Segundo David Crystal, nos últimos anos começou a surgir aquilo a que ele chama de “Netspeak”, a fala da rede portanto.
Podemos dizer que tudo isto do Netspeak começou com os “nerds” da internet, à uns 20, 30 anos atrás, que viam a rede como uma revolução, e começaram a não se preocupar com a ortografia, a pontuação, com a maneira correcta de escrever. Isso, veio até aos dias de hoje e todos nós, mesmo que agora já não escrevamos de uma maneira abreviada e com erros (porque os erros são muito comuns na linguagem da rede) já escrevemos e já utilizámos essa maneira mais simples e menos coerente de escrever, seja no telemóvel, seja no computador. A verdade é que é de mais rápida resposta escrever “td bem” do que “está tudo bem”, por exemplo, mas, a verdade é que “nas escritas exteriores” (trabalhos, textos, testes, exames etc) muitos de nós se questionam qual é a maneira correcta de escrever determinada palavra, isso é mau, isso é errado.
Acho que o Netspeak é bom até um certo ponto, até uma certa idade ou se calhar só em determinadas ocasiões, creio que mais tarde não nos custa deixar esse facilitismo e, por exemplo, começar a usar o dicionário do telemóvel e a escrever uma palavra tão ou mais rápido do que abreviada.
Todos estes dispositivos, sejam computadores, telemóveis, Ipod e Tablet mais recentemente, acabam por ser extensões de nós mesmos. Porquê? a resposta todos sabemos, o ser humano tem cada vez mais uma enorme dependência destas tecnologias, especialmente do telemóvel e do computador, sem isso, ninguém vive, pelo menos como designamos “bem”. Digamos que são facilitismos, por vezes muito úteis é claro, mas, por vezes bastante desnecessários também. Devemos manter o contacto manual dentro de nós, pois nada disto irá substituir a ansiedade de ir revelar fotografias ou até a espera de uma carta do outro lado do mundo.
Existe cada vez mais mobilidade de comunicações, uma ligação às redes permanente e sem dúvida, que com isto, podemos dizer que os dispositivos digitais se tornaram quase como próteses do sujeito, somos todos cyborgs (cybernetic organism). O computador tornou-se como um objecto de projecção social e qualquer tipo de máquina pode ser vista de uma maneira adaptável a qualquer utilizador, segundo Sherry Turkle a isto chama-se “O segundo eu”. O computador pôde também ser visto como afectivo e relacional e as máquinas vistas como extensões da intimidade humana, ai o sujeito existe entre a máquina e o corpo, a isto damos o nome de “Um eu conectado”, Sherry Turkle também.
Concluindo, o ser humano corre riscos de um grande isolamento físico devido à sua conectividade constante. Nós, agora, funcionamos como centrais de comunicações em rede, em vez de sermos centrais de comunicações na rua.
Soraia Lima