Archive for the 'Tipografia Digital' Category

Netspeak….Sempre?

Netspeak é um modo de comunicar que foi criado especificamente para o uso nas mensagens e nos 3chats na internet. Um dos objectivos da criação deste tipo de comunicação foi o de não se ter de escrever todas as letras das palavras e explicar os nossos sentimentos de maneira mais rápida e curta, não só para popr tempo como também porque muitos dos dispositivos par mandar mensagens tinham um limite de caracteres por mensagem.

O Netspeak foi criado em inglês mas rápido esta ideia de utilização de abreviaturas e emoticons (símbolos para mostrar emoções e estados de espírito) tornou se mundial.

Como alguns exemplos de Netspeak temos:

‘lol’-laughing out loud;

‘l8’- late

‘idk’- I don’t know

‘CU’-see you

‘u’- you

Bff-best friend forever

B4- before

4-for

Estes são só alguns exemplos depois temos também os emoticons, exemplos destes são:

J (feliz)

L (triste)

😉 (wink)

:/ (incerteza)

E com estes as pessoas explicam o que sentem sem usar uma única palavra!

Claro que eu não critico o uso de tudo isto, porque eu também o uso mas tudo deve ser usado com peso e medida e nas alturas correctas. Não deve ser por o netspeak ser mais fácil e rápido que o devemos usar em tudo ou em todas as mensagens, pois com isso acabamos por perder a capacidade de desenvolver as nossas ideias e explica-las com todo o seu significado.

E temos de admitir quando alguém usa esta for de escrever sempre deixa de ser levada tão a serio e deixa de ser perceptível se sabe escrever ou não correctamente.

Devemos sempre fazer um esforço para escrever o mais correctamente possível, podemos usar algumas abreviaturas e emoticons mas não fazer disso a regra!

Netspeak Chart

Filipa Silva

Remediação

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A afirmação de Bolter e Grusin de que a ‘remediação’ é a principal característica técnica e formal dos meios digitais pode ser explicada de uma maneira relativamente simples.

O que estes escritores tinham como ideia de que todos os novos média têm como base da sua existência outros média que existiram antes destes, não podendo estes novos média existirem sem os anteriores terem existido.

Sendo assim, e porque é sempre mais fácil explicar algo com exemplos, a internet só existe hoje porque antes dela foi criada a maquina de escrever e o telefone. Se a pintura não tivesse existido e com isto ter sido criado o desejo da representação da realidade de forma fiel, a máquina fotográfica não teria sido criada.

Sempre que novos média são criados têm sempre outros média existentes dentro deles sendo o exemplo mais simples de que antes de existir a escrita de mensagens no telemóvel existiram as cartas e a máquina de escrever.

Mas claro que eles também referem que não são só os novos média que são inventados graças aos mais antigos, mas os média mais antigos também são reinventados tendo como base os meios mais recentes. Exemplos deste fenómeno são a criação de televisões cada vez mais parecidas com a internet ou então a utilização em filmes de efeitos especiais que são criados com ferramentas de programas de computadores.

Concluindo, a principal característica dos novos média é a ‘remediação’ pois existem sempre neles meios que já tinham sido criados.

 

 

Filipa Silva

Princípio da Variabilidade

Na obra The Language of New Media, Lev Manovich, um crítico de cinema e professor universitário que se debruçou sobre as áreas dos novos média, média digitais, design e estudos de software, propõe uma teoria dos novos média digitais que assenta em cinco princípios: a representação numérica, modularidade, automação, variabilidade e transcodificação cultural.

Focando-nos apenas no quarto princípio (variabilidade), é possível concluir que este conceito remete para as inúmeras versões que um objeto digital pode adquirir. Este princípio está estreitamente ligado ao princípio da representação numérica (os objetos digitais são compostos por códigos que podem ser descritos matematicamente, isto é, as unidades ou elementos são quantificáveis (código binário de 0s e 1s), e podem ser manipulados por algoritmos) e ao princípio da modularidade (os objetos digitais, sejam eles imagens, sons ou outras plataformas, têm na sua propriedade estrutural diferentes níveis ou «camadas» e são compostos por partes independentes que, por sua vez, são compostas por partes independentes de tamanho menor e assim sucessivamente, até chegar à unidade mais reduzida como o pixel, no caso de uma imagem). Estes dois princípios «alimentam» o conceito de variabilidade visto que, através deles, é possível criar um número potencialmente infinito de versões de um objeto digital. A manipulação destes objetos digitais pode adquirir duas formas: automática, quando é realizada por um algoritmo programado, ou humana, na medida em que parte da ação e vontade do próprio utilizador.

