamin analisou que essas interações alteraram sim o papel da arte e da cultura, mas não prejudicialmente. Segundo ele, a reprodutibilidade técnica, ao tornar a obra acessível, contribui para formação política, a emancipação do pensamento crítico e ampliação do conhecimento. A cultura da reprodutibilidade técnica atingiu um estágio tão avançado que não se limita a reproduzir apenas obras e objetos tangíveis, mas também se aventura na reprodução de relações sociais, conexões entre as pessoas e na construção do pensamento.

O caráter único e mágico da obra de arte, denominado por ele como “aura”, coloca como princípio de reprodutibilidade técnica a perda desta aura ao reproduzir a obra de arte, a qual se evidencia, por exemplo, nas próprias marcas deixadas pelo tempo na obra. Benjamin cita diversos exemplos de reprodutibilidade técnica, sua teoria debruça-se no conceito de autenticidade da obra arte em seu “aqui agora”, que é frustrada na medida em que a reprodução técnica ocorre. Entretanto, faço minha reflexão, apanhando como exemplo as próprias relações sociais, sobretudo nas características em que se constituem atualmente. Ao analisar por esse prisma, a reprodutibilidade das relações sociais decorrentes da utilização de ferramentas digitais, como as redes sociais – facebook, twitter, youtube, etc – acaba com o caráter autêntico dessas relações, que só pode ser construído de modo jacente a partir da experiência da tradição – desentendimentos, lembranças, saudade, etc – e em tais relações são imperceptíveis ou inexistentes. As interações proporcionadas por essas relações virtuais perdem o seu “aqui agora”.

O antropólogo britânico Robin Dunbar pressupõe em sua pesquisa que um indivíduo possui um limite cognitivo para estabelecer relações sócio-afetivas sólidas.

[…] o interessante é que você pode ter 1.500 amigos, mas, quando você olha o tráfego dos sites, é possível notar que as pessoas mantêm o mesmo círculo de amigos que gira em torno as 150 pessoas, o que ocorre também no mundo real […]

Logo, não há consistência em tais relações, são conexões vazias, interações sociais constituídas por experiências em ambientes virtuais, portanto, volúveis, e, à medida que esses ambientes se transformam, altera-se também a identidade dos próprios usuários. Não existe “aura” na artificialidade dessas relações sociais.

A utilização de tais ferramentas como facilitadoras na construção do comportamento social está sendo abandonada ou subvertida para fazer delas a própria natureza das relações. Quando a relação social é concebida no próprio modelo da reprodutibilidade técnica, essas ligações efetivas e permanentes não ocorrem entre os indivíduos, mas entre os meios (máquinas). Passa a ser uma rede técnica e não social, podendo ser alterada por qualquer outra ferramenta, uma vez que os valores autênticos são praticamente inexistentes nessas relações.

Sidney Góes

Um futuro virtual

Tema de escrita: O que são as tecnologias do sujeito?

As Tecnologias do Sujeito, conceito desenvolvido por Michel Foucault, são práticas – que podem incluir objectos tecnológicos ou não – que permitem ao individuo construir uma nova identidade. Isto resolveria todos os problemas de auto-estima do Ser Humano, que atingiria um estado de perfeição à sua maneira. As tecnologias de comunicação podem ser consideradas tecnologias do sujeito e um exemplo são as redes sociais, nomeadamente o Facebook.

Ao encontrar esta imagem relacionei-a de imediato com as ideias que foram desenvolvidas na aula. Nela podemos ver representada a evolução do Ser Humano segundo Darwin, que culmina no logótipo do Facebook. Nesta imagem, eu vejo a nossa próxima (ou actual  etapa de desenvolvimento projectada num sujeito digital. A verdade é que cada vez mais, desde a terna idade, o indivíduo cresce num contexto em que tem ao seu dispor tecnologias digitais que manuseia facilmente, as quais integra na sua vida quotidiana, o que pode causar o seu isolamento ao longo da sua fase de crescimento e habituá-lo apenas a um mundo virtual. Este factor pode formar um sujeito essencialmente digital, ou seja, alguém que está habituado a comunicar mediado por um dispositivo e sob uma determinada personalidade que, consequentemente, vai dificultar o confronto do individuo com a realidade, restringindo o seu desenvolvimento a esse nível. Para além disso, Sherry Turkle alerta também para os perigos da conectividade permanente, que envolvem o sujeito digital em fantasias como, por exemplo, a ausência de solidão ou o controlo das relações humanas, ideias utópicas que se julgam concretizadas nestes dispositivos e por isso são preferidos à comunicação presencial.

