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Um mundo HÍBRIDO !!!

Cada vez mais nos dias de hoje, o nome CIBORGUE, começa a ganhar mais relevância, pois cada vez mais aparecem indivíduos com chips implantados, ou com partes do corpo cibernéticas em vez de orgânicas. Tudo isto mostra o quão cada vez estamos mais dependentes da tecnologia, embora a grande parte das vezes seja por razões de saúde, para pessoas com problemas de visão (exemplo o qual vou falar a seguir), problemas motores ou de fala.

Um Ciborgue é um organismo cibernético, isto é, um organismo dotado de partes orgânicas e cibernéticas, geralmente com a finalidade de melhorar suas capacidades utilizando tecnologia artificial.

O termo deriva da junção das palavras inglesas cyber (netics) organism, ou seja, “organismo cibernético”. Foi inventado por Manfred E. Clynese Nathan S. Kline em 1960 para se referir a um ser humano melhorado que poderia sobreviver no espaço sideral. Tal ideia foi concebida depois de reflectirem sobre a necessidade de estabelecer uma relação mais íntima entre os seres humanos e máquinas, em um momento em que o tema da exploração espacial começava a ser discutido.

Um exemplo de um ciborgue real é o exemplo de Neil Harbisson, considerado o primeiro ciborgue e reconhecido como isso. Harbisson tem acromatopsia, uma condição que desde o nascimento o obrigou a ver o mundo em preto e branco. Desde os 20 anos, tem instalado um olho electrónico chamado eyeborg, que permite ao artista escutar as cores.

Com o aparecimento destes novos Ciborgues cada vez mais, começo a acreditar que daqui a uns anos muitas pessoas conseguiram superar doenças físicas, que até ali seriam impossíveis de corrigir. Quem sabe com isto aumentar talvez a esperança média de vida da sociedade. Claro que isto seria um processo muito lento e só apenas daqui a muitos anos seria possível tal acontecimento.

Tiago Marques

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C!B0RGU€S

O termo ciborgue surgiu nos anos 60, através de Manfred E. Clynes e Nathan S. Kline, ambos cientistas que investigaram nas áreas da saúde e tecnologia, e consiste num organismo cibernético dotado de constituintes orgânicas e cibernéticas, com a finalidade de melhorar as capacidades do ser humano através da tecnologia. O desejo do Homem de explorar o Espaço e de estabelecer uma ligação humano-máquina fazem parte do contexto que contribui para a criação deste conceito, à cerca de 50 anos atrás.

Atualmente, já existem vários casos de implantação de dispositivos e chips em organismos humanos. Ciborgue seria, então, uma mistura de um ser humano com um robot, dando origem a uma espécie de homem-máquina, dotado de um organismo cibernético. Mas não será isto mais um indicador da constante dependência da tecnologia por parte da sociedade atual? As debilidades ou deficiências físicas do ser humano parecem já não ser uma limitação. O aumento da utilização da tecnologia na área da saúde torna-se justificável e até compreensível, na medida em que contribui para melhorar a qualidade de vida das populações.

Neil Harbisson é considerado o primeiro ciborgue da história, ao instalar no seu cérebro um dispositivo que lhe permitiu recuperar parte da sua visão. Esta prótese artificial contribui indubitavelmente para melhorar o seu bem-estar e qualidade de vida. No entanto, esta tecnologia não é totalmente transparente, apesar de já ter adquirido um tamanho bastante reduzido. Considerando isto, qual seria o impacto deste mecanismo na sociedade? Seriam os ciborgues bem aceites pelo seu aspeto exterior? Contudo, toda a tecnologia parece caminhar no sentido da transparência total do meio e, dentro de alguns anos, estes dispositivos irão adquirir tamanhos tão reduzidos que passarão desapercebidos. Atualmente, já existem microchips, quase ‘invisíveis’.

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Neil Harbisson, o primeiro ciborgue.

Mas, considerando que os ciborgues têm como finalidade melhorar a qualidade de vida dos seres humanos e são dispositivos cibernéticos, não serão os simples aparelhos auditivos também um ciborgue? E, da forma como a tecnologia penetrou na nossa sociedade, não seremos todos ciborgues? Será mesmo necessária a implantação de dispositivos no interior do organismo humano para este se poder considerar ‘ciborgue’? O ser humano parece «alimentar-se» de tecnologia, não o tornará isso numa máquina?

Nota: Cibernética é a ciência que estuda os mecanismos de comunicação e de controlo nas máquinas e nos seres vivos.

 Diogo Martins

ma·ni·pu·lar (do latim manipularis)

Na realidade dos dias que se atravessam, já não é de todo um problema conseguir criar contacto com alguém que esteja noutra cidade, noutro país, noutro fuso horário. Por mais debatido que seja o tema da emergência das novas tecnologias e do que estas despoletaram, apesar de tudo, é relevante sublinhar a qualidade de vida que estas apresentaram a pessoas cujas circunstâncias são – mais, ou menos – idênticas. Familiares emigrados, companheiros separados pelo trabalho ou por outros compromissos evidentes, jovens estudantes separados dos pais lutando por um futuro mais condigno.

A possibilidade de estabelecer uma chamada ou uma video-chamada a grandes distâncias, em tempo real, quase instantaneamente, providencia uma proximidade “artificial” a que Beth Coleman chama co-presença. Esta presença “em conjunto” é fulcral e indispensável nas sociedades actuais, tanto a nível laboral como de carácter familiar. Indispensável a nível de custos (monetários e/ou físicos) ou de tempo, e salvaguarda do mesmo.

A co-presença revela uma importância fundamental nas relações interpessoais. É no olhar e na troca deste que, nos alicerces das relações interpessoais, se constroem e se edificam sentimentos como a confiança, a intimidade, a sinceridade, o conhecimento recíproco, a empatia. É também através do olhar que se geram sentimentos adversos, como o medo, a desconfiança, o controlo.

A título de curiosidade, e exemplificando a importância da co-presença, o sociólogo Georg Simmel, considerava o olhar mútuo um acontecimento social único, e que era através do olhar que se estabelecia uma verdadeira conexão entre indivíduos; considerava inclusivamente que o olhar é uma interacção mais pura e mais directa do que uma normal conversa.

No entanto, este exemplo lembra-nos invariavelmente da cegueira, e da condição daqueles que não podem obter esta aparentemente simples mas poderosa experiência.

