Arquivo de Abril, 2010

A música e os novos media

Com o aparecimento de novo software dedicado ao som, a produção musical para além de mudar em estilo, mudou principalmente em quantidade. Hoje em dia a produção de música é gigante. Com programas como o finale, qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento de teoria musical pode compor para a sua própria orquestra. O programa apresenta-nos uma folha de partituras ao nosso gosto que pode ir desde uma orquestra sinfónica a um grupo de blues. Temos a liberdade de escrever, ouvir e rescrever a nossa própria sinfonia. Podemos imaginar como seria se compositores como Mozart ou Beethoven tivessem acesso a tecnologia como esta.

Para além deste há programas como o Sownd Forge que nos permitem gravar instrumentos, misturá-los e editá-los, tudo isto em tempo real. É então possível a uma banda de garagem, por exemplo, editar a sua música a custos muitíssimo reduzidos.

Como vimos a música pode, hoje em dia, ser produzida por qualquer pessoa que tenha interesse pela matéria. Só requer um bom microfone, um bom interface e um bom computador. Mas para além disso, o mais fantástico é que, com a Web 2.0 a produção caseira de música pode ser gratuitamente divulgada a nível mundial. Um dos meios mais conhecidos de divulgação de música online é o MySpace.

O MySpace, é o novo cartão profissional de qualquer banda musical. Desde uma banda de garagem aos RollingStones praticamente todas as pessoas que fazem música com intenção comercial têm MySpace. Através do site é possível postar texto, fotos, vídeos e músicas da banda. É possível também adicionar outras bandas ao site criando assim links que as dão a conhecer aos visitantes do MySpace de um grupo, mais grupos idênticos dos quais poderão vir a gostar.

Mas nem tudo são rosas na produção barata e em massa da música. Há algumas décadas atrás, quem queria ouvir música, ou a fazia, ou pagava a quem a fizesse. Não havia dispositivos que reproduzissem música quando se queria. Hoje em dia estamos sob um bombardeamento musical constante. Quer queiramos quer não, ouvimos música o dia todo. Quando acordamos o nosso despertador presenteia-nos com música. Quando viajamos de carro temos música. O mesmo se passa quando vamos ao centro comercial, ou ao cabeleireiro e até algumas ruas têm música ambiente. Quando o meio envolvente não tem música, sacamos do nosso minúsculo leitor de Mp3 e temos em nossa posse algumas dezenas de horas de música. Ora, esta overdose de música faz com que haja uma desvalorização da mesma. Afinal, só damos valor ao que não temos…

Os ouvintes de música modernos, muito ao contrario dos ouvintes de à um século atrás, ouvem música sem atenção. É como se a vida de um humano do século XXI tivesse a sua banda sonora particular e constante. Algumas pessoas nem dão conta dos instrumentos que estão a ouvir. Ora, isto faz com que haja uma menor preocupação estética por parte de quem compõe a música comercial actual. Na verdade, grande parte da música que ouvimos hoje é baseada na mesma progressão (sucessão de acordes).

O vídeo que vimos (uma paródia) critica um factor bem presente na composição actual. Todos fazem mais do mesmo no ramo da música. O pior, é que como nos tornámos ouvintes desatentos nem nos apercebemos disso.

Como se não bastasse não prestarmos atenção ao que ouvimos, o rácio dos sentidos também sofreu alterações relativamente à música. É estranho estar a afirmar que se alterou o rácio nos nossos sentidos relativamente a um media que só utiliza um deles, mas o que fez com que se alterasse foi a constante presença de vídeos a acompanhar a música. Chega a um ponto em que podemos questionar o que é que acompanha o quê. Será que o videoclip é a moldura da música ou é a música, a moldura do vídeo?

A música comercial vive de repetições. O músico que quer vender tem uma receita fácil: faz dois versos, alternados com um refrão que é repetido pelo menos três vezes no final (normalmente em fade out) e algumas vezes faz o que se chama uma ponte (uma alteração ao tema principal) para não maçar o ouvinte. Este tipo de música torna-se cansativo, mas com a presença de um vídeo o cansaço é anulado. O vídeo é então, não só um complemento à música, mas também uma distracção da monotonia da mesma. Será tudo isto favorável ao futuro da música?

A desvalorização da música é também visível na própria compra. Com a facilidade de distribuição online e o aparecimento do Mp3 já não precisamos de comprar música para a poder ouvir. Temos que ter consciência da raridade de pessoas que resistem ao download ilegal. Chegámos a um ponto em que já não são poucas as bandas que disponibilizam a sua música gratuitamente na internet dizendo a quem a baixa que se quiser pode deixar um donativo. Tendo então a possibilidade de obter gratuitamente música, quando compramos um CD estamos a comprar música, ou o plástico e o design da capa? Há quem chegue ao ponto de ir ouvir música online para decidir se compra ou não essa mesma música. Não estou a criticar de maneira nenhuma quem compra CDs, muito pelo contrário. A minha pergunta é: se o comprador já tem a música porque é que compra o CD? É para comprar a música? Para não se sentir mal a ouvir algo roubado? Ou para ter algo físico que não seja só informação codificada?

Emanuel Taborda

Franz Ferdinand “take me out” Video made by Jonas Odell (2004)

Estamos perante um vídeoclip onde se vê o grupo a tocar integrado numa animação surrealista ao estilo de Terry Gil-Liam (Monty Pythons) em formato bidimendional e tridimendional. Existem uma quantidade de elementos visuais que ao longo da música vão interagindo como por exêmplo os músicos, seres meio robóticos, maquinaria, figuras geométricas como blocos e círculos, desenhos gráficos, seres grotescos meio desproporcionados, tudo como que integrado numa estética e arte “vintage” à moda dos anos 20 e 30. A montagem é abstrata, vários e sucessivos planos diferentes desses elementos vão-se movendo, transformando e repetindo, não deixando possibilidade para nenhuma narrativa específica. As cores são limitadas, como o preto, o branco, o cinzento, o vermelho e algum amarelo.