Esta pode ser a futura geração, que praticamente não comunica com as pessoas que a rodeiam, mas sim com um dispositivo que a ligará a alguém a quilómetros de distância. É um fenómeno actual – hoje em dia, já não há muitas conversas com desconhecidos nos transportes públicos, e até em acções quotidianas, como ir às compras, acabamos por preferir lidar com máquinas do que com Seres Humanos. O sujeito passa a ser um corpo que navega pela cidade junto a um dispositivo que o multiplica virtualmente, onde assume várias identidades exigidas pelos espaços digitais. Deixa de existir pressão social e podemos ser aquilo que desejamos sem nos reprimir. Se não estivermos satisfeitos connosco, criamos outro perfil. As soluções são fáceis e automáticas, não exigem uma introspecção que ajude o sujeito a melhorar-se na realidade, apenas a criação de uma nova personalidade digital.

Este pode ser um cenário futuro negativo para uma geração que cresce rodeada de tecnologias e forma-se a partir desses dispositivos. Sherry Turkle é um exemplo de alguém que acompanhou o crescimento deste contexto e que teorizou as suas vantagens e desvantagens, alertando-nos actualmente para um futuro em que a relação existente poderá ser apenas entre o Homem e a Tecnologia. No entanto, o individuo ainda não se resume a esta experiência e a voz do passado – como quem diz, os nossos pais e avós, não tão habituados a este mundo – alerta-nos diariamente para a necessidade de não passar tanto tempo com «essas novas tecnologias». A questão que podemos colocar é se esta voz vai permanecer num contexto em que a geração anterior forma-se com este meio já integrado na vida quotidiana.

Tatiana Simões

(link da imagem)

Reflexões sobre o vídeo Samsung 3D LED TV – Full Commercial 2010

Ao assistir este vídeo podemos perceber claramente os conceitos de imediacia, hipermediacia e até mesmo de remediação(os comerciais cada vez mais estão absorvendo as características do cinema, como forma de imersão ao telespectador).

Mas o que mais me chama atenção neste vídeo é justamente o comportamento humano diante de suas criações. Ao que me parece, o ser humano está sempre em busca de interagir com suas próprias criações. Os avanços tecnológicos, ao meu ver, estão pautados em sua essência em criar uma inteligência artificial, imortalizada, naturalizada.

Um exemplo que vai de encontro com esta reflexão é o momento que a criança toca na tela da tv, onde fadas dançam em meio a um jardim e uma dessas fadas reage ao toque da criança. Por um segundo somos levados a crer que ali há uma inteligencia artificial, que somos capazes de interagir com seres não humanos.

A necessidade que vejo, e me preocupa, é a de que não é o bastante a interação humana (como se os seres humanos interagissem muito uns com os outros….) Essa necessidade que o homem tem de criar algo que interaja com outros seres humanos por meio artificial me preocupa porque pode tomar os rumos da substituição.

O desejo de dar vida as suas fantasias não pode ser maior que o desejo de criar vidas humanas. A gravidez, a geração humana me parece não ser suficiente para a geração de humanos que estão hoje presentes na terra. No fundo, todos almejam criar seu próprio ser humano, sua máquina, seu frankstein, que segundo a mim, é uma tentativa também de ter a possibilidade de “moldar” a sua criatura de acordo com o seu próprio ser. Será mesmo que a interação seria mais fácil com um ser que foi moldado para não te contrariar? Porque no fundo o problema das relações humanas é justamente isto, a falta de compreensão diante da diversidade. Por isso acredito que muitos desejam suas fantasias com vida porque imaginam ilusoriamente que a vida seria melhor, que viver em sociedade, que sentir afeto seria mais fácil… será????

