Netspeak

David Crystal desenvolveu o conceito de netspeak ao investigar o impacto que a internet tem na linguagem. Netspeak é a linguagem virtual que, inicialmente, começou por ser utilizada na internet, maioritariamente nas redes sociais e, posteriormente, a sua utilização passou a ser efectuada também nas mensagens de texto (SMS). O conceito anteriormente referido tem como objectivo facilitar a comunicação, a linguagem virtual é simplificada, na medida em que torna a comunicação mais rápida e flexível. Nas redes sociais e nas mensagens de texto assiste-se a um cruzamento da escrita e da oralidade, o que se sucede nesses ambientes é uma conversação em forma escrita mas com traços da oralidade. A abundância de comunicação é intensa e o ambiente informal atrai uma linguagem mais próxima da oralidade. Algumas das expressões da linguagem virtual tornaram-se tão triviais que passaram a ser usadas na linguagem oral do nosso quotidiano.

Caracteriza-se por ser uma linguagem carregada de abreviaturas, assim como emoticons (junção de emotion + icon que se traduz por uma sequência de caracteres tipográficos) e, emojis (palavra que significa “pictograma” em japonês que seleciona várias imagens incluindo animais ou objectos).

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emoticons

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emojis

Numa conversa presencial, é possível fazer uma breve análise comportamental do sujeito e, por exemplo, associar o que este diz às suas expressões faciais ou corporais para que, desta forma, se conclua qual o verdadeiro intuito ou significado daquilo que acabou de proferir. Os emoticons e os emojis contribuem para a demonstração de sentimentos ou emoções numa conversa virtual, uma vez que, a escrita usada na internet não permite facilmente sintetizar as emoções. Ambos servem para que o interlocutor exprima as suas emoções ou evite situações inconvenientes, como a de ser mal interpretado.

O netspeak e todos os aspectos que se integram no mesmo, é um processo de transição ou metamorfose entre os novos média e a linguagem. Esta temática tem dado origem a estudos e pesquisas importantes relacionadas com a nossa conjuntura na sociedade da informação.

Joana Valente

Tecnologias do sujeito

Michel Foucault foi um filósofo, teórico social, filólogo e crítico literário. As suas teorias abordam a relação entre o poder e o conhecimento e, aprofundam a relação destes dois tópicos, assim como a sua utilização visando o controlo social por meio de instituições sociais.

Foucault afirma que as tecnologias do sujeito são tudo aquilo que permite aos indivíduos através dos seus meios, ou com a ajuda de outros, um certo número de operações nos seus próprios corpos e almas, pensamentos, conduta e forma de ser, de modo a transformarem-se a eles mesmos, a fim de atingir um certo estado de felicidade, pureza, sabedoria, perfeição ou imortalidade.

Na actualidade, a tecnologia pode ser vista como um dispositivo capaz de provocar uma transformação radical no ser humano, desde a informática e contiguamente a realidade virtual, até à biotecnologia e nanotecnologia.

Ao focar uma especial atenção na temática da realidade virtual, quer seja nas redes sociais ou nos jogos online, observamos inúmeras construções e reconstruções do “eu” (em diferentes escalas), uma vez que, na realidade virtual o indivíduo adquire o poder de se moldar ou criar da forma que quiser, obtendo assim uma nova identidade. Através da internet, a identidade estende-se a multiplicidade, onde há a possibilidade de construir e alternar várias “personalidades”. A identidade na realidade virtual é flexível pois, não é vista como algo definitivamente construído ou finalizado, mas sim como algo em construção. As identidades ou representações criadas na rede podem ser denominadas de avatares, o avatar é o sujeito na realidade virtual. É necessário “avatarizar-nos” de forma a podermos actuar dentro da rede, o papel do avatar é expressar o poder da nossa vida em rede.

Contudo a leitura, por exemplo, pode ser também considerada uma tecnologia do sujeito, na medida em que o leitor vai sofrer uma transformação dos seus pensamentos, após ter lido e, tal acção acentua a emergência da consciência individual.

A tecnologia com que vivemos no nosso quotidiano força-nos a colocar a nós próprios questões como “quem somos?” e “o que viremos a ser?”.

Joana Valente

O meio é a mensagem

Herbert Marshall McLuhan nasceu a 21 de Julho de 1911, no Canadá. Aos 23 anos formou-se em Literatura Inglesa, pela Universidade de Manitoba e em 1942 doutorou-se em filosofia na Universidade de Cambridge.

McLuhan estudou o impacto das novas tecnologias e os efeitos dos meios de comunicação na sociedade. Nas suas pesquisas desenvolveu conceitos que alcançaram grande fama e foram amplamente divulgados. “O meio é a mensagem” foi uma das suas declarações mais importantes e é também o título da sua obra publicada em 1967. A afirmação acima referida foi inovadora, na medida em que, até então, apenas se tinham elaborado estudos relacionados com o conteúdo difundido pelos meios, focando a questão da mensagem e ignorando o meio que a disseminava. Contudo essa tendência foi contrariada quando o autor apresentou esta nova perspetiva visionária.

Os suportes da comunicação e as tecnologias são determinantes na mensagem: os conteúdos modificam-se em função dos meios que os veiculam.”

