Archive for the 'Arte Digital' Category

Princípio da Variabilidade

Na obra The Language of New Media, Lev Manovich, um crítico de cinema e professor universitário que se debruçou sobre as áreas dos novos média, média digitais, design e estudos de software, propõe uma teoria dos novos média digitais que assenta em cinco princípios: a representação numérica, modularidade, automação, variabilidade e transcodificação cultural.

Focando-nos apenas no quarto princípio (variabilidade), é possível concluir que este conceito remete para as inúmeras versões que um objeto digital pode adquirir. Este princípio está estreitamente ligado ao princípio da representação numérica (os objetos digitais são compostos por códigos que podem ser descritos matematicamente, isto é, as unidades ou elementos são quantificáveis (código binário de 0s e 1s), e podem ser manipulados por algoritmos) e ao princípio da modularidade (os objetos digitais, sejam eles imagens, sons ou outras plataformas, têm na sua propriedade estrutural diferentes níveis ou «camadas» e são compostos por partes independentes que, por sua vez, são compostas por partes independentes de tamanho menor e assim sucessivamente, até chegar à unidade mais reduzida como o pixel, no caso de uma imagem). Estes dois princípios «alimentam» o conceito de variabilidade visto que, através deles, é possível criar um número potencialmente infinito de versões de um objeto digital. A manipulação destes objetos digitais pode adquirir duas formas: automática, quando é realizada por um algoritmo programado, ou humana, na medida em que parte da ação e vontade do próprio utilizador.

Observemos agora o princípio da variabilidade aplicado a diversos softwares:

1) Microsoft Word

Sem Títuxadsa

Neste software, o princípio da variabilidade é bastante simples de detetar. Basta escolher uma palavra e modificar o tipo de letra ou a cor, colocar em negrito ou itálico, aumentar ou diminuir o tamanho da letra, sublinhar… Através destes mecanismos (já automatizados pelo próprio software), podemos criar inúmeras versões visuais da mesma palavra, neste caso, a partir da manipulação humana.

2) Editor de imagem Pixrl

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Com este editor de imagem, é fácil obter uma versão diferente da mesma fotografia através da aplicação de um efeito. Os programadores tornaram este processo automático, isto é, basta apenas um clique (selecionando o efeito pretendido) para criar uma imagem diferente. Contraste, luminosidade, brilho ou cor são alguns dos elementos manipuláveis através destes softwares de imagem. A todas estas funcionalidades corresponde um algoritmo/código diferente.

3) Editor de vídeo Wondershare

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Tal como o editor de imagem, este software é muito semelhante, utilizando o mesmo método de edição. É possível acelerar ou diminuir a velocidade do vídeo, aplicar um efeito de cor, introduzir subtítulos ou adicionar efeitos visuais, por exemplo.

 4) Editor de som Audacity

Sem Títddulo

Este software de edição de som permite modificar, por exemplo, uma melodia tornando-a mais aguda ou mais grave, ou até aumentando a sua velocidade. Estes são apenas alguns dos exemplos que podem contribuir para criar várias versões da mesma peça musical. Podemos ainda adicionar batidas ou acordes para «reinventar» o mesmo som.

 5) Jogo Online Adventure Quest

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Este é um exemplo dos muitos jogos onde é possível criar um avatar personalizado. O jogador pode escolher toda a aparência física da personagem: formato e cor do cabelo, cor dos olhos, cor da pele, vestuário, calçado… Tal como acontece com todos os softwares anteriores, cada alteração/efeito/versão apresenta um algoritmo matemático programável e «invisível».

Assim, o princípio da variabilidade é, possivelmente, o mais «visível» ao olho humano, visto que percecionamos as inúmeras alterações e versões que são feitas na estrutura visual do objeto digital. Apesar disso, não observamos como são feitas essas alterações, isto é, não temos acesso direto aos códigos e algoritmos. Esse acesso seria, no entanto, inútil, visto que são necessários conhecimentos matemáticos e tecnológicos para conseguir programa-los. O software funciona, então, como «máscara» de todos estes processos digitais.

 Diogo Martins

“Hello, Earth. Let’s go explore”

Actualmente estamos a assistir à digitalização de quase todo o nosso património, quer antigo quer actual, o que levanta questões sobre a perda da autenticidade, da aura do que está a ser reproduzido, mas que no fundo nos traz muitas vantagens, pois se não fosse a reprodutibilidade técnica e digital (no caso da arte em geral), provavelmente não teríamos acesso ou possibilidade de ir visitar obras de arte originais ao sítio onde se encontram, quer devido a problemas financeiros, quer por falta de tempo, etc..

Já não podemos dar mais desculpas de que não conhecemos aquela obra ou que nunca visitámos aquele lugar, pois podemos fazer visitas virtuais, podemos viajar pelo espaço através de simuladores ópticos, como é o caso do “Google Art Project”, que é um projecto de digitalização de algumas das obras mais significativas de galerias e museus por todo o Mundo, e do “Google Earth”, que é um projecto que tem como finalidade apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre, usando imagens de satélites, imagens aéreas, e um sistema de informação geográfica 3D.