Observemos agora o princípio da variabilidade aplicado a diversos softwares:

1) Microsoft Word

Sem Títuxadsa

Neste software, o princípio da variabilidade é bastante simples de detetar. Basta escolher uma palavra e modificar o tipo de letra ou a cor, colocar em negrito ou itálico, aumentar ou diminuir o tamanho da letra, sublinhar… Através destes mecanismos (já automatizados pelo próprio software), podemos criar inúmeras versões visuais da mesma palavra, neste caso, a partir da manipulação humana.

2) Editor de imagem Pixrl

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Com este editor de imagem, é fácil obter uma versão diferente da mesma fotografia através da aplicação de um efeito. Os programadores tornaram este processo automático, isto é, basta apenas um clique (selecionando o efeito pretendido) para criar uma imagem diferente. Contraste, luminosidade, brilho ou cor são alguns dos elementos manipuláveis através destes softwares de imagem. A todas estas funcionalidades corresponde um algoritmo/código diferente.

3) Editor de vídeo Wondershare

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Tal como o editor de imagem, este software é muito semelhante, utilizando o mesmo método de edição. É possível acelerar ou diminuir a velocidade do vídeo, aplicar um efeito de cor, introduzir subtítulos ou adicionar efeitos visuais, por exemplo.

 4) Editor de som Audacity

Sem Títddulo

Este software de edição de som permite modificar, por exemplo, uma melodia tornando-a mais aguda ou mais grave, ou até aumentando a sua velocidade. Estes são apenas alguns dos exemplos que podem contribuir para criar várias versões da mesma peça musical. Podemos ainda adicionar batidas ou acordes para «reinventar» o mesmo som.

 5) Jogo Online Adventure Quest

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Este é um exemplo dos muitos jogos onde é possível criar um avatar personalizado. O jogador pode escolher toda a aparência física da personagem: formato e cor do cabelo, cor dos olhos, cor da pele, vestuário, calçado… Tal como acontece com todos os softwares anteriores, cada alteração/efeito/versão apresenta um algoritmo matemático programável e «invisível».

Assim, o princípio da variabilidade é, possivelmente, o mais «visível» ao olho humano, visto que percecionamos as inúmeras alterações e versões que são feitas na estrutura visual do objeto digital. Apesar disso, não observamos como são feitas essas alterações, isto é, não temos acesso direto aos códigos e algoritmos. Esse acesso seria, no entanto, inútil, visto que são necessários conhecimentos matemáticos e tecnológicos para conseguir programa-los. O software funciona, então, como «máscara» de todos estes processos digitais.

 Diogo Martins

#aletradaspessoas

Ultimamente tenho reparado, especialmente em algumas contas da plataforma Instagram de amigos uma imagem que se repete de uma conta para a outra. Trata-se de uma fotografia de um texto escrito à mão que diz:

“Uma coisa que a gente não conhece mais: a letra das pessoas. Essa é a minha, qual é a sua?”

Seguida pela hashtag #aletradaspessoas, a espécie de campanha que se tornou viral no início de março deste ano revela mais do que um modismo. O surgimento da escrita mecânica e cada vez mais seu desenvolvimento em teclas ( de máquinas de escrever à computadores ) até a invenção das telas touch mostram uma defasagem significativa em relação à escrita manual. Apesar de preferir escrever manualmente, e à lápis, o uso do computador, com o tempo alterou a forma que minha letra um dia já teve. E o que antigamente poderia ser compreensível, hoje em dia percebo que se transformou em garranchos identificáveis, muitas das vezes, somente por mim . Atribuo, além da falta de prática cotidiana, o fator da velocidade que cada vez mais parece querer se assemelhar, na minha escrita manual, ao uso que faço do teclado do computador ou do teclado virtual do celular. Sem dúvidas e com alguma prática, as vantagens de se digitar um texto em detrimento de escrevê-lo à mão recaem sobre a questão do tempo – e este cada vez mais escasso na nossa sociedade.

