Arquivo de Maio, 2015

Avatar ou Real ?

Quando jogamos um jogo onde nos é dada a possibilidade de criar um avatar  que tipo de avatar vamos escolher  ?

Será que de algum modo não vamos de certa maneira escolher um avatar  que  reflita  algo que secretamente gostássemos de ser se habitássemos naquele mundo fictício,? Será que não podemos considerar que de certo modo o avatar vai ser o nosso reflexo durante o jogo?   Respondendo as 2 perguntas anteriores resposta é sim pelo menos no meu caso!

Quando escolho um personagem num jogo escolho um que eu gostasse de ser naquele mundo, com a qual de certo modo me identifique ou pelo menos com a qual eu sinta vontade  de jogar .   na minha opinião os avatares são  de certo modo o reflexo de cada um de nós durante o jogo.  É o nosso avatar que os outros jogadores vêm e mesmo que falem ou comuniquem no chat não chegam a ver as nossas caras , por isso de um certo modo estão a falar para o nosso avatar.

Quando criamos uma conta numa rede social será que de certo modo não estamos também a  criar mais uma avatar nosso  atrás do qual nos escondemos?

A resposta aqui é sim e não, depende de cada pessoa!

Há pessoas que criam uma conta numa rede social e escondem- se atrás  de fotografias de outras pessoas ou qualquer outro tipo de  fotografias  e também os próprios nomes associados a essas contas não têm nada a ver com o real nome dessas pessoas .  nestes casos é um avatar como se fosse o de um jogo pois nada esta associado aquela determinada pessoa.

Mas a maioria das pessoas cria contas  com nome próprio  onde vai colocando fotos  e publicando coisas que podem refletir o que está a sentir ou a pensar num determinado momento. Aqui eu já não considero que sejam  avatar pois pudemos ver com quem estamos a interagir , pois não foi criada uma personagem, apenas foi criada uma conta que possibilita que uma pessoa comunique mais facilmente com quem deseja , mas sem se esconder atrás de um avatar e sem viver num mundo fictício .

Ambos os casos refletem a necessidade crescente que o ser humano tem em se comunicar com os outros , quer seja escondido atrás de um avatar , jogando um jogo , ou através de uma conta criada numa rede social como o  facebook.

Estaremos nos  dependentes  destes meios?

Luis Santos

Netspeak

David Crystal desenvolveu o conceito de netspeak ao investigar o impacto que a internet tem na linguagem. Netspeak é a linguagem virtual que, inicialmente, começou por ser utilizada na internet, maioritariamente nas redes sociais e, posteriormente, a sua utilização passou a ser efectuada também nas mensagens de texto (SMS). O conceito anteriormente referido tem como objectivo facilitar a comunicação, a linguagem virtual é simplificada, na medida em que torna a comunicação mais rápida e flexível. Nas redes sociais e nas mensagens de texto assiste-se a um cruzamento da escrita e da oralidade, o que se sucede nesses ambientes é uma conversação em forma escrita mas com traços da oralidade. A abundância de comunicação é intensa e o ambiente informal atrai uma linguagem mais próxima da oralidade. Algumas das expressões da linguagem virtual tornaram-se tão triviais que passaram a ser usadas na linguagem oral do nosso quotidiano.

Caracteriza-se por ser uma linguagem carregada de abreviaturas, assim como emoticons (junção de emotion + icon que se traduz por uma sequência de caracteres tipográficos) e, emojis (palavra que significa “pictograma” em japonês que seleciona várias imagens incluindo animais ou objectos).

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emoticons

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emojis

Numa conversa presencial, é possível fazer uma breve análise comportamental do sujeito e, por exemplo, associar o que este diz às suas expressões faciais ou corporais para que, desta forma, se conclua qual o verdadeiro intuito ou significado daquilo que acabou de proferir. Os emoticons e os emojis contribuem para a demonstração de sentimentos ou emoções numa conversa virtual, uma vez que, a escrita usada na internet não permite facilmente sintetizar as emoções. Ambos servem para que o interlocutor exprima as suas emoções ou evite situações inconvenientes, como a de ser mal interpretado.

O netspeak e todos os aspectos que se integram no mesmo, é um processo de transição ou metamorfose entre os novos média e a linguagem. Esta temática tem dado origem a estudos e pesquisas importantes relacionadas com a nossa conjuntura na sociedade da informação.

Joana Valente

Outra Realidade

Cada vez mais, somos bombardeados com novos aparelhos que são lançados todos os dias, computadores topo de gama, telemóveis de última geração, televisões em 3D. Todos eles cada vez mais evoluídos e transparentes com o objectivo de nos proporcionar a melhor experiência enquanto estamos a trabalhar com eles. Isso permite-nos como que nos teletransportar para dentro deles e esquecer tudo o que se passa à nossa volta.
Por outro lado, é impossível a completa absorção para dentro destes aparelhos pois o meio que nos rodeia está sempre presente e impede-nos a completa experiência de Imediacia. O ipad ficou sem bateria, a televisão passou para os anúncios, alguém nos chama para realizar algo, ou acontece algo nesse mundo que nos faz perder o completo interesse nele fazendo com que nos comecemos a aperceber do que se passa à nossa volta. Isso faz com que perceba-mos que na realidade estamos a olhar só para um aparelho electrónico e que na realidade não estamos noutra dimensão, Hipermediacia.
Isso acontece várias vezes quando estamos a jogar um jogo, ou até a ver um filme, estamos tão fixados no que estamos a fazer que todo o que está à nossa volta desaparece. O nosso mundo passa a ser o mundo virtual, nós mesmos passamos a ser virtuais, a nossa realidade passa a ser outra, Imediacia.
No entanto quando passa uma publicidade, ou o jogo acaba já começamos a ver o contorno dos aparelhos, apercebemo-nos que estamos sentados no sofá e o interesse naquele mundo electrónico começa a desaparecer e leva-nos outra vez para a nossa realidade, onde somos seres humanos e não algo virtual, Hipermediacia.
Pessoalmente assusta-me sermos tão absorvidos para a realidade electrónica que nos esquecemos completamente do mundo real, podemos ver os lados positivos, pois existem, as experiências que nos dão, o tempo só para nós. No entanto estamos a perder o nosso mundo, estamos a perder o que se passa à nossa volta e o que é na realidade importante.