Como já mencionei, o vídeo mostra bastantes referências relacionadas com contextos sociais e práticas culturais de épocas passadas como o início do século XX. Podemos encontrar a existência de fotomontagens e colagens ao estilo dadaísta, lembrando por exêmplo artistas como Geoge Grosz ou Hannach Hoch. Uma outra presença indiscutível são as imagens inspiradas no construtivismo russo como desenhos gráficos característicos dos posters de propaganda comunista e também a estética cinematográfica. Há sem dúvida um especial interesse por parte do grupo e do videoclip, nas vanguardas artísticas do início do século XX, bem como artístas como o russo Alexander Rodchenko, de onde a ideia para a capa do disco do single “take me out” foi tirada, como se pode ver aqui as semelhanças:

Por último, com alguma pequena semelhança com vídeo dos Arcade Fire “Neon Bible” analisado em uma das aulas, a presença do meio expressa-se através de outros meios de outras épocas que se combinam digitalmente. Podemos ver a presença do cinema, da imprensa, fotografia, moda, tecnologia, dança, desenho gráfico, propaganda política, etc. A tecnologia digital permite assim que se possam criar vídeos com um conteúdo artístico e mediático tão variado. A utilização simultãnea de duas formas de animação mostra como os média antigos ou tradicionais se podem manifestar através dos novos média que permitem uma fácil modularidade dos códigos numéricos digitalizados, dando possibilidades nunca existentes dentro do mundo da animação e não só. De alguma maneira este vídeo pode ser comparado a uma das teorias de Marshall Mcluhan em que varios meios anteriores são o conteúdo de um novo meio “the medium is the message”.  Para acabar queria também referir que a música “take me out” foi remediada, parodiada e remisturada por outros média populares como video jogos, bandas (Scissor Sisters, Daft Punk e muitas outras), anúcios de televisão e também samplada por Djs.

Pedro Jorge Chau

Vamos ser controlados…?

Eagle Eye estreou em 2008. Um filme de D. J. Caruso e que tem no elenco, nomes como Shia LaBeouf, Michelle Monaghan, Rosario Dawson, Billy Bob Thornton, Michael Chiklis.

Um thriller misterioso e com muita acção. Os protagonistas da película são Shia LaBeouf (Jerry Shaw) e Michelle Monaghan (Rachel Holloman). No desenrolar da acção são dois desconhecidos que unem-se devido a um telefonema de uma mulher que eles nunca viram. Ameaçando as suas vidas e as suas famílias, esta mulher empurra Jerry e Rachel para uma série de situações cada vez mais perigosas, usando a tecnologia do dia-a-dia para monitorizar e controlar todos os seus movimentos. À medida que a situação se agrava, estas duas pessoas vulgares tornam-se nos fugitivos mais procurados do país. Os dois vão trabalhar em conjunto para descobrir o que está realmente a acontecer. Ao lutarem pela vida, tornam-se peões de um inimigo sem rosto, que parece deter poder ilimitado para manipular tudo o que fazem.

O visionamento deste filme mostra qual o caminho que não devemos seguir… Um futuro sem segredos… Um mundo sem esconderijos… Um caminho altamente perigoso… Uma estrada sem saída… Uma máquina sem precedentes para atingir aquilo que quer…

Será importante repensar a utilização das novas tecnologias? Sim. Sem dúvida.

Milton Batista

A “aura” de uma obra de arte

A aura de uma obra de arte não está presente nas suas cópias e reproduções.

A reprodução que nos é fornecida pela tecnologia trouxe-nos muitas possibilidades. Agora podemos ter um conhecimento mais abrangente, ver obras de arte que se encontram no outro lado do mundo sem nos deslocarmos e até mesmo aumentar os aspectos que nos captam mais a atenção nessas obras. Conseguimos apreciá-las, mas falta qualquer coisa!…

Walter Benjamin definiu essa “coisa” que falta. Chamou-lhe “aura”. Para ele, o original de uma obra de arte é dotado de um hic et nunc, um “aqui e agora” que garante a sua autenticidade. O facto de ter sido produzido apenas um exemplar, num momento e lugar específico, numa dada circunstância e por um autor que nos é especial, acaba por fazer com que atribuamos ao objecto uma aura. É essa aura que dá à obra de arte o seu carácter único.

Eu adoro Gaudi, por exemplo. Sei quais são as obras conhecidas dele, mas para sentir o verdadeiro poder destas tenho de ir a Espanha. Pude conhecer o seu trabalho graças às reproduções; estas deram-me as informações necessárias à minha identificação com o autor e vontade para ir a Barcelona sentir a aura das suas obras.

Sara Godinho

A reprodutibilidade técnica da obra de arte

A obra de arte sempre foi reprodutível. O Homem sempre imitou o Homem. No entanto, a reprodução técnica que constituí algo totalmente novo tomou um papel de força na História da Humanidade.

Os Gregos conheciam apenas dois processos de reprodução técnica sendo eles, a fundição e a cunhagem. As moedas e os bronzes eram as únicos obejctos que se podiam produzir em massa. Mais tarde, as artes gráficas passaram a ser reproduzidas pela xilogravura e depois, com a chegada da impressão também a escrita se tornou um fenómeno de reprodução em massa. Porém, o avanço decisivo e que possibilitou às artes gráficas a sua venda no mercado foi a chegada da litografia no século XIX. Desta forma, para além de haver produtos em massa havia também produtos com novas formas e todos os dias. Serviu também para ilustrar o quotidiano.

Poucas décadas depois, eis que chega a tecnologia da fotografia que ultrapassa em todos os sentidos a litografia. Muito mais rápido do que desenhar e com a ausência de mãos habilidosas e talentosas, a fotografia acelera de uma forma extraordinária o processo de reprodução de imagens. Com esta nova técnica, o valor de culto que até agora tinha uma vertente unicamente espiritual e mágica é afastado pelo valor de exposição. Apenas os retratos de entes queridos continuam a abranger um culto de recordação que não pode ser sobreposto por ninguém.

O cinema foi outra das formas que acelerou o processo de reprodutibilidade com a reprodução técnica do som a ter um papel bastante importante. O facto do cinema se querer enquadrar no conceito de “arte” causou uma modificação nos efeitos e no objecto da reprodução técnica que passou a ser a totalidade das obras de arte provenientes de épocas anteriores.