Mas será que os verdadeiros cegos são os que não podem ver? Ou os que não podem tocar? Como é realmente percepcionado o mundo? As relações humanas são naturalmente armadilhadas pelos sentimentos que nutrimos uns pelos outros, que nutrimos pelas coisas e pelos lugares. Realmente, com todos os sentidos, para além de depreender o que nos rodeia, temos a tendência a manipular as circunstâncias de forma a facilitar os nossos caminhos e a aproximar os nossos atalhos. Manipular. Mão.

Numa esfera tecnológica como aquela em que hoje vivemos, onde a mudança e a inovação são os motores para cada dia que nasce, penso que o levantamento de dúvidas surge muito mais rapidamente do que o cessar das mesmas.

Maria Miguel

Modo Avião

Por coincidência neste último domingo, 10 de maio, um programa de televisão brasileiro apresentou uma reportagem que definiu sobre o que eu escreveria como último post desta cadeira. Todos os 14 minutos da matéria que abre o programa abordariam uma questão na qual venho refletindo desde o início do período e que culminou com a apresentação deste último tema nas aulas: a relação entre os dispositivos digitais como extensões do sujeito. Gostaria de apresentar minhas impressões sobre o ‘lado negro’ do uso da tecnologia em nossas vidas e como isso afeta nossa saúde física e psíquica.

Link para a matéria: http://globotv.globo.com/rede-globo/fantastico/t/edicoes/v/apaixonados-por-tecnologia-ficam-48-horas-sem-celulares-em-praia-detox-digital/4168974/

Por si só a matéria do programa Fantástico é autoexplicativa. Além de revelar a incapacidade atual de desligar-se, ela vai além e apresenta uma análise das consequências de se viver online, alertando para a dependência e comparando o uso abusivo da tecnologia com nomenclaturas de sintomas antes utilizado por adictos em álcool ou droga: como a abstinência e o vício. Esse sentimento de falta, a meu ver, está relacionado com a capacidade que os média digitais possuem de proporcionar um sentimento de que nunca estamos sozinhos. De cara, é um sentimento ilusório, uma vez que desligado o dispositivo, nos encontramos a sós com nossos pensamentos, medos e ansiedades. É aí que, ao ligar novamente esses dispositivos, o sentimento de conforto proporcionado pelos mesmos pode acarretar em confusão psíquica, em não conseguir discernir a realidade da virtualidade.

Quando o simples prazer se torna um vício fica cada vez mais difícil conseguir sair do círculo. De um lado o prazer de estar conectado é reconfortante, mesmo que por algum determinado momento, por outro, a realidade urge em ser encarada. Perdem-se pessoas próximas e, mais importante, a própria vida. Na matéria, fala-se em “otimização do tempo”, apontando para a percepção de desperdício de uma vida que não é vivida, senão através do ecrã. Fala-se também em ansiedade, sentimento que surge no imediatismo da comunicação. Perdemos a paciência de outrora e estamos muito mais velozes. Em tempos onde um óculos pode fazer ligações, gravar vídeos e mostrar a caixa de e-mail para o seu usuário é mais do que flagrante o acúmulo de funções ao-mesmo-tempo-agora.

É importante salientar que a utilização dos médias não somente inaugura uma nova forma de conexão com pessoas díspares, aproximadas pela anulação das distâncias. Ela também inaugura uma nova seara em termos científicos. Novas doenças psíquicas que requerem formas distintas de tratamentos e, obviamente, novos padrões de clínicas de reabilitação do indivíduo no contexto social. Assim como a expressão “nomofobia“, ou medo/pânico de ficar longe do celular, citada na matéria, apresenta-se com ares de novidade, uma gama de especializações dos agentes que trabalham a cadeira de psicologia surge para o combate do mal social da internet e afins. O medo de desconectar-se é o medo do estar sozinho, isolado. O medo de nadar contra a maré. Os dispositivos não só desenvolvem novas ações para o nosso corpo através de sua utilização, mas também se moldam de forma a passarem despercebidos quando de sua utilização. São como complementos da utopia de um corpo robótico. Não se pode deixar de usar a tecnologia no mundo de hoje, mas, como qualquer estimulante, ela deve ser encarada em termos de parcimônia.

O dualismo da questão digital está muito longe de se tornar monista. Se por um lado a tecnologia apresenta pontos favoráveis na prática como extensão do sujeito ( o aperfeiçoamento das próteses mecânicas, por exemplo ), por outro ela escraviza o psicológico a partir de convenções sociais postas em prática – a necessidade de se adequar a um mundo cada vez mais online, nonstop e on demand.

André Luiz Chaves

Princípio da Variabilidade

Na obra The Language of New Media, Lev Manovich, um crítico de cinema e professor universitário que se debruçou sobre as áreas dos novos média, média digitais, design e estudos de software, propõe uma teoria dos novos média digitais que assenta em cinco princípios: a representação numérica, modularidade, automação, variabilidade e transcodificação cultural.

Focando-nos apenas no quarto princípio (variabilidade), é possível concluir que este conceito remete para as inúmeras versões que um objeto digital pode adquirir. Este princípio está estreitamente ligado ao princípio da representação numérica (os objetos digitais são compostos por códigos que podem ser descritos matematicamente, isto é, as unidades ou elementos são quantificáveis (código binário de 0s e 1s), e podem ser manipulados por algoritmos) e ao princípio da modularidade (os objetos digitais, sejam eles imagens, sons ou outras plataformas, têm na sua propriedade estrutural diferentes níveis ou «camadas» e são compostos por partes independentes que, por sua vez, são compostas por partes independentes de tamanho menor e assim sucessivamente, até chegar à unidade mais reduzida como o pixel, no caso de uma imagem). Estes dois princípios «alimentam» o conceito de variabilidade visto que, através deles, é possível criar um número potencialmente infinito de versões de um objeto digital. A manipulação destes objetos digitais pode adquirir duas formas: automática, quando é realizada por um algoritmo programado, ou humana, na medida em que parte da ação e vontade do próprio utilizador.

Observemos agora o princípio da variabilidade aplicado a diversos softwares:

1) Microsoft Word

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Neste software, o princípio da variabilidade é bastante simples de detetar. Basta escolher uma palavra e modificar o tipo de letra ou a cor, colocar em negrito ou itálico, aumentar ou diminuir o tamanho da letra, sublinhar… Através destes mecanismos (já automatizados pelo próprio software), podemos criar inúmeras versões visuais da mesma palavra, neste caso, a partir da manipulação humana.