Bruna Ferreira

O desaparecimento da escrita tradicional

Desde o início dos tempos houve uma necessidade de comunicação. Foi aí que houve as primeiras tentativas de um sistema de comunicação, isso aconteceu há milhares de anos atrás. Cada sociedade tinha uma forma de comunicar básica que ajudava com as suas relações e até a viverem em harmonia.
As formas de comunicação evoluíram e agora temos o alfabeto romano como base da escrita alfabética. Agora diferente de antigamente conseguimos comunicar com qualquer pessoa no planeta terra e com a evolução da linguagem veio a evolução das tecnologias.
A internet fez surgir novos géneros discursivos que possibilitaram a proximidade da oralidade à escrita através de uma linguagem despreocupada e informal. A realidade virtual mudou a realidade de escrita, começaram a aparecer as abreviações, os acentos e a pontuação desapareceram tudo para facilitar a velocidade da comunicação. É importante salientar que esta forma de escrita não respeita as regras de ortografia no entanto quem usa esta forma de escrita consegue fazer-se entender.
O correio tradicional foi substituído pelas mensagens de texto e pelo e-mail, tal como o papel e a caneta pelo computador e pelo ipad. Na actualidade as crianças sabem manusear o computador, ipad, telemóvel e tablet mais rápido do que a escrita tradicional o que não deixa de ser preocupante pois a nossa sociedade é feita pela comunicação e pela escrita e não pelas abreviações e pelos emojis.
A escrita é feita pelas pessoas, pela sua ortografia, pela forma da sua letra, pela sua inclinação, por ser algo único pois cada pessoa tem a sua caligrafia. Com as mensagens de textos, os chats e com os e-mails pode-se perder a forma mais pura e única de comunicar.

Bruna Ferreira

Sinais de fumo ou WiFi?

Não custa conhecer a histórias da escrita e a sua evolução. qualquer manual de história nos apresenta uma cronologia suficiente para que possamos pesquisar e compreender o porquê de a vida e comunicação hoje ser assim. desde há trinta e cinco anos para cá que muita coisa mudou, a Internet teve o seu boom na década de 90 após ter estado em top-secret durante a Guerra Fria. As telecomunicações nunca mais foram as mesmas, o avanço da tecnologia e facilidade de transmitir e receber informação disparou.

Nasci em 1996, ano em que já existiam duas mãos cheias de empresas licenciadas para ativar o aceso à Internet pelos Serviços de Telecomunicações Complementares Fixos em Portugal. Foi um
bom ano para nascer, a Internet ainda não estava enraizada no quotidiano das pessoas. Sinto que tive o melhor dos dois mundos, o pré-Internet e o pós. Poucas crianças terão a oportunidade de ter uma infância tão diversificada como eu e os meus colegas tivemos.

Antes de a minha cidade ter um óptimo acesso de rede por cabo, encontrei um manual de escutismo no qual tinha descrito vários códigos de mensagem. Citando:

Código Braille (Falso)
Data
Alfabeto Invertido
Transposto
Picos de Morse
Passa um Melro
Passa dois Melros
Alfabeto Numeral
Romano-Árabe
Metades
Grelha
Vogais por Pontos
Caranguejo
Frase-Chave-Vertical
Frase-Chave-Horizontal
Frase
Código +3
Código Chinês 1
Código Chinês 2
Angular
Última Letra Falsa
Homógrafo-Traços
Nós de Morse
Batalha Naval – Certa
Batalha Naval – Incerta
Jornal
Vertical
Horizontal
Caracol
Primeira Letra Falsa

Eu e mais três amigos divertiamo-nos a por em código leads de notícias, a organizar caças ao tesouro. Tudo com a ajuda de um simples manual. Nunca fomos muito agarrados ao livro, andávamos sempre com ele à vez, mas passávamos os códigos para um caderno e não lhe tocávamos mais para que a lombada não descolasse. Até ao dia em que alguém se aproximou do final do livro e encontrou uma folha A4  dobrada duas vezes. Eram instruções sobre sinais de fumo; como manter uma boa fogueira e dicas de como comunicar à distância. Sentíamo-nos cowboys, nessa altura.

Nos tempos de hoje não é recorrente comunicar com estas três pessoas que tiveram tanta importância na minha infância, às vezes há uma SMS, combinamos um café, mas mais facilmente procuramos sinais de WiFi quando estamos juntos que comunicação cara a cara.

Carlos Vicente Paredes

Um mundo HÍBRIDO !!!