Voltando à campanha.

Resolvi pesquisar mais profundamente para entender da onde vinha essa nostalgia súbita de conhecer a letra das pessoas. Sintoma de uma sociedade ‘online, nonstop and on demand’? Percebi que de súbita essa nostalgia nada apresenta. Em 2012, através da plataforma Tumblr, foi criada a página Minha Letra Cursiva a partir do desejo e curiosidade da autora de conhecer a letra de seus amigos. O que era somente algo restrito a um pequeno grupo tomou força e foi crescendo com cada vez mais pessoas aderindo e enviando suas letras para serem postadas. No Tumblr, as mensagens enviadas eram diversas e cada pessoa poderia – e pode, criar sua própria mensagem para vê-la postada.

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A retomada – e digo isto pois foi no Instagram que a ideia do Tumblr teve seu início, da prática através do Instagram, a partir de março deste ano já conta com mais de 20 mil adeptos. O que era uma curiosidade se tornou uma campanha e revela que muito da mecanização que vivemos hoje em dia pode obliterar ações tão humanas quanto a individualidade de uma caligrafia. De um lado, especialistas se baseiam na grafologia – ou análise da personalidade através da caligrafia, para , por exemplo, seleção de emprego. Analisando os maneirismos da escrita de uma pessoa, esta ciência pode observar, além da personalidade, o caráter e possíveis distúrbios. Há testes online onde a pessoa pode comparar sua escrita com as categorias de análise – inclinação da escrita, ligação das letras, direção das linhas, dimensão da escrita, etc., e isso se aproxima da ideia de que a escrita é como uma impressão digital: única e particular.

Por outro lado, a internet transformou bastante a forma com que a gente se comunica e a educação acompanha essa mudança. O Ministério de Educação da Finlândia anunciou em dezembro de 2014 uma medida que vem gerando polêmica: a partir do ano letivo 2016/2017 cadernos e lápis serão substituídos por teclados, computadores e sistemas digitais. O Conselho Nacional de Educação do país indica que a digitação veloz é uma ‘importante habilidade cívica’ que toda criança deve aprender. Outro argumento é que há uma gama de opções de cursos online dos quais as pessoas tirariam maio proveito com uma digitação mais eficiente. Mais nem tudo está perdido. Destinado a uma maior performance em frente à tecnologia, o projeto finlandês ensinará a escrita manual nos dois primeiros anos de estudo e passará a assumir a digitação a partir de então. A prática do movimento manual se dará por meio de atividades paralelas como trabalhos artesanais e desenhos, que permitirão esse desenvolvimento cognitivo. Nos Estados Unidos, essa medida recebeu votos expressivos de escolas que simpatizam com o método.

Para uma melhor compreensão da problemática entre escrever à mão e digitar, o vídeo abaixo é esclarecedor.

 

Vejo essa campanha, mais do que curiosidade ou nostalgia, como uma forma de arquivamento da escrita manual. Agregando diversos tipos de letra, esse arquivo forma-se com a adesão de cada vez mais pessoas cientes, ou não, das mudanças que a tecnologia provoca. Tenho certeza que são momentos como este que se fazem ímpares na história da humanidade: das pinturas rupestres à oralidade, da oralidade para a escrita, dos papiros para os livros impressos e agora do mundo analógico ao mundo digital.

André Luiz Chaves

 

O caso da droga invisível

Somos seres dependentes… dependentes da tecnologia para viver. Talvez isso possa ser explicado pelas facilidades que esta permite à vida das pessoas. Temos o exemplo do editor de texto que pode ajudar quem tem dificuldade em escrever correctamente sem o auxílio da máquina… mas até que ponto isso será benéfico se essa mesma pessoa ficar dependente da máquina em vez de procurar ultrapassar as suas dificuldades, concentrando-se na escrita manual?