Paul Valéry caracterizou este fenómeno de aceleração dizendo o seguinte:

“Tal como a água, o gás e a energia eléctrica, vindos de longe através de um gesto quase imperceptível, chegam a nossas casas para nos servir, assim também teremos ao nosso dispor imagens ou sucessões de sons que surgem por um pequeno gesto, quase um sinal, para depois, do mesmo modo, nos abandonarem.”

O facto é que não nos abandonou mas sim, faz parte de um bocadinho da vida de cada pessoa. A reprodutibilidade técnica emancipou-se assim pela primeira vez na história do mundo.

Ana Catarina Monteiro

” É Cool Estar Na Moda ? “

Ao observármos as ruas dos nossos dias apercebemo-nos cada vez mais como a imagem é um ponto fulcral da nossa personalidade.
Assim, cada vez mais na nossa sociedade, há desquilibrios entre a população para atingir o Look perfeito, ou porque somos bombardeados pelos meios telivisivos todos os dias , ou simplesmente porque ao sairmos de nossas casas vemos cartazes como” Deseja emagrecer , então consulte a clinica dermoestética”.
De facto , os adolescentes do século XXI estão cada vez mais frustrados, o que tem levado ao aumento de doenças como a anorexia e bolimia , para atingirem a silhueta de um ou de uma modelo. Porém o que estes jovens não percebem é que muitas vezes essas personalidades são tão perfeitas quanto elas, simplesmente ficam sem defeitos a apontar devido á utilização da técnica do Photoshop, o que faz com que se consigam corrigir todos os erros de uma pessoa e até modificar alguns pontos , tais como a cor dos olhos ou o penteado, num simples periodo de tempo.
Efectivamente, Também a telivisão leva cada vez mais os nossos consumidores a tornarem -se dependentes da mudança, levando a outra grande doença do séc., o Consumismo, é que em todas as mudanças de estação ouvimos, no nosso televisor expressões como ” Já é primavera no El corte Ingles” e há áté já lojas famosas entre os jovens que se inspiraram em séries como Gossip Girl , e donas de casa desesperadas para a criação das suas colecções tal Como a famosa marca internacional Zara.
Em suma , Se a moda servir para constituir o nosso estilo de forma saudável é algo que faz parte da sociedade comtemporânea em que vivemos , caso contrário, pode ser encarado como um dos maiores problemas da sociedade actual.

Nota: Algumas destas ideias foram retiradas da revista semanal: Domingo.

Miguel Valentim.

Videoclip-análise como obra digital

Videoclipe ou teledisco é um filme curto em suporte electrónico (analógico ou digital). Durante algum tempo “videoclipe” foi quase sinónimo de vídeo musical, mas com o advento da internet de banda larga e a difusão de ficheiros de vídeo através dela, a palavra tem vindo a regressar ao seu sentido original.

No cinema de vanguarda dos anos 1920 vários cineastas tentavam articular montagem, música e efeitos para criar um novo tipo de narrativa, própria do meio audiovisual e livre dos cânones de até então na literatura e no teatro. O videoclipe começou a ser amplamente utilizado a partir da anos 1960, pela banda The Beatles, pois não podiam ir a todos os lugares para que se apresentassem ao vivo, daí gravavam-nos cantando e então passavam a ser exibidos na televisão. Mais tarde, os vídeos da banda começaram a já tomar forma similar aos de hoje.

Os elementos básicos constituintes do videoclipe são a música, a letra e a imagem que, manipulados, interagem para provocar a produção de sentido. Os aspectos (características) de como estes elementos são construídos incluem a montagem, o ritmo, os efeitos especiais (visuais e sonoros), a iconografia, os grafismos, e os movimentos de câmara, entre outros.

Os vídeos musicais da indústria cultural contemporânea desenvolveram, principalmente a partir dos anos 80 do século XX, com uma estética e uma linguagem próprias, chamadas de Estética Videoclipe. Essa forma é, geralmente, caracterizada por uma montagem fragmentada e acelerada, com planos (imagens) curtos, justapostos e misturados, narrativa não-linear, multiplicidade visual, riqueza de referências culturais e forte carga emocional nas imagens apresentadas.

Neste vídeo dos “The Beatles” se identificarmos os diferentes elementos formais desta obra,  observamos a simplicidade do meio que nos mostram. È das primeiras obras do grupo em que a letra é simples, limitando-se ao titulo desta mesma, é uma letra e uma declaração de amor. Neste vídeo não existe movimentos da câmara devido á época que se encontram, mas á uma alternância de planos entre o plano geral que demonstra todo o panorama; o plano aproximado, em que estes são filmados da cintura para cima e o plano italiano, onde são filmados dos ombros para cima. Existe aqui como em quase todas as obras digitais uma invisibilidade das aplicações informáticas que apesar de serem ainda poucas estas são executadas de maneira a não demonstrar intervenção humana.

Juliana Alves

Reprodução da obra de arte: a aura permanece?

A arte tem como o objectivo “estimular as instâncias de consciência em um ou mais espectadores, dando um significado único e diferente para cada obra de arte”. Estas são realmente muito valorizadas e cada um de nós sente emoções diferentes ao olhar para uma determinada obra.

Walter Benjamin utiliza o termo “aura” para designar o carácter essencialmente transcendente, fugidio, inesgotável e distante da obra de arte (…) Trata-se de uma distância intransponível do objecto artístico, que nos remete para a ideia de Beleza. Esta, segundo Benjamin, está relacionada com a ideia de invólucro que encobre a obra de arte e mantém a essência da beleza inacessível: “a beleza da obra de arte reside em sua essência misteriosa; Belo é o objecto que permanece misterioso por conta de seu invólucro. A aura equivale a este véu ou invólucro que exprime o Belo preservando a inacessibilidade da própria essência da Beleza”.

Isto é, a “aura” caracteriza-se “pela distância e reverência que cada obra de arte, na medida em que é única, impõe ao observador. Primeiro (nas sociedades tradicionais ou pré-modernas) pelo modo como vinha associada ao ritual ou à experiência religiosa; depois (com o advento da sociedade moderna burguesa) pelo seu valor de distinção social, contribuindo para colocar num plano à parte aqueles que podem aceder à obra «autêntica».”

As obras de arte têm uma aura específica e são valiosas porque são únicas e não desvalorizam. Em todas as formas de arte há uma dimensão ritual e a obra de arte permite que esta circule fora do contexto em que foi produzida. Mas Walter Benjamin defende que a reprodutibilidade da arte proporciona a perda da aura (ou seja, da marca, da história, do seu tempo).