Cada vez mais nos dias de hoje, o nome CIBORGUE, começa a ganhar mais relevância, pois cada vez mais aparecem indivíduos com chips implantados, ou com partes do corpo cibernéticas em vez de orgânicas. Tudo isto mostra o quão cada vez estamos mais dependentes da tecnologia, embora a grande parte das vezes seja por razões de saúde, para pessoas com problemas de visão (exemplo o qual vou falar a seguir), problemas motores ou de fala.

Um Ciborgue é um organismo cibernético, isto é, um organismo dotado de partes orgânicas e cibernéticas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial.

O termo deriva da junção das palavras inglesas cyber (netics) organism, ou seja, “organismo cibernético”. Foi inventado por Manfred E. Clynese Nathan S. Kline em 1960 para se referir a um ser humano melhorado que poderia sobreviver no espaço sideral. Tal ideia foi concebida depois de reflectirem sobre a necessidade de estabelecer uma relação mais íntima entre os seres humanos e máquinas, em um momento em que o tema da exploração espacial começava a ser discutido.

Um exemplo de um ciborgue real é o exemplo de Neil Harbisson, considerado o primeiro ciborgue e reconhecido como isso. Harbisson tem acromatopsia, uma condição que desde o nascimento o obrigou a ver o mundo em preto e branco. Desde os 20 anos, tem instalado um olho electrónico chamado eyeborg, que permite ao artista escutar as cores.

Com o aparecimento destes novos Ciborgues cada vez mais, começo a acreditar que daqui a uns anos muitas pessoas conseguiram superar doenças físicas, que até ali seriam impossíveis de corrigir. Quem sabe com isto aumentar talvez a esperança média de vida da sociedade. Claro que isto seria um processo muito lento e só apenas daqui a muitos anos seria possível tal acontecimento.

Tiago Marques

T

A Identidade Online

Se há algo inescapável, é a necessidade humana de vida em sociedade. É através da sociedade e em confronto com ela que, desde crianças, formamos a nossa identidade; nela assimilamos os nossos valores morais e questionamos os daqueles que nos rodeiam. Somos, de facto, o animal social, que criou e foi criado pela comunidade em que habita. Contudo, é também verdade que esta tem por base um conjunto de ideias preconcebidas, as quais podem provocar em alguns de nós uma sensação de deslocamento, resultando na separação do indivíduo e sociedade.

Os avatares e as comunidades online surgem, então, como autênticas máscaras que nos permitem viver uma sociedade à qual nos adaptamos com mais facilidade. As razões para tal podem ser várias: uma deficiência física que é superada através de um personagem equiparável a personagens guerreiras míticas; uma tentativa de auto-expressão que, por receio de inadaptação, é dificultada no mundo real; a busca por um universo extraordinário onde somos mais que humanos. Em suma, uma busca de transcendência; busca esta geralmente focada na participação em MMORPG, jogos online frequentados por múltiplos indivíduos em locais vários, porém conectados em simultâneo.

De certa forma, estas comunidades funcionam quase como o jogo do faz de conta. Fazem lembrar uma espécie de parques infantis nos quais podemos experimentar o papel de outrem; posições de poder estratégico, físico, místico; os últimos sobreviventes, ou parte de uma comunidade de lutadores. Através destes avatares, podemos assumir uma personalidade que não nossa, e reinventarmo-nos. Assimilar novas ideias, novos hábitos, tal como faríamos em criança. Absorver o mundo fictício, ou dele retirar apenas o que nos auxilia no mundo real. Nas palavras empregadas por Sherry Turkle, online life emerged as an “identity workshop”; ou seja, o mundo online surge-nos como uma verdadeira ferramenta de melhoramento pessoal na ponta dos nossos dedos.

Beatriz de Sousa Ferreira

C!B0RGU€S

O termo ciborgue surgiu nos anos 60, através de Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline, ambos cientistas que investigaram nas áreas da saúde e tecnologia, e consiste num organismo cibernético dotado de constituintes orgânicas e cibernéticas, com a finalidade de melhorar as capacidades do ser humano através da tecnologia. O desejo do Homem de explorar o Espaço e de estabelecer uma ligação humano-máquina fazem parte do contexto que contribui para a criação deste conceito, à cerca de 50 anos atrás.

Atualmente, já existem vários casos de implantação de dispositivos e chips em organismos humanos. Ciborgue seria, então, uma mistura de um ser humano com um robot, dando origem a uma espécie de homem-máquina, dotado de um organismo cibernético. Mas não será isto mais um indicador da constante dependência da tecnologia por parte da sociedade atual? As debilidades ou deficiências físicas do ser humano parecem já não ser uma limitação. O aumento da utilização da tecnologia na área da saúde torna-se justificável e até compreensível, na medida em que contribui para melhorar a qualidade de vida das populações.

Neil Harbisson é considerado o primeiro ciborgue da história, ao instalar no seu cérebro um dispositivo que lhe permitiu recuperar parte da sua visão. Esta prótese artificial contribui indubitavelmente para melhorar o seu bem-estar e qualidade de vida. No entanto, esta tecnologia não é totalmente transparente, apesar de já ter adquirido um tamanho bastante reduzido. Considerando isto, qual seria o impacto deste mecanismo na sociedade? Seriam os ciborgues bem aceites pelo seu aspeto exterior? Contudo, toda a tecnologia parece caminhar no sentido da transparência total do meio e, dentro de alguns anos, estes dispositivos irão adquirir tamanhos tão reduzidos que passarão desapercebidos. Atualmente, já existem microchips, quase ‘invisíveis’.

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Neil Harbisson, o primeiro ciborgue.