2) Editor de imagem Pixrl

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Com este editor de imagem, é fácil obter uma versão diferente da mesma fotografia através da aplicação de um efeito. Os programadores tornaram este processo automático, isto é, basta apenas um clique (selecionando o efeito pretendido) para criar uma imagem diferente. Contraste, luminosidade, brilho ou cor são alguns dos elementos manipuláveis através destes softwares de imagem. A todas estas funcionalidades corresponde um algoritmo/código diferente.

3) Editor de vídeo Wondershare

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Tal como o editor de imagem, este software é muito semelhante, utilizando o mesmo método de edição. É possível acelerar ou diminuir a velocidade do vídeo, aplicar um efeito de cor, introduzir subtítulos ou adicionar efeitos visuais, por exemplo.

 4) Editor de som Audacity

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Este software de edição de som permite modificar, por exemplo, uma melodia tornando-a mais aguda ou mais grave, ou até aumentando a sua velocidade. Estes são apenas alguns dos exemplos que podem contribuir para criar várias versões da mesma peça musical. Podemos ainda adicionar batidas ou acordes para «reinventar» o mesmo som.

 5) Jogo Online Adventure Quest

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Este é um exemplo dos muitos jogos onde é possível criar um avatar personalizado. O jogador pode escolher toda a aparência física da personagem: formato e cor do cabelo, cor dos olhos, cor da pele, vestuário, calçado… Tal como acontece com todos os softwares anteriores, cada alteração/efeito/versão apresenta um algoritmo matemático programável e «invisível».

Assim, o princípio da variabilidade é, possivelmente, o mais «visível» ao olho humano, visto que percecionamos as inúmeras alterações e versões que são feitas na estrutura visual do objeto digital. Apesar disso, não observamos como são feitas essas alterações, isto é, não temos acesso direto aos códigos e algoritmos. Esse acesso seria, no entanto, inútil, visto que são necessários conhecimentos matemáticos e tecnológicos para conseguir programa-los. O software funciona, então, como «máscara» de todos estes processos digitais.

 Diogo Martins

A Relação entre Imediacia e Hipermediacia (dentro dum Videojogo)

Quando estás imerso num videojogo, não pensas imediatamente no mundo à tua volta, pois não?

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Um bom exemplo de um grupo de estudantes a jogar videojogos quando deviam estar a estudar para os exames ou acabar as suas teses.

Os teus olhos estão fixados no ecrã, a tua atenção completamente agarrada ao que se passa com o teu avatar dentro do jogo, como se estivesses mesmo numa situação de perigo ou de adrenalina. Mas depois sentes um pouco tonto, ou as tuas mãos suam no controlador, ou alguma coisa puxa-te fora dessa experiência (por exemplo, a tua mãe a chamar-te para apanhares a roupa). Essas sensações são esperadas, e mais interconectadas do que pensas. É a relação que existe entre a imediacia e hipermediacia.

Na imediacia (ou imediação), o jogador emerge-se no videojogo através de processos de ocultação, naturalização e transparência do meio. A interação e o meio visual/áudio do videojogo faz esse trabalho. É parecido com o meio da televisão, exceto que neste caso também temos a interação que acontece entre o videojogo e o jogador. Somos nós que decide as ações das personagens que vemos, e por isso a nossa atenção fica mais focada no que está a acontecer no ecrã, assim apagando as distrações em redor.

O contrário disto é a hipermediacia (ou hipermediação), que é o que se passa quando o jogador nota o videojogo através de processos de revelação do meio. Isto é conseguido, por exemplo, com o nosso sentido de toque no controlador da consola, ou a realização do que se está a passar no videojogo está dentro do ecrã da televisão ou do computador. O ambiente à tua volta ficando mais evidenciado.

Portanto, é assim que essa relação de contraste está interconectada. (E, não, não estamos a contar com o exemplo da tua mãe a chamar-te para apanhares a roupa. Isso era só uma piada sarcástica. Lamento imenso se desapontei-vos.)

Carolina Gonçalves

Conexão vs Desconexão

Com a vulgarização do uso dos médias digitais, os seus respectivos reflexos no nosso quotidiano se acentuaram ao ponto de sermos induzidos a encarar o seu uso de forma inconsciente e intrínseca. Refletindo tal uso em grande parte na nossa formação de identidade e relação com o espaço exterior. No entanto, isto cria uma divergência, com uma utilização tão relevante vemo-nos obrigados a nos interrogar sobre a sua negatividade e positividade. O nosso quotidiano é extremamente digital, rejeitamos progressivamente o contato face a face por reconhecer a facilidade que os dispositivos nos oferecem. Mas isto não é inteiramente aplicável e universal, podemos estabelecer relações à distância e ao mesmo tempo não estarmos totalmente desligados daquilo que nos rodeia, não há uma verdadeira interferência. No entanto, escolhemos preferencialmente os formatos digitais para estabelecer ligações, somos arrastados para um universo totalmente digital. Estaremos a criar um entrave na nossa capacidade comunicativa com os outros? Não podemos negar os efeitos inerentes dos dispositivos que utilizamos diariamente, de forma quase que obsessiva e garantida por uma percentagem de bateria que depois de descarregada revela a nossa dependência com o mundo virtual. Apresentamos a este mundo identidades construídas, por vezes que não correspondem aquilo que realmente somos, vestimos uma capa para ser apresentada. Somos envolvidos pela quantidade de gostos e seguidores que obtemos nas múltiplas redes sociais que nos são oferecidas e que interiormente não entendemos realmente o seu propósito mas que nos faz participar ativamente. Deveríamos saber como usar a internet para que não seja ela mesma a utilizar-nos e tornar-se altamente manipuladora. Temos ao nosso alcance todo o tipo de mecanismos e informação e uma vez que existe esta predisposição devíamos escolher uma apropriação instrutiva, uma formação intelectual, um adquirir de conhecimento e alargamento dos nossos horizontes, de novas ideias, de desenvolvimento de criatividade. Sobre este uso as consequências negativas devem ser contornadas tentando extrair aquilo que é positivo. A digitalização não deve ser encarada como extremamente necessária na nossa relação com os outros e no reconhecimento de nós mesmos, mas também não podemos rejeitar totalmente a sua existência. A criação de um paralelo é importante para entender se estamos a utilizar corretamente os meios digitais. Não nos limitemos a nos expressar a partir de emoticons, escolhamos as vias de conversação que não sejam auto corrigidas instantemente e reformuladas por abreviaturas. A mediação digital precisa de racionalização.