A mensagem pode ter diversos significados como resultado do meio que a divulga. McLuhan explica-nos que, uma mensagem transmitida de forma oral ou por escrito tem diferentes estruturas perceptivas, ou seja, o indivíduo que vai ser o receptor do conteúdo, irá adotar diferentes mecanismos de compreensão, consoante o meio utilizado para lhe fazer chegar a mensagem. Uma mesma mensagem é percebida por um mesmo indivíduo de formas diferentes se ele as receber em diferentes meios, o que faz com que a mesma mensagem adquira diferentes significados.

Alguns conteúdos são transmitidos deliberadamente através de um certo meio e não por outro, além dos meios ditarem, por vezes, o assunto da mensagem também são escolhidos de forma intencional conforme o público a que se quer fazer chegar a mensagem.

Concluindo, o meio não deve de ser visto como um simples veículo de transmissão da mensagem, já nos apercebemos do quão determinante na comunicação pode ser, uma vez que pode demarcar o conteúdo desta.

Joana Valente

O declínio da escrita manual

A necessidade de comunicação trouxe as primeiras tentativas de elaboração de um sistema de escrita há quatro mil anos atrás. Antes de qualquer alfabeto ter sido inventado já haviam as formas mais básicas de escrita que, se resumiam a representações gráficas, criadas pelas diferentes civilizações da época. As formas de escrita evoluíram, hoje o alfabeto romano é o sistema de escrita alfabética mais comum.

O homem contemporâneo tem presenciado as transformações galopantes que resultam da globalização. O irromper dos computadores e da internet alterou a comunicação entre as pessoas, a interação social adquiriu um formato mais dinâmico, uma vez que, a mesma pessoa pode realizar as mais diversas tarefas ao possuir estes dois elementos.

A internet fez surgir novos géneros discursivos que possibilitaram a aproximação da oralidade à escrita através de uma linguagem informal. A realidade virtual mudou a escrita que é efetuada através da mesma, surgiu uma redução gráfica, movida pela necessidade de realizar uma comunicação mais rápida em menos tempo que, de certa forma reflete o funcionamento da sociedade capitalista, uma forma de viver caracterizada pelo movimento acelerado das relações interpessoais e institucionais.

A velocidade da comunicação na internet fez surgir uma linguagem distintiva com inúmeras abreviações que não respeitam as regras de ortografia, são diminuídas as palavras, os acentos e pontuações removidos, com o argumento da velocidade da interação comunicativa e de que o importante é entender e fazer-se entender.

O e-mail e as mensagens de texto têm substituído o correio tradicional e os tablets os cadernos dos estudantes. Os especialistas afirmam que o sistema de escrita através da caneta e papel e do teclado exigem diferentes processos cognitivos. As crianças podem levar muitos anos até conseguirem dominar a técnica da escrita manual, ao passo que manusear um teclado e utilizá-lo para escrever um texto revela-se bem mais fácil, basta pressionar a tecla certa.

A qualidade de um texto, a sua correção ortográfica, harmonia e equilíbrio deve ser mais importante do que a forma utilizada para o produzir. Contudo o leitor sente-se mais próximo do autor se o texto for escrito manualmente. A caligrafia de cada pessoa é diferente e única, deixa transparecer a emoção e certas particularidades do autor.

Joana Valente

O controlo executado pelo poder político

Os novos média desempenham uma profunda influência sobre as sociedades onde a internet é predominante. No contexto político, os novos meios de comunicação têm adquirido um papel de extrema importância ao longo dos anos, podendo-se até afirmar que o processo político está a ser reinventado com a cooperação das novas tecnologias da informação e comunicação. As várias tecnologias que compõem os novos média podem servir para divulgar a auto-expressão, ou até mesmo como um veículo de ligação entre os integrantes de uma sociedade e os indivíduos com cargos políticos de destaque pertencentes à mesma.

Os meios de comunicação, como a televisão, rádio, jornais e internet (entre outros) mantêm as pessoas informadas em relação a questões políticas, bem como eventos e processos referentes à mesma temática. Contudo, apesar dos meios anteriormente citados informarem o público, estes podem também ser usados para desinformar, ou seja, distorcer a verdade do assunto em causa. É possível compreender a origem desta desinformação se nos debruçarmos sobre certas realidades por vezes ignoradas. Inúmeros meios de comunicação são financiados por empresas externas; desta forma, o negócio e a busca pelo lucro ultrapassam o dever ético de prestar informações válidas ao público. É importante salientar que um grande número de donos das tecnologias de comunicação são políticos ou indivíduos que de alguma forma mantêm uma relação próxima com a política.

Ao aceitar toda a informação que nos chega através dos novos média sem questionar a mesma, ou seja, ao acreditar que a veracidade das notícias é garantida, ficamos vulneráveis à manipulação. A solução de fácil alcance individual passa por manter o espírito crítico a funcionar, sendo que desta forma haverá uma maior resistência do público face aos golpes de condicionamento por parte dos novos média.

Em jeito de conclusão, as tecnologias da comunicação e de informação devem ter como função descrever o mundo e os acontecimentos à volta dele para o público, sem distorcer ou ocultar, apresentando apenas os factos reais que existem, sem acrescentar nada mais. Distingue-se uma certa tendência utópica na frase anterior, pois essa tarefa parece ser de impossível concretização ao avaliar os meios de comunicação dos nossos dias. É igualmente importante não esquecer que a realização desta tarefa é essencial ao processo democrático que, no caso de Portugal, tão fervorosamente defende.

Joana Valente

 


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