Carolina França Corrêa

o paradoxo

Tema de escrita: o que acontece quando se filma o mundo?
A pergunta levantada por este tema de escrita tem, a meu ver, uma simples e única resposta: quando se filma o mundo, cria-se uma base de informação representativa desse mundo. O problema surge aqui, ao levantar-se uma segunda questão. O que acontece quando se cria essa base de informação filmada? A partir desta pergunta, sou movido a refletir sobre as consequências desta tecnologia em particular e das tecnologias em geral, e começo a encontrar argumentos para construir uma “tese” – cada nova tecnologia que surge tem, paradoxalmente, desvantagens que vão precisamente contrariar as suas vantagens, de alguma maneira.
Senão, repare-se. A filmagem do mundo permite-nos, acima de tudo, recordar. Dá-nos a possibilidade de memorizar, a longo e imediato prazo, as imagens do mundo. Mas o que acontece com a instalação desta tecnologia nas nossas vidas é que passamos a ver e a lembrar mais o mundo através de registos como a filmagem, em vez usarmos a nossa memória. Parece que tendemos a perder capacidade de olhar e memorizar o que vemos, porque não é necessário um esforço mental constante para tal, devido à omnipresença de registos filmados do mundo. Como se a filmagem se tivesse tornado uma extensão da nossa visão.
Este efeito paradoxal é deveras curioso e, a meu ver, é algo que acontece regularmente com a tecnologia.
Com isto não quero defender que a tecnologia apenas tem lados negativos, mas acho interessante o efeito que ela tem em nós, quando instalada em nós como extensões de nós próprios.

Reféns da Mediação Digital?

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Tema de escrita: Como está presente a mediação digital no meu quotidiano? Qual a função da comunicação síncrona à distância no meu dia a dia? Como é que eu tomo parte nas redes sociais eletrônicas?

Reféns relacionais

A cada dia as mediações digitais ou novas mídias, estão presentes em nosso cotidiano e os dispositivos computacionais estão ganhando uma utilização cada vez mais intensificada em nossas relações profissionais e pessoais. Estas relações começam a sofrer uma grande adaptação ao estilo de vida e meios de comunicação que nossa sociedade vive nesta era midiatizada.

Tal efeito não seria tão profundo se não estivesse inteiramente ligado a uma rede de telecomunicações, criando uma conexão permanente entre os dispositivos eletrônicos digitais e as pessoas que os utilizam. Um exemplo são as redes sociais, onde a juventude desta geração passa conectada por horas ou dias sem interrupção, criando uma ligação permanente onde a comunicação é instantânea, este efeito por sua vez só é possível graças aos dispositivos móveis, como telefones celulares, portáteis e outros tipos de dispositivos eletrônicos que se ligam a grande teia que é a internet.

Esta comunicação síncrona a distancia interfere diretamente nas múltiplas redes de relacionamento que temos para além das cotidianas, cria-se uma rede de relação onde a presença física é dispensável, ou seja, não é necessário o corpo presente para estabelecer contato e manter relação entre dois ou mais indivíduos. Mas tais relações podem gerar efeitos negativos, esta separação física e junção virtual das pessoas, cria uma segunda realidade, onde nós podemos projetar-nos de diversas maneiras em inúmeras distinções diferentes através de um avatar que personifica a nossa forma digital, fruto destas relações virtuais e com isto, não sabemos até que ponto nós estabelecemos relações interpessoais reais, além de gerar uma quebra na convivência com as pessoas que nos reodeiam, como em muitos casos onde vemos um grupo de três, quatro ou cinco amigos juntos, mas nenhuma palavra é trocada, apenas se vê o movimento frenético dos dedos digitando mensagens em seus celulares, tablets e portáteis.

Desde a década de 90 houve uma intensificação da mediação digital no quotidiano, sobretudo com a evolução da mediação móvel. Tal impacto desta comunicação instantânea também traz efeitos positivos, que ajudam a fortalecer ou manter relações interpessoais que por separações geográficas, acabam se desgastando ou perdendo o contato, o que a vinte anos não era possível. Estas relações ganham uma nova ramificação e se adaptam para o novo meio onde estão inseridas, mas, a velocidade com que as relações se intensificam e a informação chega, pode gerar também um desgaste maior em tais relações, diferente da época de nossos avós, onde esperavam dias e até meses para receber a carta do ente querido que esteja distante.

Entretanto não quero colocar aqui a mediação digital e a sua comunicação síncrona à distância como sendo algo que só nos traz perigos. Acredito que ela nos proporciona uma gama de ferramentas que nos trazem inúmeras vantagens, mas, a responsabilidade de estabelecer reações, criar laços e mantê-los é de inteira responsabilidade do indivíduo, este por sua vez, tem que conseguir usufruir de tais meios para proporcionar uma melhoria no seu quotidiano além de utiliza-los para aumentar o êxito em suas relações sócio-profissionais, seja através do uso de programas de conversação, redes sociais, dispositivos móveis ou até mesmo das grandes mídias.