Mas, considerando que os ciborgues têm como finalidade melhorar a qualidade de vida dos seres humanos e são dispositivos cibernéticos, não serão os simples aparelhos auditivos também um ciborgue? E, da forma como a tecnologia penetrou na nossa sociedade, não seremos todos ciborgues? Será mesmo necessária a implantação de dispositivos no interior do organismo humano para este se poder considerar ‘ciborgue’? O ser humano parece «alimentar-se» de tecnologia, não o tornará isso numa máquina?

Nota: Cibernética é a ciência que estuda os mecanismos de comunicação e de controlo nas máquinas e nos seres vivos.

 Diogo Martins

“O caráter, assim como a fotografia, desenvolve-se no escuro.”

Segundo Sherry Turkle, as tecnologias e o seu avanço provocaram em nós um desequilíbrio, a convicção de companhia constante. Esse desequilíbrio, chamemos-lhe assim, trata-se (não só, mas também) da nossa incapacidade de enfrentar a solidão, o medo de estar só. Essa incapacidade é camuflada pelo uso das redes sociais; a substituição dos amigos de “carne e osso” pelos amigos virtuais que nos transmitem conforto através de um simples “like” ou comentário, remete-nos para a ilusão de que não estamos sozinhos. Mas a realidade é outra e muitos dos adolescentes e mesmo adultos não a conseguem percecionar. “Juntos mas sozinhos”, formatados pelas tecnologias presentes em todos os espaços da sociedade, criam uma disfunção ao nível da fala, onde nos é possível percecionar as dificuldades que crianças/adolescentes, que contaminados pelas tecnologias, já não conseguem manter uma simples conversa, onde as perguntas se tornaram básicas e as respostas curtas, tal qual como nas mensagens de texto.

Discernindo sobre dois tipos de solidão, a solidão enquanto opção que é saudável, permite momentos de reflexão, de autoanálise, o entendimento de nós mesmos antes dos demais, o aceitar-se, permitir-se, o olhar para a vida de forma rica e harmoniosa; e solidão enquanto condição que traz infelicidade e que se repercute para doenças do foro psicológico.

Turkle alerta assim para a necessidade da solidão saudável, essencial ao ser humano, o “desligar da conexão” por instantes, para nos permitir-mos ao pensamento e consciencialização. As tecnologias devem ser encaradas como boas quando não substituem a nossa vida real e quando não interferem diretamente com aquilo que somos/queremos ser.

“Os grandes homens estão muitas vezes solitários. Mas essa solidão é parte da sua capacidade de criar. O caráter, assim como a fotografia, desenvolve-se no escuro.”

Yousuf Karsh

Ana Freitas Oliveira

Tecnologias do sujeito

Michel Foucault foi um filósofo, teórico social, filólogo e crítico literário. As suas teorias abordam a relação entre o poder e o conhecimento e, aprofundam a relação destes dois tópicos, assim como a sua utilização visando o controlo social por meio de instituições sociais.

Foucault afirma que as tecnologias do sujeito são tudo aquilo que permite aos indivíduos através dos seus meios, ou com a ajuda de outros, um certo número de operações nos seus próprios corpos e almas, pensamentos, conduta e forma de ser, de modo a transformarem-se a eles mesmos, a fim de atingir um certo estado de felicidade, pureza, sabedoria, perfeição ou imortalidade.

Na actualidade, a tecnologia pode ser vista como um dispositivo capaz de provocar uma transformação radical no ser humano, desde a informática e contiguamente a realidade virtual, até à biotecnologia e nanotecnologia.

Ao focar uma especial atenção na temática da realidade virtual, quer seja nas redes sociais ou nos jogos online, observamos inúmeras construções e reconstruções do “eu” (em diferentes escalas), uma vez que, na realidade virtual o indivíduo adquire o poder de se moldar ou criar da forma que quiser, obtendo assim uma nova identidade. Através da internet, a identidade estende-se a multiplicidade, onde há a possibilidade de construir e alternar várias “personalidades”. A identidade na realidade virtual é flexível pois, não é vista como algo definitivamente construído ou finalizado, mas sim como algo em construção. As identidades ou representações criadas na rede podem ser denominadas de avatares, o avatar é o sujeito na realidade virtual. É necessário “avatarizar-nos” de forma a podermos actuar dentro da rede, o papel do avatar é expressar o poder da nossa vida em rede.

Contudo a leitura, por exemplo, pode ser também considerada uma tecnologia do sujeito, na medida em que o leitor vai sofrer uma transformação dos seus pensamentos, após ter lido e, tal acção acentua a emergência da consciência individual.

A tecnologia com que vivemos no nosso quotidiano força-nos a colocar a nós próprios questões como “quem somos?” e “o que viremos a ser?”.

Joana Valente

WHAT IS A AVATAR ?

olá,  avatar é um pequeno pedaço de códico  de facil utilização que permite programar os nossas sistemas  vertuais. Em avatar olá Beteth Coleman examina o aspecto crucial das nossas mudanças culturais do analógico para o digital: o cuuntiunum entre on-line e off-line o que ela chama de `´REALIDADE´` X  que atravessa entre o virtual e o real. Ela olha para o surgimento de um mundo que não é, nem virtual,l nem real mas engloba uma multiplicidade de combinações de rede. Ela argumenta que é o papel de avatar para nos ajuda a expressar a nossa agência. o nosso poder de personalizar a nossa vida em rede.

