“O caráter, assim como a fotografia, desenvolve-se no escuro.”

Segundo Sherry Turkle, as tecnologias e o seu avanço provocaram em nós um desequilíbrio, a convicção de companhia constante. Esse desequilíbrio, chamemos-lhe assim, trata-se (não só, mas também) da nossa incapacidade de enfrentar a solidão, o medo de estar só. Essa incapacidade é camuflada pelo uso das redes sociais; a substituição dos amigos de “carne e osso” pelos amigos virtuais que nos transmitem conforto através de um simples “like” ou comentário, remete-nos para a ilusão de que não estamos sozinhos. Mas a realidade é outra e muitos dos adolescentes e mesmo adultos não a conseguem percecionar. “Juntos mas sozinhos”, formatados pelas tecnologias presentes em todos os espaços da sociedade, criam uma disfunção ao nível da fala, onde nos é possível percecionar as dificuldades que crianças/adolescentes, que contaminados pelas tecnologias, já não conseguem manter uma simples conversa, onde as perguntas se tornaram básicas e as respostas curtas, tal qual como nas mensagens de texto.

Discernindo sobre dois tipos de solidão, a solidão enquanto opção que é saudável, permite momentos de reflexão, de autoanálise, o entendimento de nós mesmos antes dos demais, o aceitar-se, permitir-se, o olhar para a vida de forma rica e harmoniosa; e solidão enquanto condição que traz infelicidade e que se repercute para doenças do foro psicológico.

Turkle alerta assim para a necessidade da solidão saudável, essencial ao ser humano, o “desligar da conexão” por instantes, para nos permitir-mos ao pensamento e consciencialização. As tecnologias devem ser encaradas como boas quando não substituem a nossa vida real e quando não interferem diretamente com aquilo que somos/queremos ser.

“Os grandes homens estão muitas vezes solitários. Mas essa solidão é parte da sua capacidade de criar. O caráter, assim como a fotografia, desenvolve-se no escuro.”

Yousuf Karsh

Ana Freitas Oliveira

E já dizia o McLuhan…

O conceito de Aldeia Global, introduzido pela primeira vez pelo teórico Marshall McLuhan pretende explicar a tendência de evolução do sistema mediático como elo de ligação entre os indivíduos num mundo que ficava cada vez mais pequeno perante o efeito das novas tecnologias da comunicação. McLuhan considerava que, com os novos media, o mundo se tornaria uma pequena aldeia, onde todos poderiam falar com todos e o mais insignificante dos rumores poderia ganhar uma dimensão global.

Esta sua teoria ganharia corpo com o aparecimento da Internet, sendo este um meio de comunicação atualizado ao minuto, de forma tal que para nós é impercetível. Para que fiquemos a perceber esta afirmação tomemos em conta o site Youtube onde a cada minuto são postadas 100 horas de vídeo, o equivalente a quase 4 dias de exibição continua.

Mas como qualquer outro meio de comunicação a Internet possui as suas vantagens e desvantagens. Como vantagens podemos referir a facilidade com que dois interlocutores em partes absolutamente distintas do globo se comunicam de forma quase instantânea; a facilidade de acesso á informação e a liberdade para a escolha da informação á qual queremos ter acesso (ao contrário, por exemplo do jornal que nos “impinge” um conjunto de informações da qual muitas vezes só uma nos interessa). Enquanto desvantagens podemos referir a constante postagem de conteúdo falso e abusivo o que leva ao “engano” do recetor que na maioria das vezes não se “dá ao trabalho” de perceber se essa mesma informação é ou não verdadeira.