Helena Bastos

Luz como identidade

A primeira fotografia.
[link na imagem]

Joseph Nicéphore Niépce, 1826/1827 (?)

Estamos no século XXI e permanece uma incógnita a importância da fotografia. A habituação à imagem, nos seus inúmeros registos, proporcionou um espaço para aquela que se tornou uma ferramenta de representação mais próxima do real, daquilo que o olho humano observa na sua essência. Pondera-se ao longo dos anos toda uma vertente artística, mais do que documental ou científica. São traços breves e que não fazem jus ao crescer da fotografia, mas que nos dão a ideia da sua evolução.

Parece-me sobretudo importante falar da identidade na fotografia.
A representação da personalidade na fotografia, não tem de ser necessariamente um retrato, ou um autoretrato. O “eu” assinala a sua presença de inúmeras maneiras. O “eu” que fotografa, que dá o cunho pessoal e individual à fotografia, o “eu” que é fotografado, o “eu” que estuda o trabalho fotográfico e que o encomenda – sendo este a alma de uma fotografia, por exemplo.

Ainda assim, o registo da imagem foi fulcral em muitos aspectos do nosso dia-a-dia: a importância da fotografia como registo de identidade e qualidade de cidadão (o Bilhete de Identidade), como meio de fixar no tempo a imagem de pessoas e seus contextos geográficos (que, de algum modo, sentenciam a efemeridade da vida), como meio de aprendizagem e conhecimento do passado (relativamente ao aspecto anterior), como movimento artístico e cultural (representativo de dezenas de nações).

Teremos inevitavelmente de referenciar aquele que é dos movimentos actuais mais marcantes desta sociedade tecnológica – a difusão das selfies; e as variantes que agora vão surgindo, numa tentativa de quebra de registo, que mais não é do que uma variação do registo, seja ele individual/colectivo, realista/criativo, entre outros. Este facto pode estar intimamente ligado à lógica da remediação de Bolter e Grusin que, aplicada neste contexto, se traduz na presença do conteúdo e da matéria da fotografia, inseridos nestas que são as novas práticas tecnológicas baseadas nos princípios da fotografia.

É importante considerar a fotografia como elemento fundamental nesta que é a conjuntura social e tecnológica do século XXI; e como esta permitiu e, diga-se, ainda permite ao ser humano adquirir uma percepção do mundo que arrebatou certos padrões de vida antes de esta ter nascido. Ingrato seria negar o seu uso.

Maria Miguel

#aletradaspessoas

Ultimamente tenho reparado, especialmente em algumas contas da plataforma Instagram de amigos uma imagem que se repete de uma conta para a outra. Trata-se de uma fotografia de um texto escrito à mão que diz:

“Uma coisa que a gente não conhece mais: a letra das pessoas. Essa é a minha, qual é a sua?”

Seguida pela hashtag #aletradaspessoas, a espécie de campanha que se tornou viral no início de março deste ano revela mais do que um modismo. O surgimento da escrita mecânica e cada vez mais seu desenvolvimento em teclas ( de máquinas de escrever à computadores ) até a invenção das telas touch mostram uma defasagem significativa em relação à escrita manual. Apesar de preferir escrever manualmente, e à lápis, o uso do computador, com o tempo alterou a forma que minha letra um dia já teve. E o que antigamente poderia ser compreensível, hoje em dia percebo que se transformou em garranchos identificáveis, muitas das vezes, somente por mim . Atribuo, além da falta de prática cotidiana, o fator da velocidade que cada vez mais parece querer se assemelhar, na minha escrita manual, ao uso que faço do teclado do computador ou do teclado virtual do celular. Sem dúvidas e com alguma prática, as vantagens de se digitar um texto em detrimento de escrevê-lo à mão recaem sobre a questão do tempo – e este cada vez mais escasso na nossa sociedade.

Voltando à campanha.

Resolvi pesquisar mais profundamente para entender da onde vinha essa nostalgia súbita de conhecer a letra das pessoas. Sintoma de uma sociedade ‘online, nonstop and on demand’? Percebi que de súbita essa nostalgia nada apresenta. Em 2012, através da plataforma Tumblr, foi criada a página Minha Letra Cursiva a partir do desejo e curiosidade da autora de conhecer a letra de seus amigos. O que era somente algo restrito a um pequeno grupo tomou força e foi crescendo com cada vez mais pessoas aderindo e enviando suas letras para serem postadas. No Tumblr, as mensagens enviadas eram diversas e cada pessoa poderia – e pode, criar sua própria mensagem para vê-la postada.

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A retomada – e digo isto pois foi no Instagram que a ideia do Tumblr teve seu início, da prática através do Instagram, a partir de março deste ano já conta com mais de 20 mil adeptos. O que era uma curiosidade se tornou uma campanha e revela que muito da mecanização que vivemos hoje em dia pode obliterar ações tão humanas quanto a individualidade de uma caligrafia. De um lado, especialistas se baseiam na grafologia – ou análise da personalidade através da caligrafia, para , por exemplo, seleção de emprego. Analisando os maneirismos da escrita de uma pessoa, esta ciência pode observar, além da personalidade, o caráter e possíveis distúrbios. Há testes online onde a pessoa pode comparar sua escrita com as categorias de análise – inclinação da escrita, ligação das letras, direção das linhas, dimensão da escrita, etc., e isso se aproxima da ideia de que a escrita é como uma impressão digital: única e particular.

Por outro lado, a internet transformou bastante a forma com que a gente se comunica e a educação acompanha essa mudança. O Ministério de Educação da Finlândia anunciou em dezembro de 2014 uma medida que vem gerando polêmica: a partir do ano letivo 2016/2017 cadernos e lápis serão substituídos por teclados, computadores e sistemas digitais. O Conselho Nacional de Educação do país indica que a digitação veloz é uma ‘importante habilidade cívica’ que toda criança deve aprender. Outro argumento é que há uma gama de opções de cursos online dos quais as pessoas tirariam maio proveito com uma digitação mais eficiente. Mais nem tudo está perdido. Destinado a uma maior performance em frente à tecnologia, o projeto finlandês ensinará a escrita manual nos dois primeiros anos de estudo e passará a assumir a digitação a partir de então. A prática do movimento manual se dará por meio de atividades paralelas como trabalhos artesanais e desenhos, que permitirão esse desenvolvimento cognitivo. Nos Estados Unidos, essa medida recebeu votos expressivos de escolas que simpatizam com o método.