Por avatar Coleman significa não apenas as figuras animadas que povoam as nossas telas, mas a gestal de imagens texto e multimédia que compõem nossas identidades on-line em mundos virtuais como o second life e não forma de e-mail, chat de video e outros artefactos digitais.Explorando essa actividades de rede como forma de realização, extrema violencia virtual), e um trabalho na realidade  de laboratórios virtuais, e oferecendo entrevistas, barras lateral com designações profissionais, Ela argumenta que, o que é novocom  colaboração em tempo real e com presenças a nossa forma de fazer conexões  usando media em rede e as culturas em torno deste. A estrela deste drama de horizontes explanadas é o assunto em rede- todos nós que representam aspectos nós mesmo e do nosso trabalho em todo o medias cape

Em avatar olá Coleman explica nos o que está acontecendo nas bordas de sociedade em rede de forma profunda e reveladores. Ela provoca o melhor em nos empurrando as fronteiras da nossa reflexão sobre a identidade. Ela consegue operar o nível mais grave de teoria e o nível mais imediato do designer e da prática do mesmo texto. o novo livro do Coleman é um verdadeiro presente, para o estudioso, o designer e para o leitor em geral iguais

IVETE MONTEIRO

A ditadura dos imojis

E se, de um momento para o outro, se iniciasse a inserção dos tão famosos “smiles”, nos variados modelos de escrita do que está à nossa volta ? Ora vejamos, o resultado…

“ – Aqui tem! – dirigiu-se ao padre Terrier, um monge calvo e cheirando um pouco a vinagre, que lhe veio abrir-lhe a porta.
E pousou o cesto na soleira da porta.
– O que é isto ? – questionou Terrier, ao mesmo tempo que se inclinava sobre o cesto e cheirava, supondo tratar-se de víveres.
-O bastardo da infanticida da Rua aux Fers!
O padre remexeu no cesto, até pôr a descoberto o rosto do recém-nascido adormecido.
-Está com bom aspecto! – observou. – Com as faces rosadinhas e bem alimentado.” (…)

“ O Perfume, História de um assassino, de Patrick Suskind ”

Ficaria qualquer coisa deste género:

“ – Aqui tem! 😉
E pousou o cesto na soleira da porta.
O que é isto ? 😕
O bastardo da infanticida da Rua aux Fers! 😅
O padre remexeu no cesto, até pôr a descoberto o rosto do recém-nascido adormecido. 😇
Está com bom aspecto! – 😋 – Com as faces rosadinhas e bem alimentado. 😊” (…)

É flagrante o empobrecimento textual que se verifica num simples excerto. Poderão retorquir, dizendo que assim são mais visíveis as emoções e estados através da utilização “ da carinha correspondente” , contudo, a meu ver, esta só por si torna-se bastante redutora já que a grande ambiguidade leva a que cada um interprete a figura de um modo diferente.
Contudo, não vem de agora a tentativa de “ilustração” das palavras, desde sempre, que o homem procura colmatar a dificuldade que tem em exprimir-se por palavras, ou melhor, exprimir-se com as palavras certas, através da inserção de imagens que correspondam ao que pretendem transmitir. Inicialmente, tal poderia ser justificado, por exemplo na Idade Média, devido da necessidade de “educar” através de imagens, já que apenas uma infima parcela da população era alfabetizada.
De modo algum poderemos querer equiparar a escrita de uma simples sms a um romance, contudo não é o facto de cada vez mais os “smiles” serem utilizados na escrita corrente, mas sim o facto de estes servirem atualmente para substituir palavras, situação que acaba por culminar num progressivo “esquecimento” do lirismo que as palavras em si comportam.

Francisca Cruz

Netspeak….Sempre?

Netspeak é um modo de comunicar que foi criado especificamente para o uso nas mensagens e nos 3chats na internet. Um dos objectivos da criação deste tipo de comunicação foi o de não se ter de escrever todas as letras das palavras e explicar os nossos sentimentos de maneira mais rápida e curta, não só para popr tempo como também porque muitos dos dispositivos par mandar mensagens tinham um limite de caracteres por mensagem.

O Netspeak foi criado em inglês mas rápido esta ideia de utilização de abreviaturas e emoticons (símbolos para mostrar emoções e estados de espírito) tornou se mundial.

Como alguns exemplos de Netspeak temos:

‘lol’-laughing out loud;

‘l8’- late

‘idk’- I don’t know

‘CU’-see you

‘u’- you

Bff-best friend forever

B4- before

4-for

Estes são só alguns exemplos depois temos também os emoticons, exemplos destes são:

J (feliz)

L (triste)

😉 (wink)

:/ (incerteza)

E com estes as pessoas explicam o que sentem sem usar uma única palavra!

Claro que eu não critico o uso de tudo isto, porque eu também o uso mas tudo deve ser usado com peso e medida e nas alturas correctas. Não deve ser por o netspeak ser mais fácil e rápido que o devemos usar em tudo ou em todas as mensagens, pois com isso acabamos por perder a capacidade de desenvolver as nossas ideias e explica-las com todo o seu significado.

E temos de admitir quando alguém usa esta for de escrever sempre deixa de ser levada tão a serio e deixa de ser perceptível se sabe escrever ou não correctamente.

Devemos sempre fazer um esforço para escrever o mais correctamente possível, podemos usar algumas abreviaturas e emoticons mas não fazer disso a regra!

Netspeak Chart

Filipa Silva

Como garantir um discurso coerente, objetivo, claro e com qualidade?

