Como sabemos, o papel dos média tem sido, ao longo dos tempos, extremamente importante. Nalguns casos, determinante. Hoje, visto ser dia 25 de Abril, sugiro reflectir sobre o papel dos média no importante acontecimento de há 35 anos.
Pelas 22 horas e 55 minutos de dia 24, a canção “E depois do Adeus” de Paulo de Carvalho é transmitida pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luís Filipe Costa. Previamente teriam combinado este como um dos sinais para desencadear a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.
Às 0 horas e 20 minutos, o programa Limite da Rádio Renascença (com o locutor Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano) transmitiu “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso, sendo este o segundo sinal que confirmava o golpe e marcava o início das operações.
Desde já podemos verificar o papel fundamental que a rádio adquiriu e que ajudou a mudar o rumo do nosso país, assim como da vida do povo português. Com a revolução, a Emissora Nacional, criada anos antes à semelhança de outros modelos europeus, e que servia sobretudo para fazer propaganda ao Estado Novo, sofreu uma imediata ocupação, com a nomeação de militares para todos os cargos relevantes. As forças de intervenção tomaram ainda o RCP e também a RTP, no Porto. Após este acontecimento, o estatuto da empresa concessionária da radiotelevisão foi alterado. Um ano mais tarde a RTP foi nacionalizada, transformando-se na empresa pública Radiotelevisão Portuguesa.
Hoje existem online o Centro de Documentação 25 de Abril da UC e ainda o sitio da Associação 25 de Abril.
Aqui temos a opinião de Zeca Afonso sobre a utilização da sua música.
Ora, se pensarmos na actualidade, como é que as coisas se teriam processado? Se bem que, por um lado, há uma maior facilidade de comunicação, com todas as mais-valias da internet, dos telemóveis, pagers e afins, por outro lado também é muito mais fácil “apertar o cerco” e controlar os movimentos. Na medida de forças venceria a circulação de informação ou a repressão? Seria mais complicado mobilizar e coordenar uma força interventiva?
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