Para uma melhor compreensão da problemática entre escrever à mão e digitar, o vídeo abaixo é esclarecedor.

 

Vejo essa campanha, mais do que curiosidade ou nostalgia, como uma forma de arquivamento da escrita manual. Agregando diversos tipos de letra, esse arquivo forma-se com a adesão de cada vez mais pessoas cientes, ou não, das mudanças que a tecnologia provoca. Tenho certeza que são momentos como este que se fazem ímpares na história da humanidade: das pinturas rupestres à oralidade, da oralidade para a escrita, dos papiros para os livros impressos e agora do mundo analógico ao mundo digital.

André Luiz Chaves

 

Encontros com a tecnologia

Até que ponto a tecnologia, o produto da nossa inteligência, pode sobrepôr-se à essência humana? Até que ponto podemos nós negar a nossa natureza em função da tecnologia? Isso significa que o produto da nossa inteligência – a tecnologia – vai contra a natureza humana? Em última análise, podemos supor que a tecnologia é o carrasco e a desgraça da natureza e civilização humana?

Enquanto escrevo esta dissertação, num café simpático, rodeado de um espaço histórico e secular – a Sé Velha – levanto a cabeça, olho à minha volta e percebo que a tecnologia está invariavelmente presente no nosso quotidiano. Ou porque parece que temos uma necessidade quase inata e primitiva de estar a agarrar um smartphone, tablets e afins; ou porque temos necessidade de estar informados (e Deus nos livre não existirem jornais); ou simplesmente porque gostamos de ver o resumo do Benfica, que está dar na televisão. Será a natureza tecnológica inimiga da natureza humana? Eu penso que não, pelo contrário. A tecnologia vive para o ser humano, como uma bengala vive para um coxo: a tecnologia, no meu entender, é um suporte da civilização humana. A natureza humana, independente, criou a tecnologia. A questão é até que ponto queremos ceder a nossa independência em detrimento da natureza tecnológica. Essa batalha trava-se no campo de batalha da Ética. Sendo a Ética parte integrante da natureza humana, eu diria que só abdicamos dessa independência se perdermos o sentido ético que nos caracteriza. Por essa razão, a tecnologia já salvou milhões de seres humanos e dizimou outros tantos.

Dito isto, será a falta de sentido ético o carrasco da civilização humana? A motivação, enquanto preliminar da acção humana, é a chave deste curioso exercício mental. Nós criamos e orientamos a tecnologia conforme a nossa motivação, influenciada como já percebemos, pelo sentido ético ou ausência deste.

Em termos práticos, podemos dizer que Mark Zuckerberg quando criou a rede social Facebook, não estava à espera de contribuir para o avanço da Primavera Árabe. Com isto percebemos que por vezes podemos criar algo positivo para a Humanidade sob uma motivação controversa. Outro exemplo: sem as experiências horríveis e desumanas de Hitler e seus comparsas, estaríamos décadas atrasados na medicina nuclear. Valeu a pena? Os fins justificaram os meios?

Leonardo da Vinci, certo dia disse algo parecido: “A guerra anda de mãos dadas com o progresso”. Na história da sua vida, ele percebeu que só criando armas para o exército florentino é que conseguiria ter acesso ao apoio financeiro do mecenas Lorenzo de Médicis, para as suas pesquisas científicas. Será que ele não tinha sentido ético porque estava a criar armas potencialmente fatais, ou estaria ele a ser pragmático ao perceber que a sua tecnologia só poderia sair do papel se tivesse o apoio do mecenas? Sem esse apoio, a visão tecnológica de Leonardo da Vinci poderia ter desaparecido ou sido esquecido das páginas da História! Volto a questionar: os fins justificaram os meios? Teremos nós de abdicar do nosso sentido ético para o progresso da natureza tecnológica e, consequentemente, da civilização humana? Temos exemplos contrários de avanço da tecnologia sem pôr em causa qualquer vida humana? Temos, porém, por muito que a nossa motivação e os meios para alcançar os fins sejam éticamente correctos, nem sempre isso é significado de sucesso: Einstein quando desvendou os mistérios da física nuclear, com certeza não estava à espera que criassem uma bomba capaz de dizimar milhões de seres humanos. É estranho pensar que tudo o que nós hoje fazemos está intimamente relacionado com a tecnologia, que por sua vez, ao percorrer o seu próprio caminho, foi deixando “marcas de guerra” e “efeitos colaterais”.

Em jeito de conclusão, digo com toda a certeza: nós somos aquilo que queremos ser. Enquanto pais da tecnologia, devemos orientar esta de forma mais ou menos ingénua e sincera, mediando, vigiando e controlando potenciais consequências nefastas para a civilização humana.

Considerações finais: a tecnologia é como um bom copo de vinho; se for bom, é um prazer apreciá-lo, se for mau apenas vai servir para nos emborracharmos.

Ana Rita Egas

A Câmara Digital e a Revolução (ou A Câmara Digital é a Revolução)

Dizia Antoine de Saint-Exupéry que para ver claramente, basta mudar a direção do olhar. Peço então permissão para distorcer este parecer à luz dos dias de hoje: para ver claramente, basta deixar de fiar nos nossos olhos e confiar nesse “olho extra” que é a lente de uma câmara digital.

A câmara fotográfica tornou-se uma tecnologia tão banalmente ubíqua que nos parece anacrónica a sua ausência. Vivemos atualmente uma necessidade intrínseca de criar provas visuais de todos os instantes da nossa existência, que expressamos diariamente nos looks do dia e nas dezenas de selfies que entopem o feed de redes sociais como o Facebook ou o Instagram; somos protagonistas deste fenómeno ao pertencer ao número crescente de criadores do Youtube que trazem as suas vidas ao domínio público na forma de vlogs.

Mas se estas utilizações, cujos méritos também devem ser apreciados e valorizados, dominam uma tão grande porção da Internet, como garantir que outros conteúdos, de cariz mais político ou reivindicativo, cheguem até nós com a mesma facilidade? Como divulgar uma mensagem tão importante quando plataformas como a televisão são cada vez mais desacreditadas, e o mundo da Internet está mais interessado em desvendar a cor de um vestido?

Neste contexto, é fundamental o papel dos vídeos amadores, filmados por meros cidadãos espectadores de situações violentas, como esta, que por vezes os próprios média mais “oficiais” não se atrevem a noticiar de forma crítica.