Herbert Paul Grice, filósofo britânico que se focou no estudo da linguagem, estabeleceu um conjunto de regras ou premissas que, segundo ele, devem “orientar o ato conversacional”. Grice atribui a estas regras a designação de máximas conversacionais – são princípios que descrevem o comportamento linguístico dos interlocutores e regras que regulam a conduta linguística. Ao respeitar o princípio das máximas conversacionais, o interlocutor está também a respeitar o princípio da cooperação – um indivíduo deve interagir com outro da forma mais explícita e completa possível para que todos os enunciados sejam corretamente interpretados.

“Faça a sua contribuição conversacional tal como se requer, na situação em que tem lugar, através do propósito ou direção aceites no intercâmbio conversacional em que está engajado” – Herbert Paul Grice

As máximas conversacionais constituem a competência conversacional dos interlocutores, pois caso sejam descuradas ou não apresentem coerência podem pôr em causa a eficácia do ato comunicativo.

“Os nossos diálogos, normalmente, não consistem numa sucessão de observações desconectadas, e não seria racional se assim fossem” – Herbert Paul Grice.

Grice estabeleceu, então, quatro máximas conversacionais que devem ser respeitadas para garantir um discurso eficaz:

1) Máxima da qualidade: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja o mais verdadeira possível e, para tal, não deve fazer afirmações que acha serem falsas e também não deve afirmar aquilo de que não tem provas suficientes para confirmar a sua veracidade.

Exemplo:

– Quando começa a verão?

– 23 de março.

(A resposta à pergunta é incorreta, logo a máxima da qualidade só seria respeitada se a resposta fosse ’21 de julho’).

2) Máxima da relevância: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja pertinente e relevante em relação ao objetivo da conversa.

Exemplo:

– Queres ir ao centro comercial esta noite?

– Preciso de ir à casa de banho.

(A resposta à pergunta foi completamente descontextualizada e nada relevante para o objetivo da conversa).

3) Máxima da quantidade: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja tão informativa quanto necessária, isto é, que seja nem mais nem menos informativa do que aquilo que é fundamental para o que a conversa pede.

Um discurso repetitivo e longo pode constituir uma violação desta máxima, pois estará a sobrecarregar-se o enunciado de informação redundante e desnecessária.

Exemplo:

A que horas tens aulas hoje?

Tenho aula de Anatomia às 11:00, na sala 14, na Faculdade de Medicina.

(A informação dada foi excessiva e desnecessária. A resposta poderia ter sido simplesmente “Às 11 horas”).

4) Máxima de modo: o interlocutor deve tentar que a sua contribuição conversacional seja clara, organizada e breve.

Para respeitar esta máxima, devem ser evitados discursos que possam apresentar múltiplas significações ou induzir a outra pessoa em erro.

Exemplo:

– Queres ir à praia esta tarde?

– Talvez sim, talvez não.

(Apesar de breve, a resposta dada não foi clara nem concreta, deixando o interlocutor que fez a pergunta na dúvida).

Assim, para garantir um ato conversacional coerente, concreto, breve, relevante, objetivo, organizado, claro, verdadeiro e com sentido, estas máximas devem ser respeitadas, garantindo que a informação é entregue da forma mais eficaz possível.

Diogo Martins

Humanos 2.0

Os dispositivos digitais estão constantemente a ser usados pelo ser humano, fazendo com que possam ser considerados extensões da mente humana.

É quase impensável para nós sairmos de casa sem o telemóvel, isto porque sabemos que durante o dia-a-dia precisaremos de comunicar com alguém, fazer uma pesquisa no google, jogar os nossos jogos favoritos ou até mesmo actualizar os nossos perfis nas redes sociais, e por isso podemos, ainda mais do que uma extensão, denominar este dispositivo de melhoria da mente humana. Isto porque nos dá capacidades que não possuímos naturalmente. Possuir um dispositivo como um smartphone dá-nos imediatamente o poder de comunicar a longas distâncias, de fazer uma viagem rápida para algum destino cujo caminho nos seja desconhecido, de procurar solução para quase qualquer problema na internet, ou mesmo fazer uma compra e pagá-la, em qualquer lugar do Mundo.

O mais recente exemplo desta utilização dos dispositivos como extensão da nossa mente é o Smartwatch. Os smartwatches são dispositivos móveis, com a forma de um relógio de pulso, com a capacidade de fazer quase tudo o que os telemóveis, tendo ainda a capacidade de “trabalhar” em conjunto com estes últimos, podendo ser usados para atender as chamadas que fazem para o nosso telemóvel e também receber e enviar mensagens.

O facto de este dispositivo ter a forma de um relógio é um indicador claro do quanto estamos ligados aos nossos dispositivos, introduzindo-os até no nosso vestiário.

Podemos, portanto, concluir que os nossos dispositivos fazem parte de nós, modificando as nossas práticas diárias e ajudando-nos a superar-nos a nós próprios, oferecendo-nos habilidades que há 20 anos atrás seriam impensáveis.

João Resende

O meio é a mensagem

Herbert Marshall McLuhan nasceu a 21 de Julho de 1911, no Canadá. Aos 23 anos formou-se em Literatura Inglesa, pela Universidade de Manitoba e em 1942 doutorou-se em filosofia na Universidade de Cambridge.

McLuhan estudou o impacto das novas tecnologias e os efeitos dos meios de comunicação na sociedade. Nas suas pesquisas desenvolveu conceitos que alcançaram grande fama e foram amplamente divulgados. “O meio é a mensagem” foi uma das suas declarações mais importantes e é também o título da sua obra publicada em 1967. A afirmação acima referida foi inovadora, na medida em que, até então, apenas se tinham elaborado estudos relacionados com o conteúdo difundido pelos meios, focando a questão da mensagem e ignorando o meio que a disseminava. Contudo essa tendência foi contrariada quando o autor apresentou esta nova perspetiva visionária.