            Renan Delmontt

A INFLUÊNCIA DAS MÍDIAS NA IDENTIDADE CULTURAL DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Se pensarmos um pouco atrás, quando se falava de identidade, falava-se de costumes, ensinamentos, tradições, culturas que eram passadas de geração para geração, e isto os identificavam como uma identidade característica e própria. Atualmente penso que é diferente, pois na nossa sociedade moderna, quando se fala em identidade fala-se englobando vários aspectos que influênciam na construção da identidade, entre eles estão a globalização, a evolução tecnológica, as migrações, as redes, etc., esses aspectos tem uma forte influência na identidade, principalmente na identidade cultural.

A sociedade atual está imersa pelas mídias, que por sua vez são movidas pelas tecnologias e pelo virtual. A internet e a televisão estão entre os  principais exemplos de  meios que influênciam e proporcionam várias possibilidades e parâmentros na construção e modificação da identidade do sujeito, pois além de serem um meio de comunicação-informação, são também um meio de interação que abrangem vários âmbitos sociais.

Os exemplos da televisão e internet que mais se popularizaram ultimamente foram as Telenovelas e o Facebook, ambos tem um certo “poder” sobre a sociedade, e isso mostra o quanto algumas pessoas são influênciadas pela moda ou pelo assunto do momento. De fato, algumas novelas abordam temas relevantes para a sociedade,  mas ao mesmo tempo, introduzem linguagens e hábitos que são negativos, há também uma inversão de valores que querendo ou não afetam o comportamento das pessoas. No facebook acontece algo parecido, porém no facebook as pessoas utilizam ferramentas para demonstrar e criar sua própria identidade, mas mesmo assim isto não está longe de sofrer influências. Uma coisa que acho “engraçado”, é que no facebook todo mundo é bom, todo mundo é contra o maltrado de animais, todo mundo preserva a natureza, todo mundo é contra a violência, etc., este tipo de influência para a sociedade, sim, é positiva, no entanto parece que só fica mesmo no facebook, ou seja, muitas pessoas usam o facebook também para demonstrar o que de fato não o são na realidade.

Em suma, à medida em que esses sistemas (mídias) que nos rodeiam se multiplicam, faz com que o sujeito adquira uma “identidade móvel” pois ele é colocado de frente também com uma multiplicidade de identidades possíveis, fazendo com que aqueles princípios adquiridos na família, escola ou igreja não sejam mais suficientes para se colocar na sociedade em questão, uma sociedade moderna e que vive em constante mudança.

Suéllen Dias

políTICa

Tema de escrita: Qual a dimensão política das tecnologias de comunicação e de informação? 

Refletir sobre a dimensão política das tecnologias de informação e de comunicação (TIC) é, de facto, um exercício tão grande quanto a enormidade delas… Algo bastante complexo, apesar de parecer (e de se fazer parecer) simples. Pensando nesta última ideia, encontro já política em torno do assunto.

Mesmo antes de partir para uma análise muito profunda, penso que, antes de mais, as TIC são elas próprias uma dimensão da política. Usando o pragmatismo que me é característico, passo a enumerar alguns exemplos de meios de informação e comunicação que são propriedade de alguns indivíduos. Ainda que sejam apenas algumas gotas no oceano imenso que é o universo das TIC existentes sob o poder de um pequeno grupo de influência (individual ou grupos), servem para espelhar o estado das coisas.

No Reino Unido, Rupert Murdoch é dono dos jornais The Sun, The Times, e Sunday Times, três dos maiores dali, e detém 39% da Sky, a maior transmissora de televisão paga do país, com 10 milhões de subscritores. Em Itália, Silvio Berlusconi é o maior acionista da maior operadora privada de televisão gratuita, a Mediaset, sendo que o seu irmão é dono do Il Giornale e a sua mulher, dona do Il Foglio, dois dos maiores jornais do país. Em Portugal, o grupo Impresa, de Francisco P. Balsemão, detém a SIC, uma das maiores operadoras de televisão, um dos maiores jornais, o Expresso, assim como várias revistas, sítios web, etc. Ora, a dimensão política destes casos é óbvia: os donos destes média são políticos – primeiros-ministros de dois países e um outro indivíduo com atividade política. A enumeração podia e devia estender-se muito mais para além disto, mas nem tenho espaço nem vontade de me arreliar com a realidade, já que a maior parte dos média são dominados por políticos ou por pessoas ligadas à política.

Afinal, a internet nasceu de uma dimensão política, como ferramenta no mundo dos políticos, um poder. E, apesar de ser verdade que já não é exclusivamente assim, continua a ter uma forte dimensão política e é bastante politizada. Sendo as TIC propriedade dos políticos, parece-me óbvio o que se faz com elas: política.