Porque a dimensão política das tecnologias de comunicação e de informação está inerentemente ligada à liberdade de expressão e de divulgação, é imprescindível que valorizemos a palavra do cidadão face ao relativo silêncio dos noticiários. O caso mencionado de abuso de autoridade policial na cidade de Ferguson, Missouri (EUA) ainda hoje se repercute na vida diária dos seus habitantes; contudo, já há muito as televisões tornaram a sua atenção para outros assuntos.

Torna-se então clara a estreita ligação entre a plataforma interativa que é a Internet e a prática da liberdade de expressão, tão facilitada pela Web 2.0 e a descentralização da informação em rede. Por fim, encontramo-nos capazes de partilhar informação que de outra forma poderia não ser divulgada: rejeitada pelos jornais ou silenciada pelos noticiários. Cabe-nos a nós utilizar a Internet de forma interventiva e chamar a atenção para os flagelos que se passam um pouco por toda a parte, colaborando em defesa da justiça.

Não quero, com isto, insurgir-me contra os usos mais levianos dos média; o bicho humano é, afinal, tremendamente necessitado de entretenimento, e em nada defenderia a minha causa descartar as artes, por exemplo. Contudo, talvez não seja necessário adaptar as palavras de Saint-Exupéry, mas sim compreendê-las face à atual conjuntura social e mediática: para ver mais claramente o mundo, basta descolarmos o olhar plácido da infindável lista de novas apps que surgem diariamente, e dirigi-lo à todo um outro mundo de informação que se encontra à mera distância de um clique.

Beatriz de Sousa Ferreira

Revolução com apenas um clique

É notável, que nos dias de hoje, não conseguimos sobreviver sem a ajuda dos novos média. A globalização nos tornou tão próximos, todos conectados. Uma ideia pode espalhar-se por continentes em alguns instantes com apenas um clique de distancia. É uma necessidade que nos possibilita uma existência de “omnipresença”. Estar online é estar por dentro do que acontece e é estar disponível a tudo e a todos.

Partindo do princípio de que já aceitamos e tomamos conhecimento da enorme importância das ferramentas de mídia e da tecnologia voltada para a conexão e comunicação da sociedade, e portanto, já temos na cabeça o significado desses meios, é interessante que se abra um discurso sobre suas vantagens no meio sócio-politico.

É de conhecimento geral o que aconteceu em 2011 com os países Árabes, com a Primavera Árabe, o “cyber-movimento” que tomou proporções tão imensas a ponto de derrubar ditadores de longa data no oriente. Como exemplo da força que os movimentos propagados pela internet tem politicamente, segue-se também as Revoltas no Brasil em 2013 e todos os movimentos decorrentes nos EUA a favor dos direitos humanos, tanto na luta contra o racismo, a homofobia e o machismo, que vêm acontecendo recentemente.

Gostaria de destacar que não importa quem, se um indivíduo tem uma ideia e esta ideia pode ser de interesse de um certo grupo de pessoas.. é tudo o que é preciso. Publicar algo na internet pode ser irreversível. Os idealizadores podem ser impedidos, mas a ideia nunca morre. Criar um evento no Facebook pode, e já conseguiu, juntar mais de 1 milhão de pessoas para protestar nas ruas contra um governo corrupto. Isto é apenas o povo se aproveitando da inserção da internet no cotidiano.

Portanto, se formos discutir sobre se a Internet está de fato, dando poder ou apenas censurando os cidadãos, como é debatido no vídeo ” The Internet in Society: Empowering or Censoring Citizens”, eu me encontro a defender a ideia de que a internet nos trouxe poder e uma forma ilimitada de difundir ideias. E se o argumento de que o governo poderia utilizar a internet para achar as cabeças por trás das ideias revolucionárias e dos protestantes, eu rebato explicando que: apenas as mentes são mortais, mas ideias nunca morrem.

 

Clara Motta

 

#seculo XXI

Século XXI, o que é isso?

Neste momento, acho que lhe podemos chamar século virtual, tendo em conta que quase metade do nosso tempo é passado em frente a um ecrã a ler e a ver publicações e mensagens nas redes sociais, a postar fotos no Instagram e a “socializar”, se é que podemos chamar-lhe assim.

Estas novas tecnologias acompanham os nossos dias, 24 sobre 24 horas, tornando-se quase impossível separarmo-nos deste mundo virtual. Eu falo por experiência própria: neste momento, eu sinto que seria impossível passar uma semana – ou alguns dias que fosse – sem utilizar a internet. A internet, para mim, tornou-se algo indispensável, tendo em conta que é esta via que mais utilizo para comunicar com pessoas que estão longe de mim e é com ela que ocupo a grande parte do meu tempo livre, quase como se uma parte da minha vida estivesse nesse mundo a que chamámos internet.

Mas como a internet, também o telemóvel roubou uma parte importante do ser humano, a capacidade de conviver com outras pessoas e socializar com as mesmas. As pessoas têm vindo a deixar de falar umas com as outras e têm passado a trocar mensagens ou chamadas, deixando de saber o que é um sorriso, uma cara triste, um amigo verdadeiro…

O ser humano deixou de falar frente a frente e começou a usar o chat, onde expressa as suas emoções, através de bonequinhos amarelos com sorrisos ou caretas; deixou de conseguir falar sem usar um hashtag antes das frases; começou a fotografar a nossa vida para que todos vejam e tornou-se alguém que diz tudo o que pensa ou sente, ou seja, expressa e expõe os seus sentimentos e a sua vida. Aqui chegados, acho que se torna um ser Antissocial.

Friamente, analisando esta problemática em profundidade, sinto-me um pouco desiludido comigo mesmo. Como é possível que uma coisa tão banal como uma rede social ou um dispositivo digital tenha sido capaz de me possuir, sobremaneira, a mim e a um mundo inteiro?

Será que conseguimos alterar esta situação – ou pelo menos diminuir os valores da dependência – num futuro próximo?

 Tiago Marques

Ubiquidade como qualidade?

«Dom de estar ao mesmo tempo em vários lugares; omnipresença»

Por entre sílabas e interpretações, a ubiquidade caracteriza a comunicação social e os mass media – se é que em parte se podem considerar sinónimos. Com frequência, têm vindo a ser alvo de grotescas transformações, de modo a alcançar e a abranger até os locais mais inóspitos. No âmbito de pesquisa da nossa disciplina, a intenção nesta temática será focar toda uma cadeia de metamorfoses que ditaram o nascimento desta era digital, e o impacto que tem este carácter omnipresente na vida dos seres humanos no século XXI.