Os suportes da comunicação e as tecnologias são determinantes na mensagem: os conteúdos modificam-se em função dos meios que os veiculam.”

A mensagem pode ter diversos significados como resultado do meio que a divulga. McLuhan explica-nos que, uma mensagem transmitida de forma oral ou por escrito tem diferentes estruturas perceptivas, ou seja, o indivíduo que vai ser o receptor do conteúdo, irá adotar diferentes mecanismos de compreensão, consoante o meio utilizado para lhe fazer chegar a mensagem. Uma mesma mensagem é percebida por um mesmo indivíduo de formas diferentes se ele as receber em diferentes meios, o que faz com que a mesma mensagem adquira diferentes significados.

Alguns conteúdos são transmitidos deliberadamente através de um certo meio e não por outro, além dos meios ditarem, por vezes, o assunto da mensagem também são escolhidos de forma intencional conforme o público a que se quer fazer chegar a mensagem.

Concluindo, o meio não deve de ser visto como um simples veículo de transmissão da mensagem, já nos apercebemos do quão determinante na comunicação pode ser, uma vez que pode demarcar o conteúdo desta.

Joana Valente

O Software Nas Nossas Vidas

Nos dias de hoje o contacto com algum tipo de software é praticamente inevitável, ele está presente nos nossos telemóveis, computadores, tablets e até em alguns televisores.
Mas existem vários tipos de software, vocacionados para diferentes funções.
Alguns programas e aplicações são utilizados exclusivamente a nível profissional, ou seja, este tipo de software age como ferramenta de trabalho.
Porém, existem também milhões de “apps” e programas direccionados para o lazer, entretenimento, desporto e muito mais.
Obviamente que todo este software à nossa volta tem implicações no nosso estilo de vida, e na forma como socializamos com os outros.
Como exemplo disso, temos as SMS’s (Short Message Service), que vieram introduzir ao mundo uma nova forma de comunicação escrita, muito mais rápida e acessível do que todas as anteriores, sendo utilizado em estilo de conversa, e não para assuntos formais ou profissionais. É aí que entra o E-Mail, muitas vezes denominado como o “substituto da carta”, embora esta última forma de correspondência não tenha caído ainda completamente em desuso.
Muito daquilo que vemos como arte é realizado através do software. A edição musical exemplifica isso muito bem, em que várias ferramentas de software se juntam na criação ,edição e masterização da música que chega ao consumidor final.

O Design Gráfico é mais uma das áreas em que o software é frequentemente envolvido, através de programas utilizados também na edição fotográfica.

Podemos concluir assim que o software tem um enorme peso nas nossas vidas, estando ligado a quase tudo o que fazemos, tanto no trabalho, como nas nossas outras actividades diárias.

João Resende

Os Conceitos de Copresença e Tempo-Real

No nosso dia-a-dia, sem apercebemo-nos, existem vários processos de mediação com vários conceitos. Dois desses conceitos, que eu vou falar, são a copresença e tempo-real.

– E o que são esses conceitos? – perguntam aqueles agarrados ao telemóvel sem saber que projeção dão ao mundo.

Não estou a julgar, eu também não sabia, teve de ser a Beth Coleman a explicar-me.

Muito bem, e o que é a copresença?

Bem, a copresença é um conceito de criação de um ambiente onde duas (ou mais) pessoas estão juntas, via uma conexão de rede, mas não estão realmente no mesmo sítio. Um exemplo disto seria uma chamada pelo Skype ou um stream de videojogo pelo Twitch. Com esses processos de mediação, existe assim uma atmosfera de familiaridade e convívio, sem as pessoas envolvidas estarem alguma vez no mesmo lugar.

O outro conceito, tempo-real, é, basicamente, o tempo que existe realmente, ou pelo menos o tempo que nós humanos experienciamos (existe a quarta dimensão espacial, people).

Isso, em relação com os processos de mediação, transmite-se numa forma mais pessoal. Um exemplo dessa relação poderia ser o site de social media, Facebook. Onde experienciamos, em tempo-real, a adição de fotos e comentários que o nosso tal amigo adiciona ao seu perfil (onde em 90% dos casos não é nada de interessante ou revelante) e nós somos quase como um espetador nessa vida digital. Em tempo-real.

Carolina Gonçalves

Um diferente meio, uma diferente repercussão da mensagem.

McLuhan

No século XX ocorreram profundas transformações políticas, económicas, sociais, mas sobretudo científicas, tecnológicas e artísticas que permitiram uma nova concepção do mundo.

Por exemplo, na arte, a originalidade ganhou um papel de extrema importância, onde as convenções clássicas foram deixadas à margem, produzindo-se uma arte nova que apelava à crítica, à imaginação e à ironia.

Igualmente, por volta da década de sessenta, investiu-se em perceber qual a repercussão dos media na sociedade. Um dos maiores investigadores deste fenómeno foi Herbert Marshall McLuhan (1911-1980). Este sociólogo canadiano produziu duas grandes obras: The Guttenberg Galaxy: the Making of Typographic Man (1962) e Understanding Media: the Extensions of Man (1964).

Destas obras extraem-se três aspectos fulcrais para se perceber a ideia de McLuhan, são eles: the medium is the message; os media como extensões do ser humano; e meios quentes e meios frios.