A velocidade da tecnologia está a alterar o nosso relógio biológico. As pessoas querem fazer tudo à velocidade do computador, o que gera nervosismo e ansiedade quando se apercebem que tal não é possível. Queremos fazer tudo mais depressa e esquecemo-nos de que não somos máquinas! Tornamo-nos impacientes e não conseguimos lidar com a pressão que a tecnologia exerce sobre nós, correndo o risco de gerar problemas de auto-estima.

Quando ocorre uma falha numa dessas tecnologias, por exemplo, quando um individuo está a fazer um trabalho num computador, falta a luz e o trabalho não ficou guardado. Fica irritado, revoltado, entra em crise, questiona o porquê disso ter acontecido “porquê eu? Mas o que é que eu fiz de mal? Que porcaria! Agora vou ter que começar de novo! Mas porque é que eu não guardei o trabalho antes?”… parece que o mundo acabou…

Eu mesma já me encontrei numa situação bem desagradável. Preparei uma apresentação em PowerPoint para uma disciplina, na qual defendia uma tese… um trabalho que levou dias a preparar… quando chega o dia da apresentação o computador da escola não estava a funcionar e fui obrigada a apresentar o trabalho sem poder visualizar o que tinha preparado. Senti-me frustrada, revoltada… nem queria acreditar! Aquele trabalho era a minha segurança, o meu documento de apoio!

Esta dependência das tecnologias está a tornar-se um fenómeno cada vez mais presente. Uma pesquisa  realizada pela Universidade de Maryland, nos EUA, constatou que a dependência de telemóveis, computadores e tudo que esteja relacionado com a tecnologia pode ser considerada semelhante ao vício das drogas.  O estudo avaliou 1000 alunos (de dez países) com idades compreendidas entre os 17 e os 23 anos, que ficaram durante 24 horas sem telemóveis, redes sociais, internet e TV. Segundo a pesquisa, 79% dos estudantes avaliados apresentaram desde desconforto até confusão e isolamento. Outro sintoma relatado foi o de comichão, uma sensação  parecida com a de dependentes de drogas que lutam contra o vício. Alguns estudantes relataram, ainda, stress simplesmente por não poderem tocar no telemóvel.  Pela primeira vez, o vício na rede foi comparado com o abuso de outras coisas, como drogas e álcool.

O imediatismo da internet, a eficiência do iPhone e o anonimato das interações em chat tornaram-se ferramentas poderosas para a comunicação e até mesmo para os relacionamentos.

Vídeo que aborda a ideia defendida neste texto: http://www.youtube.com/watch?v=ezvq4d72PA4

Surge então a questão: “Até que ponto a nossa vida online não se sobrepõe à nossa vida offline?”

Seja qual for o país, capitalista ou socialista, o homem foi em todo o lado arrasado pela tecnologia, alienado do seu próprio trabalho, feito prisioneiro, forçado a um estado de estupidez.  (Simone de Beauvoir)

Daniela Fernandes

É Netspeak, é? A tá. %-)

Lembra-se que precisa ler o script, mas precisa que uma pessoa o envie. Pega o seu telemóvel para resolver a situação, mas tendo pouco crédito para fazer uma ligação manda uma mensagem via SMS.

_ Oi, blz? Vc ta em ksa? Qria v se pde manda o script d hj.

5 minutos depois…

_blz? to em ksa sim. Vou entrar no MSN.

3 segundos depois…

_ok! Bjo! Valew!

Ambos se conectaram a rede MSN e começaram a teclar instantaneamente:

-oi

-oi

-um momento que vou procurar.

-ok.

30 segundos depois…

-pronto já enviei é só vc salvar.

-valeu, já salvei.

-amanha tem que chegar mais cedo.

-blz, 15 minutos né?

-sim.

-entao te amanha. Bjo e obrigada.

-bjão!:-)

8 minutos depois da primeira mensagem via SMS já tinha resolvido a situação.

