A reprodução de obras de arte já há muito que não é novidade mas a verdadeira revolução deu-se com a utilização de meios técnicos para esse efeito. A reprodução manual difere muito da reprodução técnica/mecânica e aquando do desaparecimento da “mão” no processo transformou o o conceito de obra de arte que era até aí creditado.
Se é bastante difícil copiar manualmente uma obra de arte de um qualquer pintor, o mesmo não se pode dizer do acto de a fotografar. Walter Benjamin tenta então estabelecer a diferença entre a obra de arte original e uma reprodução desta. Este teórico defende que o objecto artístico original possui aquilo a que chamou aura e que é aquilo que lhe confere singularidade. Acredita também que esta aura não é transmissível para as reproduções e, por isso, que estas têm menor valor artístico. Segundo Benjamin, às reproduções falta o “aqui e agora” do objecto original.
Benjamin não procura dizer se uma reprodução é algo bom, mau, certo ou errado. Tenta apenas constatar os efeitos dessas reproduções no público e na forma de este ver, apreciar ou estudar obras de arte.
O que é certo é que iniciativas como o Google Art Project permitem retirar as obras do seu contexto original trazendo-as ao encontro do público. É hoje possível visitar centenas de museus que se encontram espalhados por todo o mundo, confortavelmente sentados num sofá. Este projecto traz ainda grande interactividade com as obras.
Se este programa tem desvantagens? Claramente que sim. Nada substitui a ida presencial a um museu, a atmosfera que rodeia as obras no seu contexto original, a fotografia da praxe com um quadro famoso ou a tomada de consciência da dimensão de uma quadro como Guernica.
Mas as vantagens são também numerosas tais como visualizar obras que nunca de outra forma seria possível ou a observação de pequenos pormenores, proporcionada pela interacção disponibilizada no site. Pormenores esses que não seriam passíveis de apreciação quando uma fita de veludo nos separa daquele objecto cheio de aura (validada pela entidade competente) que pagámos para ver.
Fica este vídeo de uma visita virtual ao Museu Van Gogh em Amesterdão, provando que podemos estudar a mais ínfima pincelada
Ana Sofia Gomes.
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