Nos dias de hoje, a nossa sociedade apesar de pobre, é uma sociedade de luxos. Seria impossível, antigamente, pensar em ver algo em movimento, ver a captação real de um momento ou até ouvir um simples ruido que não saísse de uma boca. Hoje em dia, em casa ou fora dela, vemos por todo o lado sequências de imagens, ouvimos vozes na rádio, na televisão, no computador, nos carros, nas lojas, em todo o lado conseguimos estar em contacto com estes novos media.
Podemos começar por falar da primeira fotografia que foi registada em 1838. Trata-se de uma fotografia urbana que apanha duas ruas de prédios e uma rua entre elas, esta fotografia deu-nos o primeiro registo de lugar, o primeiro retracto do ser humano, onde podemos observar cada pormenor, coisa que seria impensável se simplesmente lá passasse-mos no meio, pois há sempre mais do que aquilo que vemos para descobrir, existem muitos mais ângulos e ainda muitas mais perspectivas.
A voz, que tem o seu primeiro registo em 1877, tem a capacidade de registar todos os elementos expressivos de qualquer individuo. É mais presente que, por exemplo, uma fotografia, essa trata-se de uma forma mais plena de captar a presença.
Já as primeiras filmagens foram realizadas em 1888, no jardim de uma casa onde os actores aparecem a rir e a andar de um lado para o outro, intitulada de Roundhay Garden Secene é uma curta-metragem britânica considerada o primeiro filme da história ainda sobrevivente. Essas filmagens vieram revolucionar toda a geração que via só e simplesmente aquilo que era naturalmente visível, palpável e real.
As imagens em movimento são cinema, o cinema são imagens em movimento, dão-nos uma expansão visual fantástica para além de servirem de registo, de poderem voltar a ser vistas, de poderem ser inventadas e impossíveis (porque a imaginação cresce com o cinema). As imagens acima de tudo serviam como registo do passado – memórias.
A voz, a fotografia e as imagens em movimento são, sem dúvida, uma extensão dos sentidos, alargam-nos a capacidade de ver e ouvir, conseguimos ver (através de fotografias) e ouvir (através de filmes, gravações etc.) o que não conseguimos captar naturalmente, no momento, cara a cara. Com o registo da primeira voz, da primeira fotografia e da primeira imagem em movimento, todo o mundo começou a poder preocupar-se com os chamados pormenores, e isso acaba por completar o conhecimento do real.
Mais tarde, tudo isso deixou de servir tanto de testemunho de um acontecimento, de um momento e passou a servir mais de entretenimento. Daí veio tudo aquilo que conhecemos hoje, que nos entretém como grande parte dos programas televisivos, a propaganda, a publicidade, os programas de rádio, a música, os teatros, o cinema, etc.
Tudo isto é um fenómeno que veio alargar toda a percepção visual e auditiva daquilo que nos rodeia.
Soraia Lima