Aprendi na escola que o nosso mundo tinha encolhido, isto é, que os diferentes lugares do mapa tinham ficado aparentemente mais próximos uns dos outros devido ao desenvolvimento das redes de transportes e comunicações. Isso é verdade, mas não posso deixar de ficar intrigado com a noção de mundo que me é passada pelas TIC em situações de guerra, por exemplo. Eu estou consciente dos conflitos armados que vão havendo por esse mundo fora, mas a maior parte das pessoas não. Elas apenas vão sabendo o que ouvem, vêm ou lêem nas TIC controladas, o que representa uma fração muito pequena da realidade e, quase sempre, um ponto de vista preferencial acerca do assunto. Ora, parece-me evidente que o conteúdo que chega às massas é limado pelo remetente, não esquecendo aquele que é posto de parte porque talvez seja do interesse dos “donos” das TIC. Tudo isso é política. Então, o mundo que, afinal, estará mais pequeno, parece ainda ser muito grande, quando há conflitos armados por vários lugares, que merecem preocupação, parecem ter lugar num lugar longínquo, sem impacto na nossa pacífica vida, pela maneira que nos são relatados.

Exemplos como a Coreia do Norte, onde não há internet disponível à população, ou o Egito, onde se proibiu o Youtube por ter exibido um vídeo ofensivo de cariz religioso, são o reflexo do poder imenso que a internet tem e pode ter.

Metaforizando e sendo um pouco simplista, penso que se pode dizer que se trata de um caso como a escolha entre uma maçã muito saudável, benéfica para a saúde e um chocolate prejudicial. A maior parte das pessoas, confrontada com uma escolha assim, optaria pelo chocolate, pois o prazer de o comer é enorme, mesmo sabendo que é a opção menos acertada para a sua saúde, tendendo a esquecer isso. Claro que haveria sempre alguns que escolheriam a maçã, mas uma minoria: aqueles que o faziam por teimosia ou grande consciência do potencial prejuízo do chocolate perante o benefício da maçã.

É isto que acontece com o mundo das TIC. Os utilizadores usam (e abusam) delas, mesmo estando disponível informação acerca dos seus malefícios e até ser escandalosamente evidente o rol de imoralidades que as rodeiam. E continuam a fazê-lo, pois é demasiado incómodo, trabalhoso ou cansativo preocuparem-se com esses aspetos. Isso poderia ser alterado, alertando as pessoas acerca dos aspetos positivos e negativos de cada escolha e consciencializando-as sobre o papel e importência das TIC. Mas isso não se faz… Porque quem tem o maior poder de o fazer não está interessado nisso, pois talvez tenha uma fábrica de chocolates…Fica-se apenas pela aceitação não refletida das coisas, nada mais, como se estivesse tudo bem…

Não quero nem posso alongar-me muito mais sobre o assunto, mas sinto que é alarmante esta falta de participação das massas no controlo das TIC, assim como acho que não é o legítimo elas serem tão controladas por pequenos grupos de indivíduos, que têm em si o poder de fazer das “suas” TIC o que bem entendem. Simplesmente não deveria ser assim. As TIC são de e para as massas. Portanto, são elas que devem preservá-las e dinamizá-las. Não creio que isso já aconteça, como me querem fazer crer. Sim, as massas já têm liberdade para criar conteúdo, mas isso não é o suficiente para deixar de haver uma preferência ideológica permanente no conteúdo que nos é massivamente apresentado. Isto, porque é humanamente impossível haver uma situação ideal em que cada um vai à procura do conteúdo que mais serve o seu interesse. Assim, deve procurar-se atingir uma forma de fazer das TIC um espaço aberto a todos, comum, isento de ideologia política, que albergue e transmita os conteúdos de todos os pontos ideológicos, de maneira a que, depois de ser confrontado com eles, o indivíduo possa partir para uma pesquisa pessoal sobre um ponto e escolher seguir um modelo de ação que ache o ideal para si.

No filme do Homem-aranha diz-se, a certa altura, isto: “Com grande poder, vem grande responsabilidade”. E é esta verdade universal que devia estar refletida nas TIC. Elas são um enorme poder ao nosso dispor e, portanto, há uma enorme responsabilidade em nós para com elas. Hoje em dia, não penso que haja.