A partir do momento que uma obra é reproduzida deixa de ter aura, a sua marca “perdeu-se”. Apesar de pudermos ver as pinturas, as esculturas, os manuscritos, as fotografias, as músicas como uma fiel cópia do original (em todo o seu conteúdo) não conseguimos ver a sua aura, pois a sua autenticidade e a sua marca histórica foi destruída na reprodução técnica dessa mesma obra.

Manuscrito Isaac Newton

“A unicidade da obra de arte é idêntica à sua inserção no contexto da tradição. Sem dúvida, essa tradição é algo de muito vivo, de extraordinariamente variável. Uma antiga estátua de Vénus, por exemplo, estava inscrita numa certa tradição entre os gregos, que faziam dela um objeto de culto, e numa outra tradição na Idade Média, quando os doutores da Igreja viam nela um ídolo Malfazejo. O que era comum às duas tradições, contudo, era a unicidade da obra ou, em outras palavras, sua aura.” Ou seja, era a autenticidade e a unicidade da obra que a eternizava dentro de uma história devido às propriedades físicas que a caracterizavam num determinado tempo e às circunstâncias do momento em que foi criada.

Portanto a reprodução da arte permite a massificação da arte e a desvinculação do contexto específico da obra e a sua contextualização noutros contextos (perda da aura). Por exemplo, o manuscrito de Fernando Pessoa digitalizado para a Web Biblioteca Nacional perdeu a sua aura pois reprodução proporcionou que a obra saísse do seu contexto de produção. Só o manuscrito original tem a tal presença da “aura” uma vez que a obra digital é única no seu contexto histórico.

Mónica Lima

Aura perdida? Sim, não… Talvez?

“Obra de arte pode ser definida como uma criação humana com um objectivo simbólico, belo ou de representação de um conceito determinado.” Hoje em dia existem diversos exemplos de obras de arte, desde as esculturas, as pinturas, os poemas, a arquitectura, os filmes, a música, os artefactos decorativos, etc.

Mas, infelizmente, a “autenticidade” e “autoridade”, duas das grandes características das obras de arte tem vindo a perder-se diante das novas técnicas de produção e reprodução. Ao perder aquilo que o filósofo Walter Benjamin chama de “aura”, a arte deixa assim para trás o aspecto elitista e tradicional, deixando de ser privilégio de apenas alguns para atingir as grandes massas.

“Por princípio, foi sempre possível reproduzir obras de arte. Os homens sempre puderam copiar o que os outros tinham feito. Essa imitação foi também praticada por alunos que queriam exercitar-se nas artes, pelos mestres para a divulgação das suas obras, enfim, por terceiros movidos pela ganância do lucro. Já a reprodução das obras de arte por meios técnicos é algo novo, que se tem imposto de forma intermitente, por impulsos descontínuos, mas com crescente intensidade.”

A aura é algo singular e ímpar. A reprodução técnica, para Benjamin, destrói assim a aura da obra de arte, a sua unicidade, a sua historicidade: “Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, a sua existência única, no lugar em que ela se encontra. É nessa existência única, e somente nela, que se desdobra a história da obra. Essa história compreende não apenas as transformações que ela sofreu, com a passagem do tempo, a sua estrutura física, como as relações de propriedade em que ela ingressou. Os vestígios das primeiras só podem ser investigados por análises químicas ou físicas, irrealizáveis na reprodução; os vestígios da segunda são o objecto de uma tradição, cuja reconstituição precisa partir do lugar em que se achava o original. O aqui e agora do original constitui o conteúdo da sua autenticidade, e nela se enraíza uma tradição que identifica esse objecto, até aos nossos dias, como sendo aquele objecto, sempre igual e idêntico a si mesmo. A esfera da autenticidade como um todo, escapa à reprodutibilidade técnica, e naturalmente não apenas à técnica. Mas enquanto o autêntico preserva toda sua autoridade com relação à reprodução manual, em geral considerada uma falsificação, o mesmo não ocorre no que diz respeito à reprodução técnica”.

Mas, a verdade é que a reprodução técnica, por mais que deixe intacto o conteúdo, desvaloriza a aura da obra de arte original. A perda da aura não é apenas consequência das novas formas artísticas e dos processos técnicos envolvidos na sua produção e recepção, é resultado também de um contexto económico e cultural mais abrangente. Os processos históricos alteram e são alterados pelas mudanças no modo de percepção humana. Na aura estão incluídas as várias associações que a obra adquiriu com o tempo, testemunhos de uma existência histórica. Por isso, a perda da aura é consequência de factores intimamente ligadas aos movimentos de massas. “O primeiro factor diz respeito à superação do carácter único dos objectos, através de sua reprodução. O segundo factor diz respeito à superação da distância necessária para desfrutar da aura do objecto, diz respeito a essa necessidade, cada vez maior, das massas modernas, de possuir o objecto o mais próximo possível, de fazer as coisas “ficarem mais próximas”, através da sua reprodutibilidade.”

O homem contemporâneo, para Benjamim, está simplesmente “ligado” ao que o rodeia, não sendo assim possível que alcance a “correcta distância” necessária para alcançar a aura. Com a realidade cada vez mais próxima, as imagens desta tornam-se cada vez mais acessíveis, e por isso, banais. A aura, para ele, parece ser incompatível com os sonhos de consumo imediato do capitalismo.

“A autenticidade de uma coisa é a essência de tudo o que ela comporta de transmissível desde a sua origem, da duração material à sua qualidade de testemunho histórico.” A cumplicidade entre arte e consumo, a extirpação dos objectos em relação à tradição, a massificação, a sincronia substituindo a diacronia e o valor de exposição a efectuar-se na vez do valor de culto são assim alguns dos fenómenos que se articulam com o tema da decadência da aura.