O que queremos tratar com a situação acima não diz respeito à narrativa em si, mas a forma de comunicação estabelecida entre as pessoas.

Na necessidade de um contato o SMS “serviço de mensagens curtas” foi utilizado, e podemos observar como a escrita foi afetada por este meio. As palavras foram suprimidas, abreviadas. A pergunta foi direta e sucinta. Esta é uma característica deste meio, que o próprio nome já explica – serviço de MENSAGENS CURTAS. E ainda algum tempo demorou em obter-se uma resposta, 5 minutos que foi o tempo da pessoa ver a mensagem (mas poderia ter sido imediato se a pessoa estivesse com o telemóvel em mãos ou mesmo no bolso naquele momento, mas não fora o caso) e alguns segundos para digitar e enviar.  Quando o meio de contato foi modificado e agora estamos falando do MSN este tempo de conversação diminuiu muito, ou quase não existiu uma vez que a conexão a internet estava em muito boas condições naquele momento e a configuração do meio permitiu.

No MSN tivemos um dialogo simplificado, mas ele poderia ter sido extenso tanto em tempo quanto em espaços (os caracteres) para digitar o texto ou a fala. E é neste ponto que queremos chegar – o texto e a fala – pois podemos obsevar que elementos da fala oral apareceram na escrita. É o caso do [né], [to]. E ainda do smiley  :- ) que substitui a expressão facial de sorriso da pessoa, já que não era possível visualizar pelo simples fato de não estarem presentes fisicamente ou seja um em frente ao outro. Foi na instantaneidade da comunicação, onde não há tempo para pensar e elaborar em demasia, que a espontaneidade da comunicação se deu, afetando o discurso e a utilização de palavras.

Estas questões temporais, que diz respeito a esta comunicação imediata que acaba incorporando elementos, representações, da dita fala oral nos textos escritos define o que David Crystal chamou de Netspeake quer dizer esta forma de comunicação que tem características que pertencem aos dois lados, tanto da fala, da oralidade, como da escrita.

Vânia Silvério 😉

Mão Autonóma

A máquina de escrever foi engolida pelos dispositivos digitais.

Penso que a escrita digital veio tirar significado à escrita, no seu conceito original. Nós nos tornámos independentes da máquina de escrever, no momento em que este instrumento foi substituído pelos processadores de texto, o teclado, que terá grande impacto nos modelos da escrita convencional.

Ao assistir o vídeo “Hands and Writings”, de Sarah J. Arroyo, apercebi-me de certas condições e consequências, onde a escrita digital nos afecta. Uma das vantagens desta substituição se deve ao facto do computador/teclado ser mais eficiente, e mais rápido, onde temos as portas para a comunicação e o conhecimento abertas. Mas é difícil sentirmos a necessidade de escrever uma carta a alguém, ou a uma entidade à mão, tal situação é rara acontecer, por ser muito mais práctico o computador. A questão aqui colocada é ao escrever no teclado, e não à mão, se se nos modifica como indivíduos, como seres criadores, e neste aspecto concordo com a afirmação de Kittler “ Para mecanizar a escrita, a nossa cultura teve de redefinir os seus valores ”, pois ao transpor a escrita para um suporte digital, tivemos de criar um novo universo de linguagem, de conceitos, em que temos ao nosso dispor um mundo de comunicação a explorar.

Um dos problemas que este novo mundo criou foi a banalização de certas palavras, de certos conceitos, como por exemplo a amizade, em termos virtuais, pois as intenções modificaram-se. Torna-se o discurso mais informal, mais descuidado, e talvez mais repetitivo. Há um certo distanciamento da pessoa e da intenção do seu discurso. A comunicação devia, supostamente, ser uma extensão do ser, como Nietzsche afirma “ As nossas ferramentas de escrita, não só trabalham no nosso pensamento, mas também é algo como eu”.

Outra questão levantada no vídeo, é o sentido da escrita no ‘teclado’, evocar comunidades de conhecimento, em que nada está protegido, todos podem ler, e onde permanece a necessidade de partilhar conhecimento, mas também a necessidade de partilhar experiências, estados de espírito, principalmente em redes sociais, que te fazem sentir num ambiente de comunidade. Reichelt diz “Ambiente Intimo: sensação de conexão que nós temos, ao participar nas ferramentas sociais online”. Até mesmo o conceito de intimidade tem de ser redefinido.