Vemos diariamente a forma como a nossa vida foi facilitada. Seja em relação ao tempo, ao encurtar de distâncias ou de custos. Gosto aqui de exemplificar a Internet, porque no mesmo minuto, tanto posso estar a par de acontecimentos na Austrália, como de um cruzeiro itinerante pelas águas do Pacífico. É essa a realidade da Internet. A omnipresença que esta concede a quem a utiliza.

É então que surge o conceito de omnisciência. O “saber de tudo”, porque temos acesso a uma panóplia de informações, não significa que tenhamos qualquer tipo de conhecimento. A informação é difusa e, também por isso, confusa.

A título de exemplo, houve recentemente um acontecimento terrorista em França. Após o atentado contra o jornal Charlie Hebdo, muitas foram as “facções” virtuais dissidentes que cresceram na web e que esta despoletou. Falo de pessoas que acima de tudo resguardam a liberdade de expressão, ou pessoas que preservam mais o valor da vida humana, ou pessoas que defendem este “não-afrontamento” entre doutrinas. E ainda pessoas que alegam que, através da Internet não se conseguirá elucidar a contento nenhuma das partes, e creio que aqui residirá a iminência da ameaça.

Esta montra de terrorismo a que assistimos quase diariamente na mediação digital tende a tornar-se numa constante, e a Internet revela ser o veículo ideal para isso acontecer; já que a grande maioria da informação que circula não tem obstáculos para circular, e facilmente pode chegar a qualquer lado. Esta é uma outra característica da divulgação massiva de informação na mediação digital; e surge assim, por exemplo, a necessidade de criação de filtros de leitura, isto é, uma boa educação de base, que permita uma navegação mais consciente.

A título de exemplo, na passada quinta-feira, dia 19 de fevereiro de 2015, saiu este artigo relativo a uma estratégia contra esta apologia ao terrorismo, e que o Conselho de Ministros aprovou.

Maria Miguel

Uma nota sobre as distâncias

“A transcendência das distâncias ganha meu presente e introduz uma suspeita de irrealidade até nas experiências com as quais eu creio coincidir”.

– Maurice Merleau-Ponty

           A citação que abre esta postagem é bastante sintética quando falamos de comunicação nos dias de hoje. A atualização constante dos meios de comunicação do tempo de Merleau-Ponty ( primeira metade do século XX ) encontra no programa Skype o seu ponto mais elevado. Em referência ao uso de outros meios digitais como a rede social Facebook, percebo que no Brasil – em detrimento de Portugal, comunica-se muito mais através desta ferramenta e que muitas relações sociais se confirmam e se desenvolvem pelo ecrã. A “depressão” do século XXI encontra nessa dinâmica o seu porto seguro e é observável uma massificação de sintomas de caráter psicossocial, como a síndrome do pânico, que se desenvolvem, entre outros fatores, a partir da ruptura da convivência real em direção a uma irrealidade.

Sendo de outro país e morando em Coimbra por seis meses, é evidente que a mediação digital está inserida intrinsecamente em meu cotidiano. Seguro de seus pontos positivos, como a comunicação rápida e direta com familiares e amigos brasileiros, também atento para o seu lado “negativo” na extirpação da ideia de distância que se impõe a cada conversa. Entre Portugal e Brasil são três horas, significativas, de diferença. Ou seja, enquanto estou almoçando, meus amigos acabaram de acordar, o que impele um ajustamento de horários que reflete em nossa relação tecnológica.

Transcender a distância me aproxima muito mais de uma vida que deixei em meu país e que só agora, afastado dessa convivência, consigo tomar consciência com muito mais urgência. Sei o que ocorre nas dinâmicas sociais que mantenho com o Brasil em meus círculos de amizade, mas nada posso fazer ou participar a não ser, de fato, saber. Ou seja, o que percebo é uma experiência que se faz irreal posto que não me habilita a tomar partido de sua realidade existencial.

André Luiz Chaves

Mundo Digital

Em plena era digital, é difícil resistir às «tentações» que as novas tecnologias provocam. Seja através das redes sociais que permitem comunicar à distância ou através de jogos viciantes que desconectam os utilizadores da vida real durante umas horas, já ninguém consegue ficar indiferente a este fenómeno.

As novas tecnologias dominam o dia-a-dia de muitos utilizadores. É quase impensável estar mais de 24 horas sem estar «conectado» ou simplesmente pegar no telemóvel para realizar uma chamada ou enviar uma mensagem. E a diferença entre gerações é cada vez mais subtil no que diz respeito à utilização das novas tecnologias – quer sejam adolescentes de 15 anos ou avós de 60, esta nova era digital afeta todas as faixas etárias. Torna-se difícil desconectar-se deste mundo digital visto que está em constante atualização e, a cada minuto, há sempre algo novo para ver, para ler, para comentar.

As novas tecnologias permitiram criar novos meios de comunicação interpessoal, que causaram um impacto tremendo na forma como os indivíduos se relacionam e socializam. As redes sociais permitiram com que as pessoas se aproximassem e, ao mesmo tempo, se afastassem cada vez mais umas das outras. Assistiu-se à criação de dois mundos: o mundo real e o mundo digital que, por sinal, estão bem distantes um do outro. O mundo digital baseia-se nas aparências, no disfarce e na exterioridade e serve como forma de escape às dificuldades e problemas do mundo real. Estes dois mundos representam, respetivamente, quem somos e quem queremos ser.

Nos dias que correm, o cultivo das relações físicas interpessoais foi-se degradando. Há uma década, as crianças ainda brincavam na rua e relacionavam-se umas com as outras sem ser por meio de um telemóvel ou um computador. Hoje em dia, é raro haver uma criança com menos de 8 anos que não possua um telemóvel ou um tablet. E ali passam os seus dias – agarrados àqueles brinquedos eletrónicos que os transportam para outra realidade, como se durante aquelas horas o mundo real não existisse. As próprias relações entre adolescentes tornaram-se simples mensagens de texto. É muito mais fácil escrever do que falar diretamente. Sem se aperceberem, estes adolescentes vão alimentando inseguranças pessoais e problemas de socialização que nunca chegarão a ultrapassar, pela facilidade com que as novas tecnologias permitem «resolver» os problemas.