Para mim, existe realmente a perda da aura quando uma obra de arte é reproduzida. Mas, acredito também, que quando existe uma réplica perfeita ou quase perfeita do original existe, (quiçá), uma nova aura que se forma, ou seja, continua a existir uma relação simbólica com o objecto. Embora não mais “atrelada” à tal ideia de autenticidade de um exemplar único, é certo, mas persiste uma aura em função de um certo valor de culto. Como por exemplo, o Espólio de Fernando Pessoa. Quando o professor deu este exemplo na aula para nós pensarmos, eu fui visitar o sitio da internet da Biblioteca Nacional e estive a ver a diversa herança artística que este poeta nos deixou. Claro que não senti o que sentiria certamente se estivesse a ver todas as suas obras ao vivo mas, a verdade é que também não me senti indiferente, senti realmente o tal valor de culto, respeito pelo autor e pelas suas práticas históricas e culturais. Claro que concordo que o valor de exposição, ou seja, “submeter as obras à exposição indiscriminada desvaloriza o seu o caráter sagrado” mas, não acredito que o valor de culto tenha desaparecido. Acredito que continue presente, tem é a sua função distorcida.

Márcia Oliveira

YouTube – 5 anos de Entretenimento e Informação

Nada melhor que falar do site Youtube, do que quando este comemora 5 anos após o seu primeiro vídeo publicado. Ontem sexta-feira, dia 23 de Abril, este comemorou por assim dizer 5 anos de existência.

Primeiro vídeo publicado no Youtube

Teve o seu início em 2005, numa garagem em San Mateo, nos EUA, quando três antigos trabalhadores do Pay Pal (Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim) criaram este site.

A meu ver, o Youtube é uma fonte inexplicável de multifuncionalidade.

Quantos de nós já utilizámos o Youtube como meio de consulta, ou até mesmo de entretenimento? Quantos de nós já vimos documentários quer para cultura geral ou até mesmo como meio de pesquisa? Quantos de nós já utilizámos o referido site para momentos de nostalgia e busca de um vídeo clip, ou simplesmente para ouvir alguma música que não ouvíamos há anos?

O Youtube é assim, e posso classificar para mim como a “minha” biblioteca audiovisual.

Neste momento uma pessoa que se ligue ao YouTube pode passar 1700 anos a ver vídeos (e esta contagem está sempre a aumentar), e nestes últimos cinco anos, o YouTube também se tornou indescritívelmente um dos grandes protagonistas da divulgação de conteúdos áudio visuais.

No momento é classificado como um arquivo multimédia gigante, com 100 milhões de vídeos vistos todos os dias.

Mas o seu êxito não parte apenas das mentes brilhantes que o criaram, mas também pelo negócio milionário de 2006, quando o Google comprou o site por 1,65 mil milhões de dólares (cerca de 1,13 mil milhões de euros) e pelos novos modelos publicitários que têm vindo a surgir, assim como pela legião de fãs que conseguiu em todo o mundo.

O vídeo em baixo conta a história destes nosso companheiro.

Ana Rita Freitas

É o fim do mercado da edição em papel?

Uma boa forma de (re)pensar o presente e o futuro, a forma e o conteúdo do mundo em que vivemos.  Até porque, neste momento, todas as dúvidas estão em cima da mesa, quer estejamos preparados ou não para (cor)responder aos desafios da nova era digital.

Ora espreitem o vídeo…

Sara Oliveira

Blogosfera

Todas as semanas tenho escrito textos para serem publicados neste blogue. Então, surgiu-me esta ideia de escrever algumas linhas sobre os blogues: o que são, qual o objectivo e como transformam a vida das pessoas (autores e leitores).

Os blogues começaram como diários online e hoje já são considerados fontes de informação e entretenimento. Nos blogues podemos publicar os chamados “posts” (artigos) que combinam texto, áudio, imagem e vídeo, ou seja, um conjunto de várias formas de comunicação. A linguagem utilizada nos blogues é uma linguagem acessível e simples que foge do formalismo da linguagem utilizada pelos meios de comunicação social. O leitor tem a possibilidade de comentar os “posts” existindo, assim, uma grande proximidade e interacção entre autores e leitores. Em Dezembro de 2007, o motor de busca de blogues Technorati registou a existência de mais de 112 milhões de blogues.

No meu ponto de vista, os blogues são instrumentos de comunicação utilizados por pessoas comuns que sentem a necessidade de exprimir ideias, divulgar eventos, dar opinião, partilhar sentimentos, ou seja, concretizar uma infinidade de razões para comunicar.

A jovem jornalista Ana Garcia Martins, 28 anos, criou há seis anos o blogue de enorme sucesso “ A pipoca mais doce” (http://apipocamaisdoce.blogspot.com/). Inicialmente, o blogue era um espaço anónimo onde a pipoca escrevia sobre o seu dia-a-dia, as suas aventuras e desventuras, partilhando com os internautas as suas emoções, sentido de humor e opiniões. A sua crescente popularidade na Blogosfera levou a que fosse eleita a Mulher mais invejada de Portugal num concurso promovido pela RedQ by DeltaQ, na internet. O sucesso do livro que publicou, já depois de ter ganho o concurso, também é prova do enorme reconhecimento do blogue da jornalista. “A pipoca mais doce” é um dos blogues mais visitados com um grande número de internautas fidelizados.

A concluir, não haverá dúvidas que a blogosfera é uma comunidade de comunicação que tende a expandir-se e a afirmar-se. Os próprios autores dos blogues, os chamados “blogueiros”, divulgam nas suas páginas a existência de outros blogues, garantindo assim a massificação dos acessos. Estamos perante mais um fenómeno social permitido e facilitado pelas tecnologias.

Sara Reis Araújo

Biblioteca digital

 A Biblioteca digital é uma biblioteca constituída por documentos  primários, que são digitalizados quer sob a forma material (Disquetes, CD-Rom,DVD), quer em linha através da internet, permitindo o acesso à distância.

Na última década do século XX, o mundo da informação digital sofreu grandes transformações, tendo surgido inúmeros projectos que confluíram no que hoje denominamos de bibliotecas digitais. A prática de nos dirigimos a uma biblioteca começa agora a ser menos frequente. Isto porque, as bibliotecas começaram por utilizar a tecnologia dos computadores para  melhorar os seus serviços básicos como a catalogação e organização do acervo á sua guarda. Com a proliferação do acesso em linha, estas instituições passaram a poder ter base de dados organizadas, dinamizando assim a informação disponível. Ou seja, o desenvolvimento das bibliotecas digitais está intimamente relacionado com a evolução da tecnologia e do modo de tratamento e transmissão de dados.