Sendo assim, concordo inteiramente quando Kittler diz “Armazenamentos tecnológicos para escrita, imagem, e som, só poderiam ser desenvolvidos, após o colapso deste sistema ”, pois, embora a tecnologia seja produtiva, útil, funcional, práctica, a acumulação das tecnologias para a escrita, a imagem, o som, só poderiam evoluir independentes do sistema.

Sofia Maia

:)

Hoje em dia, os indivíduos têm sérias dificuldades em expressar os seus sentimentos por escrito. Tal facto, deve-se sobretudo aos apoios cibernéticos que nos vêm a ser dados pelas salas de conversação digital. Estes surgem para melhor demonstração de intenções de certo sujeito, utilizando o menor número de caracteres possíveis, poupando espaço e tempo. Inicialmente, uma expressão de alegria básica, um  smile, foi facilmente interpretado, até, porque tais sítios de conversação funcionavam com código HTML e o : ) era transformado numa carinha sorridente, no formato png., como esta :). Porém, com os avanços tecnológicos, assistiu-se a uma transformação do sorrisinho numa vasta gama de expressões faciais, cada uma codificada num sem número de combinações possíveis.
Assim, para comunicarmos nos dias que correm, quer seja via internet ou via sms, recorremos constantemente ao uso destes sinais de pontuação descontextualizados, ignorando a importância de outros que outrora demonstravam exactamente a mesma intencionalidade, evitando a vertente gráfica complexa, que, por exemplo, um mero ponto de exclamação não oferece.
Deste modo, a mania dos smiles foi crescendo. Inventaram-se novas expressões faciais numa perfeita simbiose de letras, números e sinalética gramatical! A estas juntaram-se onomatopeias e siglas de expressões inglesas! LOL e OMG marcharam lado a lado com xD e *.*, invadindo páginas na internet, caixas de entrada de telemóveis e, inclusivamente, textos elaborados com papel e caneta! Focando uma situação que me foi próxima: uma docente do meu agregado familiar chegou ao cúmulo de corrigir testes de avaliação onde o aluno recorria ao uso de carinhas tristes ou sorridentes para exprimir o seu entusiasmo nas respostas dadas! E quando a situação não se podia tornar mais ridícula, foi notada a sua ignorância na utilização de virgulas e pontos finais na construção da sua prova, que, para espanto de qualquer entusiasta das letras, era de português de 11º ano! Caso para dizer: “LOL xD”
Em suma, torna-se urgente uma intervenção abrupta na vida desta geração de jovens! Ainda que a utilização de abreviaturas comece a ser controlada, a vaga de expressão emocional gráfica deve ser retraída! O que seria da nossa bela língua e cultura literária se Luís de Camões adoptasse também este estilo? “Aquela : ( e : ) madrugada” ou “<3 é fogo que arde x.x”

Magnética Magazine

     A Magnética Magazine é a primeira revista portuguesa totalmente digital. Inicialmente “transmitida” ao público em formato PDF (via Podcast, através de RSS), a revista evoluiu para uma representação em Flash permitindo uma maior interactividade com o leitor.

     O primeiro número foi lançado em Dezembro de 2008, celebrando em grande o final do ano com a “invenção” de uma nova forma de leitura para o público português. O ano de lançamento coincide com os 120 anos de nascimento de Fernando Pessoa, o centenário do mais antigo realizador de cinema português no activo (Manoel de Oliveira) e os dez anos da entrega do Nobel da Literatura a um português (José Saramago), razões para os criadores da Magnética revelarem expectativas elevadas acerca deste projecto inovador.

     Com um design cuidado e apelativo e uma equipa de grandes profissionais e colaboradores (incluindo, por exemplo, o conhecido músico David Fonseca), esta revista interessa-se sobretudo por cultura e arte, incluindo artigos acerca de música, cinema, arquitectura, moda, literatura, dança, teatro, design e fotografia, atraindo (daí o nome) um público vasto e diferenciado.