A Internet é o meio de comunicação mais utilizado em todo o mundo, sendo que hoje em dia escasso é o número de pessoas que a ela não tem acesso.

http://www.infopedia.pt/$aldeia-global

http://info.abril.com.br/noticias/internet/por-minuto-100-horas-de-video-sao-postadas-no-youtube-19052013-11.shl

https://aboutmarshallmcluhan.wordpress.com/category/aldeia-global/

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Marshall McLuhan

https://aboutmarshallmcluhan.wordpress.com/category/fotos/#jp-carousel-99

Ana Freitas Oliveira

Banalização a cargo dos fotógrafos de bolso

Podemos definir a fotografia ou “escrita da luz” como a arte de fixar a imagem de qualquer objeto numa chapa ou película com o auxílio da luz. A fotografia surge da necessidade que o homem tinha de “conhecer o real” algo que não nos era possível até então através da pintura. A fotografia como hoje a conhecemos foi um processo que teve vários responsáveis.

A primeira fotografia tirada por Nicéphore Niépce, “View from the window at Le Gras” em 1826, depois de 8 horas de exposição é o momento chave do início da imortalização do momento, o permitir do registo da memória. É através desta fotografia que se dá uma revolução científica e artística.

Tornando-se a fotografia num meio de massas, podemos afirmar que qualquer um hoje em dia pode intitular-se fotógrafo. A banalização desta arte coloca por exemplo outras artes em categorias, digamos, mais elevadas como é o caso do cinema ou imagem em movimento, partindo do pensamento que qualquer um pode tirar uma foto mas nem qualquer um pode fazer um filme. Sendo que à dois contributos fundamentais para a banalização da fotografia, e são eles a implementação nos telemóveis/smartphones de pequenas câmaras fotográficas e a criação de redes sociais onde a necessidade de atualização fotográfica é constante. Todos estes “fotógrafos de bolso” (que não podem ser chamados de fotógrafos amadores) acabam por ofuscar a verdadeira essência da fotografia e os verdadeiros profissionais “do olho perspicaz”. Em diálogo é rapidamente possível constatar esta minha última reflexão.

Pergunto eu: Quantos fotógrafos profissionais conheces?

Responde ela: Nenhum!

Alguns dos verdadeiros profissionais “do olho perspicaz” podem ser encontrados anualmente, na mais prestigiada distinção de foto-jornalismo a cargo da Wold Press Photo, uma organização independente sem fins lucrativos criada em 1955, em Amesterdão.

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Fotografia “de Bolso” – Frisca

Ana Freitas Oliveira

A Deep Web e a política

Poucos são os que ouviram falar ou conhecem a realidade da deep web. Resumindo de uma forma simples, a deep web é toda a internet que não se encontra indexada aos motores de busca tradicionais e onde só nos é possível aceder através de um browser próprio que tem como função proteger a nossa identidade. No dia-a-dia apenas acedemos à internet da superfície que constitui apenas 20% de todo o universo da internet. Se dividíssemos a deep web por camadas, poderíamos contar até 9, sendo que o cidadão comum só conseguirá aceder até à terceira e que a partir daí só com conhecimento adequado e material apropriado. A deep web é todo um mundo macabro e assustador, onde o que não poderia estar à “mão de todos” se encontra escondido. Contratar assassinos, comprar droga ou armas e até fóruns de canibalismo são algumas das coisas que podemos encontrar. Mas nem tudo na deep web é negativo, pelo contrário. Podemos encontrar livros ou filmes que por alguma razão foram censurados, bem como blogs relacionados com política que pelo medo que os autores sentem de que seja revelada a sua verdadeira identidade, foram colocados na internet profunda, de forma a não sofrerem consequências.

A famosa Wikileaks, uma organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia que publica no seu site posts de fontes anónimas, documentos, fotografias e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis, foi criada na internet profunda e só depois surge à superfície. O país mais prejudicado com a criação da Wikileaks será certamente os Estados Unidos, onde constantemente são divulgados documentos confidenciais do país e procedimentos militares. Uma das mais notáveis publicações do site até hoje é o vídeo “Collateral Murder”.

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WikiLeaks através do browser TOR

Ana Freitas Oliveira


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