Tal como acontece com as bibliotecas tradicionais, os utilizadores das bibliotecas digitais dividem-se em três grandes grupos: investigadores, estudantes/professores e de leitura pública. As necessidades dos utilizadores neste contexto são preenchidas, essencialmente, através da utilização da Internet, acedendo ao sitio ou a página da biblioteca que apresenta informação  sobre a própria biblioteca (serviços e colecções), podendo também consultar o catalogo bibliográfico em linha. Desta forma, as consultas, as informações e a própria leitura passa a ser toda realizada em casa, no trabalho ou num meio social. A leitura de um livro pela internet é agora cada vez mais comum, pelo facilitismo que nos proporciona. Via internet basta procurarmos na base de dados pelo livro que gostaríamos de ler, e com a escolha feita, temos uma barra de opções onde podemos mudar de página, ou aumentar o livro para uma melhor leitura.

O surgimento da biblioteca digital pode ser considerado como uma evolução natural da tradicional, em virtude do aumento do fluxo informacional que dificulta a actualização e a recuperação da informação. Este fenómeno esta em constantes estudos e evoluções.

                                                                                                                                                                                           Juliana Alves

A aura da Arte

Qualquer pessoa que tenha visitado um museu com obras de autores de renome como Picasso, por exemplo, sabe bem o que se quer dizer com a aura de uma peça. É realmente estranho e difícil de explicar, mas quando se está perante um original de um grande autor é como se algo crescesse dentro de nos e quase nos custasse respirar.

É evidente que para um leigo, se lhe disserem que está a ver um Dali e na realidade for uma cópia, ele provavelmente dirá que sentiu a aura da peça. Quanto a mim, a aura é mais um sentimento de respeito pelo autor que a apreciação estética aprofundada da obra. Não estou com isto a tirar valor ao original, aliás, quando visito museus espero sentir esse respeito e saio para o exterior a sentir-me enriquecido culturalmente por ver peças das quais, na sua maioria, já conhecia cópias.

Quanto à existência de aura numa reprodução do original, seja ela digital ou física, penso que há consenso na resposta. Não, não creio que exista aura numa cópia, precisamente por não criar o tal respeito que o original desperta em nos.

Recentemente, alguns museus criaram visitas virtuais online às suas galerias. Penso que em altura alguma houve a preocupação da diminuição de visitas aos museus em questão. Numa visita virtual, simplesmente não é possível sentir-se a admiração, o respeito, a aura das obras. Esta falta de preocupação pode ser considerada uma prova da ausência de aura na digitalização da obra de arte. A aura é exclusiva do original.

Emanuel Taborda

Madonna – Sticky e Sweet Tour

“Sticky e Sweet Tour” é a oitava digressão da Madonna. Esta tourné passou por 32 países, e é considerada a maior digressão da história de uma artista a solo, e a segunda maior de todos os tempos.

Durante aproximadamente duas horas a cantora brinda o público com um concerto multimédia onde a tridimensionalidade está presente ao longo de todo o espectáculo.

A presença da imediacia é uma constante, uma vez que o meio se esconde tornando-se assim invisível envolvendo-nos em cada cenário digital que é apresentado. Para além do 3-D, cada pormenor é meticulosamente pensado e cuidado pela cantora, desde os figurinos, às coreografias e à música, tudo é interligado de forma a teatralizar e representar cada situação.

De seguida, mostramos o vídeo que nós editámos especialmente para exemplificar os conceitos que acabámos de referir:

Neste vídeo podemos observar a maneira como a artista usa o 3-D para nos envolver nos vários meios criados ao longo do concerto. Na primeira parte do vídeo, a Natureza é o meio escolhido. A relva, as flores, a água, as árvores e alguns animais estão presentes num vídeo digital enquanto dois bailarinos vão dançando e interagindo com um elemento fictício de uma mulher, uma representação da mãe Natureza.

Na cena em que aparece um ringue de boxe, a ideia que está a existir um combate é teatralizado de uma forma tão real que nos dá a sensação de estarmos a assistir a uma verdadeira luta. Somos assim transportados para o meio não só através de um vídeo digital mas também pela maneira como a coreografia dos bailarinos e os seus figurinos é constituída e realizada. O jogo de xadrez também é um bom exemplo de tridimensionalidade. Para além do efeito 3-D do tabuleiro com as peças a mexerem como se realmente alguém estivesse a jogar, a coreografia dos bailarinos, a música e o próprio vídeo digital estão totalmente em sintonia.

Estes dois exemplos mostram também a presença de interactividade, uma vez que o público não consegue permanecer passivo. No próprio jogo de xadrez as pessoas tem o impulso de querer “agarrar” as peças e começar elas próprias a jogar. Também na sequência que nos dá a ilusão que está a chover no concerto o público tem o estímulo de colocar as mãos no ar para sentir se realmente está a chover.

A parte final do nosso vídeo refere-se à música “Get Stupid” onde o público é bombardeado com imagens sobre a política internacional, a guerra, o consumismo e o meio ambiente. Madonna alia o “lado do bem” a imagens de Gandhi, Oprah e Obama contra o Hitler e o McCain (ou seja, o “lado do mal”). O tema principal da música é um apelo à intervenção social como se pode ver nas palavras que surgem constantemente no ecrã:

A cantora conjuga “Get Stupid” com a música “4 Minutes to Save the World” uma vez que ambas têm o mesmo objectivo: a intervenção social. Por exemplo no excerto, acima transcrito, a artista está precisamente a dizer que o tempo está a esgotar e não há tempo a perder com hesitações pois apenas têm quatro minutos para salvar o mundo.

É também de salientar que a cantora tem vários convidados virtuais como Britney Spears, Timbaland e Justin Timberlake. Os jogos de intersecção são feitos somente com imagens em vídeo com os corpos “reais” dos cantores convidados. A percepção que estes estão realmente presentes é incrível visto que a cantora faz coreografias e canta as músicas em conjunto com os artistas. Outro ponto fulcral no espectáculo de Maddonna é que esta faz alterações musicais de temas, especialmente, para a reprodução ao vivo. Velhas canções como “Into The Groove”, “Like a Prayer” ou “La Isla Bonita” sugerem assim sob novos e oportunos arranjos. É aqui visível o conceito de remediação. Por exemplo, no tema “La Isla Bonita”, um tema de 1987, a cantora escolhe um grupo cigano para a acompanhar tornando mesmo o espectáculo numa festa de acampamento cigano. A canção ganha assim novas versões ao vivo.