     A revista engloba uma versão em inglês, com o objectivo de se difundir num espaço internacional e tem recebido um grande apoio da parte dos “e-readers”. Para os amantes das revistas impressas, a Magnética funciona exactamente como uma revista normal (incluindo até as usuais publicidades), tendo a particularidade de ser lida através de um ecrã e de dar a possibilidade de associar os seus artigos a vídeos, a outros artigos relacionados ou “sites”. Como não existem custos de impressão, a revista ganha a possibilidade de artigos mais pormenorizados e extensivos para os mais curiosos, tendo como objectivo uma revista, nas palavras da Directora Editorial Ana Catarina Pereira, “não consumível em cinco minutos do primeiro dia de cada mês”.

 

Magnética Magazine, 001
Magnética Magazine, 001
Magnética Magazine, 002
Magnética Magazine, 002
Magnética Magazine, 003

Magnética Magazine, 003

 

Magnética Magazine, 004

Magnética Magazine, 004

 

Magnética Magazine, 005

Magnética Magazine, 005

Até hoje existem cinco números. A revista é, portanto, mensal, virtual e totalmente gratuita. O único pedido é que respeitemos as árvores: “Gostamos do verde das árvores. Por favor, não nos imprima.”.

Ana Teresa Santos

Tipografia em Portugal

Na continuidade do que foi dito na aula de 20/02 sobre Tipografia, escrevo-vos hoje sobre três personalidades dedicadas a este tema em Portugal:
Um dos mais activos e importantes typeface designers (desenhadores de fontes digitais) do nosso país é: Dino dos Santos. Nascido em 1971 no Porto, licenciou-se em Design e Comunicação na ESAD de Matosinhos em 1994 e desde logo começou em trabalhar no ramo tipográfico. Iniciou a sua actividade docente em 1996 na ESAD – onde ainda hoje lecciona. O seu typeface design tem sido várias vezes premiado e reconhecido internacionalmente. O “Creative Review Design Award” foi atribuido à sua família de fontes «Andrade» – um tributo ao calígrafo português Manuel de Andrade (1670-1735). A sua tipografia “Nerva” foi alvo de menções honrosas pelo Typographi.com tendo sido incluida nas “Notable releases of 2005″, e a tipografia «Esta» foi considerada a «Best Serif Font» de 2005 pelo sitio www.myfonts.com.
Dino dos Santos apresenta as suas fontes (para cima de 30!) na DSType Foundry desde 1994, online em www.dstype.com/

Mário Feliciano é outro typeface designer português de sucesso. Nascido em 1961, começou a trabalhar como designer gráfico para o magazine “Surf Portugal” em 1993, e desenvolveu desde então uma série de fontes, sendo que algumas delas são bem conhecidas dos nossos olhos: as fontes dos jornais Diário de Notícias, O Jogo e Expresso, bem como a fonte exclusiva e o logo do Banco Espírito Santo, Mário Feliciano, que se tem concentrado no desenho de fontes para jornais e revistas, é delegado local da organização internacional ATYPI http://www.atypi.org
O seu atelier «Feliciano Type Foundry» mostra todas as suas criações .

Paulo Heitlinger, embora também produza e venda fontes digitais, é mais conhecido pelas suas publicações sobre Tipografia. É autor do livro “Tipografia, Origens, formas e uso das letras” e do website tipografos.net, onde publica com regularidade os «Cadernos de Tipografia de Design» e oferece dados actualizados sobre muitos assuntos relacionados com tipografia e comunicação. O site tipografos.net apresenta mais de diversos conteúdos, apresentando a História da Tipografia, designers contemporâneos, um Glossário e secções sobre jornais e revistas.

Para terem uma ideia sobre o trabalho desenvolvido por Paulo Heitlinger e sobre a questão da tipografia em geral , recomendo vivamente que consultem o seguinte link: http://tipo-projectotipografico.pt.to/

Saudações académicas,

André Rui Graça

Boca & Ryan Uhrich, Typographics (2007)


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