É indiscutível que a era digital trouxe consigo enormes benefícios, no entanto é necessário entender que nem tudo é positivo e estar bem ciente do impacto que as novas tecnologias têm nas nossas vidas. Será que «mundo digital» se tornou sinónimo de «dependência» ou «vício»?

Diogo Martins

Google: informação ou manipulação…

É do conhecimento geral que a google detém a preferência de grande parte dos utilizadores de Internet, no que toca a motores de busca. Sendo esse o meu caso vejo-me em posição de poder citar aquilo que, para mim, faz com que o “Google Search” tenha tanto sucesso:

  • o Google atualiza a sua base de informações diariamente graças à utilização de um “crawler Googlebot”  ou seja, um bot que procura informações novas em “todos” os endereços possíveis da Internet.
  • O Google armazena quase todas as páginas encontradas pelo “crawler Googlebot” e permite que esse conteúdo seja acedido mesmo quando o site original já não se encontra ativo (informação em cache).
  • E por fim a utilização de um algoritmo conhecido por “PageRank” que define quais as paginas que são apresentadas na primeira pagina e qual a sua ordem.

Contudo este algoritmo tem gerado muita polémica no sentido em que para ocupar uma posição de destaque neste motor de busca já não basta ser relevante a nível de conteúdo ou de utilidade para os utilizadores mas sim a sua ligação com a empresa google, como por exemplo: paginas do “youtube” ou “google news” que são detidas pela empresa facilmente atingem locais de destaque nas suas listagens, o mesmo acontece com paginas que pagam para que a sua publicidade apareça nesta mesma posição.

Isto faz com que as opiniões perante o funcionamento da google entrem em debate. Será manipulação daquilo que acedemos ou uma simples tentativa de direcionar\auxiliar o utilizador ?

Na minha perspetiva o google detém este grau gigantesco de influência que se traduz na preferência da maioria dos utilizadores de Internet devido às suas características e excelente funcionamento. No entanto o crescente poder desta empresa leva-me a pensar na necessidade de condicionar a sua dimensão, mas não sei se estamos prontos para as consequências que tal acão acarreta.

Referencias: https://pt.wikipedia.org/wiki/Google_Search

A Geraçao do Séc. XXI

Vivemos no século XXI, não vivemos? Portanto, acho completamente normal o meu quotidiano estar infestado de mediação digital. Porém, eu faço parte do que muitos chamam “A Geração Milênio”, portanto, como é óbvio, a minha opinião já está inclinada para o de não ficar incomodada com o “ataque” de tecnologia no meu dia-a-dia.

Têm de perceber, isto já é uma coisa implantada na minha mente ainda em desenvolvimento.

Então que não é, ao sair de casa, a primeira coisa que tenho de ter comigo é o meu telemóvel! Parece esquisito, sim, mas este pequeno retângulo eletrónico já faz parte das necessidades da minha geração arrogante e narcisista.

Contém tudo o que os nossos cérebros de peixe dourado não conseguem reter: os números de contatos precisos num caso de uma emergência (seja esta emergência grave ou não, como, por exemplo, telefonar à Sofia que vi o Jorge a beijar a Daniela quando este esteve com ela na noite anterior, este caso sendo claramente um dos mais gravíssimos); e todos os apps que precisamos para sobreviver (o twitter, para desabafar os nossos pensamentos passivo-agressivos do que falar com a pessoa com que estamos zangados; o instagram, para fotografar a nossa vida, assim dando uma ideia ilusória que somos melhor do que os outros, quando, na verdade, não o somos nem um bocadinho; o facebook, para saber quem já ficou sem namorado/a e quem voltou para o sacana que não parava de insultar, fingindo que está tudo bem com atualizações de estado ridículas; e, às vezes, também o tumblr, para ver as mensagens mais recentes de anon hate, com tanta má gramática que fazia qualquer professor chorar).

Tudo isto porque – pelo marketing que dão – é para ter uma comunicação mais significativa com os que estão distantes.

Porém, mais à noite, quando os barulhos de um mundo atarefado e complicado tornam-se silenciosos, e estou deitada na minha cama, às escuras, com uma cabeça que gosta de pensar demasiado, pergunto-me a mim mesma:

– Se tudo isto é criado para tornar-me mais social, porque é que eu sinto-me cada vez mais sozinha?

Carolina Gonçalves

Sempre ligados ou não?

Será que somos assim tão desligados das redes como às vezes dizemos que somos?

Se calhar a pergunta agora é diferente. Será que conseguimos realmente estar desligados?

Ao observar os vídeos aos quais assistimos na aula tomamos consciência de que talvez já estejamos tão habituados a que tudo à nossa volta seja tão digital que nem nos apercebemos que estamos, com este mundo digital a perder muita da nossa humanidade.

Nos vídeos é nos apresentada a realidade do mundo de hoje, um mundo no qual ligamos mais ao que as pessoas metem no facebook e nos gostos que temos nas nossas fotos em vez de no que realmente importa O CONVIVIO. Eu não estou a dizer com isto que as redes sociais são horríveis e que não deviam existir, quero apenas dizer que devíamos dar mais importância ao que os nossos amigos e familiares nos dizem em vez de um gosto.

Eu nunca fui muito fã das redes sociais mas também nunca tive uma opinião delas tão negativa como tem Prince Ea, sendo que o vídeo que ele fez sobre as redes foi o que mais me impulsionou a escrever sobre o tema. Concordo com ele no facto de passarmos muito tempo ligados mas também acredito que a Humanidade aprende com os erros, sem erros nunca seriamos capazes de crescer e evoluir.

Mas de uma coisa tenho a certeza as redes sociais podem ter muitos defeitos mas tambémm muitas qualidades, como por exemplo, no outro dia vi uma entrevista na televisão sobre duas irmãs que nunca se tinham conhecido e que através do facebook conseguiram contactar-se, também o skype tem as suas vantagens é ridículo usa-lo para falar com alguém com quem se pode falar pessoalmente mas muitas das vezes é utilizado para falar com familiares que estão longe de nós e poder vê-los.

Por estes motivos na minha opinião sim, nós estamos demasiado tempo ligados mas também muitas das coisas que usamos on-line têm o seu lado benéfico. Eu acredito que a tecnologia é importante e benéfica apenas temos de aprender a usa-la melhor.

Filipa Silva

Prince Ea, Can We Auto-Correct Humanity?


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