Para finalizar, deixamos aqui o trailer official da tourné “Sticky e Sweet” da rainha da Pop para vocês verem mais imagens e pormenores sobre o concerto que apresentámos:

Márcia Oliveira e Mónica Lima

Jornais impressos vs Jornais online

A pesquisa para o nosso trabalho oral começou com a descoberta da obra do Dr. Helder, ” Da implementação à estagnação: os primeiros doze anos do ciberjornalismo em Portugal”.

O Dr. Helder Bastos é jornalista e docente do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, onde lecciona as cadeiras de imprensa e ciberjornalismo. O seu estudo serviu de base para todo o nosso trabalho. A sua publicação sobre a história dos jornais em linha foi uma ajuda fundamental num campo onde a documentação fidedigna não abunda, pelo menos no que toca ao ciberjornalismo português.

O Jornal de Notícias e o Público do dia 12 de Abril foram o nosso objecto de estudo. Analisámos as suas manchetes nas versões em papel e em linha.

Mas de volta à história do ciberjornalismo. O Jornal de Notícias foi o primeiro jornal a colocar a sua edição na internet, nesta altura os jornais abriam os seus sites apenas para neles colocarem a sua versão impressa sem qualquer tipo de alteração. O Público não tardou e no dia 22 de Setembro do mesmo ano abriu também o seu site. Por sua vez, o Expresso foi o primeiro semanário português a ter um site, embora já relativamente mais tarde que os dois anteriores. Foi no dia 28 de Janeiro de 1997 que o Expresso registou o seu site.

O Dr. Helder Bastos simplifica-nos o raciocínio e afirma que a história do ciberjornalismo português está dividido em 3 fases:

  1. A primeira é a chamada fase da Implementação (1995-1998). Esta é uma fase essencialmente experimental. Nesta altura os jornais abrem os seus sites, para neles reproduzirem os conteúdos das suas versões em papel. Foi nesta fase que o Jornal de Notícias e o Público abriram os seus sites, como já referi.
  2. A segunda fase é a da Expansão ou “boom” (1999-2000). Esta fase é marcada pelo aparecimento dos primeiros jornais generalistas exclusivamente online, como o Diário Digital e o Portugal Diário.
  3. A terceira e última fase é a da Depressão seguida de Estagnação (2001-2007). É a fase negra do ciberjornalismo português devido ao encerramento de sites, aos cortes no pessoal e nas despesas.

Concluímos que os jornais em linha durante a manhã têm exactamente os mesmos artigos que as suas versões em papel, mas, ao longo do dia os sites vão actualizando as suas páginas com acontecimentos ocorridos ao longo do dia.

Nos últimos anos, os jornais em papel têm aproximado a sua imagem à dos jornais online. Cada vez mais os jornais dão um maior espaço à imagem, à semelhança do que acontece com os jornais em linha.

Menos de um quarto das suas potencialidades é o que os ciberjornais portugueses de informação geral aproveitam, segundo o Dr. Helder Bastos. A interactividade, a multimedialidade e a instantaneidade, são apenas alguns dos exemplos  dados pelo autor. Claro, que é possível ver exemplos de cada uma destas coisas nos jornais em linha. A interactividade, por exemplo, é visivel no espaço que os jornais online deixam para comentários do leitor. Isto permite uma maior troca de ideias entre o leitor e o jornalista. A multimedialidade, que não é mais que a possibilidade de utilização de diferentes formatos, como o video, áudio, fotografias também está presente nos sites dos jornais através das fotogalerias, por exemplo. A instantaneidade é, na nossa opinião, a maior arma destes jornais. Os jornais em papel não podem jamais competir com os jornais online no que toca à rapidez de publicação. Um terramoto ocorrido hoje às 16h tem destaque quase imediato nas páginas dos jornais online. As versões impressas só podem dar a notícia no dia seguinte. No entanto, o que o Dr. Helder Bastos refere não é a ausência destas características, mas sim, um mau aproveitamento das suas potencialidades.

O estudo do Dr. Helder Bastos é muito claro ao afirmar que os jornalistas portugueses ainda são muito preconceituosos com o online. Muitas vezes, ao serem detentores de um exclusivo os jornalistas preferem aguardar pela edição em papel para publicar o artigo e deixar apenas uma informação no online a remeter para a edição impressa.

Em jeito de conclusão, ” o ciberjornalismo português não conseguiu afirmarse em pleno. Não investiu em meios técnicos suficientes e principalmente em meios humanos. Há uma falta de investimento e um conservadorismo exagerado por parte de jornalistas e empresas que até à data não conseguiram explorar as inúmeras potencialidades da internet.” Helder Bastos

Nós subscrevemos na íntegra!

Ana Filipa Fonte e Sara Reis Araújo

Video jogos

Como muitas pessoas hoje em dia, também sou jogador de vídeo jogos. Até à alguns anos atrás não jogava, mas com os avanços na tecnologia da ilusão digital rendi-me de alguma forma a eles.

O primeiro jogo que me prendeu completamente foi o “Prince of Percia-The sands of time” para a PSP. Especifiquei o suporte do jogo porque foi talvez essa a causa da minha entrada no mundo dos vídeo jogos. Há uns cinco ou seis anos, um grupo de amigos ofereceu-me um Playstation portátil. Como disse antes, nunca me tinha interessado muito pela realidade virtual, mas é evidente que tive que experimentar o meu novo dispositivo. Não foi preciso muito tempo para que os jogos passassem a fazer parte da minha vida.

Recentemente adquiri uma wii. Como é óbvio para quem conhece a consola, tem um funcionamento completamente diferente da PSP. A wii veio dar uma nova perspectiva ao mundo virtual. Enquanto nos outros dispositivos controlamos a acção unicamente a partir de botões, na wii os comandos transportam os nossos movimentos reais para o mundo virtual. Como exemplo mostro o vídeo de apresentação do jogo “Zelda” para a wii.

Outra característica, quanto a mim fantástica, da consola é ser controlada não só pelas mãos, mas por todo o corpo. É impressionante a naturalidade com que, com a balance board, os nossos movimentos controlam o avatar virtual do jogo.