No primeiro aspecto, no qual o meio é a mensagem, McLuhan explicava que o mais importante não é o conteúdo, mas o veículo através do qual este é transmitido. Por outras palavras, McLuhan apostava em perceber o papel dos media enquanto difusores de informação. Esta interpretação gerou bastante controvérsia na época, dado que as anteriores pesquisas atribuíam grande significado à mensagem em detrimento do estudo do veículo por onde essa era transmitida.

Desta forma, é inevitável não se estudar as características específicas de cada media, ou seja, é preciso analisar pormenorizadamente os vários media, saber quais os seus defeitos e qualidades, para assim se definir qual a melhor forma de os utilizar.

Entramos, deste modo, no aspecto dos media como extensões do ser humano, isto é, os media recorrem aos nossos sentidos para se fazerem transmitir. McLuhan distingue três Eras: a Era Tribal, marcada por uma linguagem que privilegia os sentidos do gosto, do olfacto e da audição, onde a oralidade assume um papel enaltecedor em detrimento do poder da escrita; a Era da Escrita, na qual o sentido da visão torna-se predominante, favorecendo a distância individual, bem como a lógica e o pensamento linear, e o desenvolvimento da filosofia, da ciência e da matemática; a Era da Imprensa que nos remete à Galáxia de Gutenberg, onde se agudiza o predomínio da visão, onde a estandardização das línguas nacionais conduz ao nacionalismo, onde a uniformização da comunicação escrita elaborada pela imprensa antecipa o modo de produção industrial e onde se promove o desenvolvimento da ciência e do individualismo; e, por fim, a Era Eletrónica, definindo-se como uma autêntica “aldeia global”, na qual as notícias circulam a uma velocidade incrível, onde a televisão e os meios eletrónicos favorecem a participação e a espontaneidade e promovem a retribalização da humanidade, e cuja essência origina o declínio do pensamento lógico e linear na cultura eletrónica.

Para explicar melhor as suas convicções, McLuhan distingue meios frios de meios quentes. Os meios frios transmitem uma mensagem menos óbvia, sendo necessária alguma dedicação para a compreender, sendo exemplo, a fala, a animação, o telefone, a televisão, a escrita e a ideografia. Estes meios têm baixa definição e alta participação do receptor; por sua vez, os meios quentes transmitem uma mensagem precisa e clara que se impõe fortemente ao receptor, não exigindo uma leitura de grande esforço, como a imprensa, a escrita alfabética, a rádio, o cinema (excepto os filmes de animação). Estes meios apresentam ainda uma alta definição e uma baixa participação do receptor.

Obviamente que esta distinção de meios frios e meios quentes, hoje em dia, tem de ser questionada, visto que existem meios, como a televisão, que pode ser considerada um meio quente e frio ao mesmo tempo. Ou seja, a Era Eletrónica na qual nos encontramos actualmente tem meios cuja alta definição e a participação activa torna complicada e controversa a diferenciação entre frio e quente.

Em suma, o impacto de uma mensagem depende do meio através do qual esta circula. O meio modifica, sem dúvida, o peso de uma determinada mensagem, tal como o seu conteúdo.

Rafael Pereira.

PRESENÇA

Beth Coleman escreveu o livro Hello Avatar: Rise of the Networked Generation, ela estudou como a tecnologia afectou as pessoas nos últimos anos de 2000.

A verdade é que na ultima década a maneira como as pessoas se relacionam mudou drasticamente, temos cada vez mais relações feitas através de dispositivos médias do que cara a cara, no geral,isto faz com que tenhamos uma realidade diferente da que existia à uns anos atrás, tanto para o lado bom como o mau.
Posso dizer por experiência própria, e contra mim falo, de que noto uma diferença cada vez mais crescente quando estou no café com amigos, a fala é mais escassa, há momentos em que damos por nós e estamos, todos nós, a olhar para o nosso smartphone, ou a jogar ou ás mensagens com alguém que não está presente. Por outro lado há também coisas boas nesta nova realidade como conseguirmos comunicar com familiares ou amigos que estão a quilómetros e quilómetros de distância, ou aquela simples mensagem de bom dia que faz com que acordemos com outra disposição.

Coleman fala nos conceitos de “copresença” e “tempo-real”, a copresença é conseguirmos comunicar com alguém que não está presente, que não está no mesmo sitio que nós, para mim acho até parecido com o conceito de Sherry Turkle “alone together” pois estamos sozinhos mas estamos a comunicar com alguém, estamos ligados, estamos sozinhos estando juntos. A “copresença” traz com ela uma proximidade e relações frequentemente falsas, pois por vezes essa é a única relação que existe entre duas pessoas não há o verdadeiro “olhar nos olhos”, não há toque, não há proximidade, não há relação. Mas claro que isto acontece quando há apenas este tipo de relação, uma relação artificial, tecnológica. Quando a relação é mais do que apenas tecnológica penso que a “copresença” seja algo que ajuda e muito numa relação, seja ela qual for, agora não temos que estar meses sem falar com o familiar que emigrou, ou falar de mês a mês por carta, onde não havia conversação, não era uma conversa em “tempo-real”, com os novos média podemos agora ter relações distantes a “tempo-real”.

Num modo geral penso que neste momento já estamos numa  realidade talvez um pouco alarmante, para alguns, para os mais novos penso eu, mas na minha opinião cabe a cada um e aos seus progenitores de mostrar que as relações que se estabelecem não podem ser apenas de “copresença” mas sim de PRESENÇA.

Ana Bento


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