Agora, depois de uma muito breve pesquisa eletrónica e de uma reflexão não muito exaustiva sobre o assunto, concluo que a minha ideia inicial se mantém verdadeira e ainda é reforçada. As TIC são elas próprias política e, para o bem e para o mal, estarão sempre ligadas com o poder, já que são uma poderosa ferramenta para inúmeros fins. O ideal não existe, mas o mais vantajoso sim, e é esse ponto que devemos procurar atingir. Enquanto as TIC forem controladas como são hoje, sentir-me-ei muito triste, pois acho que estamos a menosprezar e a não aproveitar o potencial que elas têm para a humanidade. É preciso cuidarmos do que é nosso por natureza, tomar conta disso, procurar o seu bem e não deixar que alguém se apodere disso. Se isto é algo que se ensina às crianças, porque será que nós, os crescidos, não o fazemos?

Ricardo Almeida

Um Singular Autómato Colectivo

Discorrer sobre a mediação digital será sempre reflectir sobre uma dualidade Yin/Yang. Creio que o lado sombrio predomina quando consideramos as relações humanas como mais que um meio para um fim ou uma mera ferramenta utilitária. Essa sombra alonga-se à medida que perdemos o controlo e distancia-nos de nós próprios.

Com a intensificação decursiva desde há vinte anos para cá, corremos o risco de nos metamorfosearmos no apêndice que transportamos, de adoptar o papel de objecto. O sujeito é o dispositivo que encarna a nossa ausência.

Nesse contexto há que ter em conta um conceito de literacia digital que peca por se limitar ao domínio da linguagem informática. O lapso reside no desvalorizar da consciência. Por conseguinte, usamos muitas vezes o universo virtual como um mecanismo de escapismo, de obstrução dos sentidos, visando desligar o interruptor crítico do espírito. Num mundo moderno acelerado pela tecnologia, a visão turva e a atitude de reflexo é fugir a um exacerbado temor da solidão. Assim, cada um ludibria a fachada do eu face a esse tormento. Na verdade, estamos somente a fomentar o seu âmago. Não só o medo é procrastinado, mas também uma conduta activa e de manejo das rédeas da vida perante questões maiores. Evitar o elefante no quarto é uma forma alternativa de carpe diem e evadimo-nos tanto diante do presente como do futuro.

Em oposição ao que apregoam, as redes sociais online, por exemplo, desconectam indivíduos. Plataformas como o Facebook fabricam uma determinada representação de uma pessoa e, como ente único, esta é coagida a adaptar-se. Contribuem também para uma progressiva banalização e deturpação do termo “amizade”, de tal modo que é precisamente o espaço cibernético quem mais se aproxima da sua acepção fidedigna: por lhe concedermos o título de prioridade, pela permanência ao longo do tempo e pela não dependência de um contexto semelhante para sobreviver (devido à sua ubiquidade). Se permitirmos que os média digitais regulem a nossa teia de contactos, se forem eles o souvenir da existência de pessoa x, o que seremos senão um espelho partido?

Daí irrompem duas alienações de aparência paradoxal: a ilusória das excepções que recusam a subjugação por teclados e uma outra, real, que afecta massivamente a sociedade e se disfarça pelo facto de ser partilhada por multidões. Na mesma senda de concebermos necessidades que não o são através da mecanização, é comum os primeiros acreditarem que a sua minoria é sinónimo de estarem errados e, então, resvalam no avassalador buraco negro. No fim, ninguém é ninguém e essa insanidade encara-se com normalidade.

As relações à distância não devem tomar o trono das presenciais. Tal será entrar numa espiral de erros comunicativos e cair no poço superficial da despersonalização. O tacto, os gestos, a permuta de palavras e a troca de olhares sem paredes são sustentáculos a que tendemos a renunciar no ponto final da infância. É da conectividade mental motivada pelo acto físico que se desenvolve a qualidade etérea das ligações interpessoais.

Claro, a era digital, inclusive no íntimo, não é um vilão absoluto. Somos nós a escrever o guião! Cabe à humanidade despertar, aprender a retorquir “não” à pressão social, resistir aos (enérgicos, porém breves) sintomas de privação e restringir o carácter anestesiante da tecnologia. Ela possui o potencial imenso de divulgar, integrar e até criar novas práticas artísticas. Pode ser arte! Inquietar e expandir horizontes! Originar introspecção e autoconhecimento! Um aperfeiçoamento individual como linha de partida para uma melhoria global, cuja amplificação estará, em parte, a cargo dos novos média.

Lâmpada: é o pólo positivo do mal que leva à génese de uma antagonista ideia de bem. Se queremos voar mais alto, apenas temos de cavar mais fundo!

                                                                                                Francisco Silveira


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