Para terminar, não acho que seja de admirar que a grande maioria dos jovens passem muito tempo a jogar, visto que a qualidade dos jogos cresce diariamente. A questão que surge é: será isto saudável ou benéfico para as crianças ou até para os adultos? Na minha opinião, quase tudo o que é feiro de forma equilibrada não é prejudicial, mas o que se tem constatado é que os jogadores substituem de certa forma o real pelo virtual. É quase como se preferissem o virtual ao natural. Enquanto jogador, confesso que é fácil alienarmo-nos da realidade enquanto se joga. Muitas vezes se perde a noção do tempo e inclusivamente já me aconteceu não perceber que estava com fome. Se isto acontece a uma pessoa com 26 anos quanto mais a crianças com 9 ou 10. A solução, na minha perspectiva passa pela atenção que os pais dedicam aos filhos. Um pai atento, quando oferece uma consola de jogos ao filho estabelece regras para a sua jogabilidade, mas infelizmente, alguns fazem-no para compensar a ausência e assim a relação entra a criança e a consola não vai ser saudável.

Emanuel Taborda

Teatro em 3D em Portugal

E porque a tecnologia 3D está a tomar conta das nossas vidas, nada melhor que falarmos da dimensão 3D agora também no Teatro.

No passado mês de Março pela mão do Teatro Oficina e a Universidade do Minho, estreou em Guimarães no Centro Cultural Vila Flor a primeira peça Portuguesa em 3D. Doze minutos foi o tempo suficiente para revolucionar o Teatro em Portugal.

De nome “Pigmalião”, a peça escrita por Pedro Mexia é baseada no livro de Ovídio “Metamorfoses”. Esta retrata um mito Grego, onde Pigmalião era um escultor e rei de Chipre que se apaixonou por uma estátua que esculpira ao tentar reproduzir o seu ideal de mulher perfeita. A pedido de Pigmalião a deusa Afrodite, uma vez que este vivera em celibato até encontrar o seu ideal de mulher, transformou a estátua numa mulher de carne e osso chamada Galatéia, com quem Pigmalião se casou.

A mulher é representada por um holograma até ao fim da sua criação, ou seja quando surge actriz em palco.

A associação da peça à tecnologia 3D tem por objectivo um processo de humanização da imagem da mulher que se vai tornando realidade, ou seja na transformação da estátua para a mulher em carne e osso.

A peça tem a utilização de uma tecnologia pioneira no Centro de Computação Gráfica da Universidade do Minho, o 3D stereo. Os espectadores recebem à entrada da sala uns óculos 3D que transmitem a sensação ilusão de profundidade que não são utilizados durante toda a peça. A meio da peça, estes recebem uma indicação para os pôr e poderem assistir à transformação da estátua em mulher.

O encenador afirma que esta é a junção perfeita entre o teatro e a ciência: “São dois mundos aparentemente opostos, mas que funcionam muito bem. O teatro tem de conversar com o que está à sua volta. Não pode ser uma peça que ninguém entende, a falar para dentro.” Marcos Barbosa defende que este é apenas o início de uma parceria que pode trazer muitas outras mudanças à forma de apresentar teatro. “Queremos provocar uma maior envolvência sensorial do público. Tal como no início do cinema, as pessoas tinham medo do comboio que aparecia na tela. Essa inocência interessa-nos muito.”

Em baixo fica o link com o video da notícia:

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Teatro-3D-em-Guimaraes.rtp&headline=20&visual=9&article=326520&tm=4

Ana Rita Freitas

A cultura influenciada pelo software

Hoje em dia todos ou quase todos nós temos acesso á internet e as redes sociais nelas existentes, como o Facebook, Twitter, Hi5 entre outros.

Também o MSN constitui uma forma de comunicação completamente banal entre jovens e não só. Todos estas formas de comunicação mudam a forma como as nossas relações sejam muitas vezes mediadas por computador e internet.  Através do Facebook partilhamos fotografias e informações sobre nós e o nosso dia-a-dia, e podemos comentar o que os nossos amigos publicam, temos também varias aplicações como questionários e tão famoso jogo Farmeville que leva muitos a ficar horas agarrados aos seus computadores para colectarem as suas plantações e cuidarem dos seus animais virtuais.

O Twitter, é uma aplicação que nos permite publicar pequenas frases, pensamentos ou a nossa localização, podemos seguir os nossos amigos, e também as celebridades que possuam conta no Twitter e que o usam para comunicar com os seus fãs sendo por vezes muito facil localizá-los, este é um novo método dos paparazzi para o fazer.

O computador e a internet são hoje os objectos que revolucionaram a forma como comunicamos e a uma nova forma rápida e eficaz de aceder-mos á cultura através de jornais online, blogs de escritores e os sites dos canais de televisão que disponibilizam os  videos dos telejornais para quem não tem possibilidade de assistir na televisão sempre pode ver as noticias na internet.

Telemóvel – Agora também o seu “Personal Trainer”

Hoje em dia e cada vez mais, o seu telemóvel tem mais utilidades.

Um objecto que inicialmente foi criado para manter e facilitar o contacto com os seus utilizadores, hoje converge numa série de utilidades como ouvir música, GPS, internet, máquina fotográfica, câmara de filmar, etc, etc …

Uma recente funcionalidade serve para que este se torne o seu “Personal Trainer”. Isso mesmo, mantenha-se em forma a partir do seu telemóvel.

Em função da marca do seu Smartphone, existem já alguns pacotes de exercícios. No caso do Blackberry esta aplicação é paga, mas em outras marcas esta mesma é gratuita.

Esta aplicação altera as suas especificidades segundo a marca pretendida, mas os exercícios propostos têm por base o objectivo registar as calorias queimadas, velocidade, distância percorrida assim como exercícios para trabalhar todos os músculos assim como respectivas instruções passo-a-passo para executar os mesmos.

Também pode programar um plano de exercício a praticar em função da sua localização no momento.

Segundo testes realizados, mostra que esta aplicação é eficaz.

Fica a dica para os mais preguiçosos, ou para aqueles que não têm tempo para ir a um ginásio. No fundo, tudo à distância de um “clic” no seu inseparável companheiro.

Ana Rita Freitas


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