Ora, estes programas dão-nos uma visão muito realista de obras e lugares, e levam-nos a fazer uma viagem virtual no conforto da nossa casa, por museus e monumentos de todo o mundo. Estamos perante um exemplo de descontextualização, pois estamos a ter acesso ao que queremos visitar, na escola, em casa, num  café, etc.., através da reprodução digital. Basta termos um dispositivo com ligação à Internet e um bom servidor.

A experiência que temos nestes simuladores nunca será a mesma do que a real se nos deslocarmos até ao sítio em questão. Não estamos a ver a obra de arte original, a que o autor assinou, a que o arquitecto aprovou. Vemos antes efeitos de distorção, como a escala que é alterada, nunca temos a verdadeira noção da dimensão da obra mesmo tendo as suas medidas, pois não temos aquele impacto de estar à sua frente ou ao seu lado, a técnica de pintura que não é reconhecível, não conseguimos ver exactamente as pinceladas dadas, pois a fotografia tende a uniformizar, entre outras coisas.

Mas temos também muitas vantagens em relação à experiência real de um museu, temos a sensação de proximidade e de intimidade, pois podemos ver a obra bem de perto e de passar o tempo que quisermos a olhar para ela, a estudá-la, podemos fazer zoom, para ver certos pormenores, podemos ter uma informação detalhada da sua história, da zona em que se encontra, etc..

Quase ninguém tem a possibilidade de ir visitar 100 museus, ou 100 lugares históricos, mas com estes dispositivos e através da reprodutibilidade digital, podemos. Podemos alegrar o nosso dia, aumentar o nosso conhecimento e formação, e viajar independente da nossa classe social ou do nosso estado financeiro. Talvez estas viagens não sejam tão boas e intensas como as viagens reais, mas não deixam de ser igualmente enriquecedoras.

 

Suse Duarte

 

Variabilidade: Uma cultura miscível

Na sua obra principal, “The Language of New Media”, Lev Manovich explica-nos a importância da variabilidade como um dos cinco princípios essenciais para entender os média digitais. Variabilidade é o princípio da “remixabilidade”, da recombinação – princípio segundo o qual podemos tornar qualquer conteúdo variável.

“Verdes Anos” de Carlos Paredes foi editada , primeiramente, em 1989 no LP “Asas Sobre o Mundo”. Ao longo dos tempos foi reeditada até assumir, nos dias de hoje, o formato mp3. Este formato digital como um objeto de novos media não é fixo, mas sim algo que pode existir em diferentes versões.

Manovich defende que apropriação de uma obra criada por terceiros torna-se válida a partir do momento em que se reinventa a intenção do autor primário. O que Stereossauro nos propõe é que os tempos são feitos de mudança. Aqui a mudança surge na musicalidade transversal da guitarra portuguesa de Paredes, que facilmente se funde com beats contemporâneos. Para além da viagem temporal, somos levados numa melodia caminhante desde a calçada íngreme de Coimbra até a um bairro nova-iorquino. O princípio da variabilidade exemplifica como, historicamente, as mudanças nos média tecnológicos são correlacionadas com a mudança social.

Concluindo, a versão “Verdes Anos” de Stereossauro é um exemplo da transição dos costumes – a ponte entre a música tradicional conimbricense que ocupava o quotidiano dos amantes de fado e os dias de hoje, onde o hip-hop se assume como uma vanguarda em Portugal.  Adicionalmente, na sociedade industrial de massa todos deveriam apreciar os mesmos bens e ter as mesmas crenças. Na sociedade pós-industrial, todo cidadão constrói seu próprio estilo de vida e “seleciona” a sua ideologia entre diversas escolhas.

Eduardo Duarte

“The things you own end up owning you” – Fight Club

O paradoxo que são os smartphones e todos os outros dispositivos electrónicos: facilitam-nos a vida ao mesmo tempo que nos roubam dela.

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“We can’t jump off bridges anymore because our iPhones will get ruined. We can’t take skinny dips in the ocean, because there’s no service on the beach and adventures aren’t real unless they’re on Instagram. Technology has doomed the spontaneity of adventure and we’re helping destroy it every time we Google, check-in, and hashtag.”

– Jeremy Glass, “We can’t get lost anymore”

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Apoiando-me nos alicerces de discurso de Sherry Turkle, acredito sim que seja necessária uma mudança urgente na nossa forma de nos relacionarmos com os dispositivos electrónicos; no entanto, olhando à minha volta e para mim inclusive,  torna-se absurda até a hipótese de os removermos por completo. Somos dependentes dos nossos computadores e telemóveis e ipad’s e todo o resto que nos mantenha conectados na rede electrónica – dormimos com os nossos telemóveis, olhamos para eles de 5 em 5min para nos certificarmos que não temos mensagens ou chamadas perdidas com medo de não termos sentido a vibração, quando estamos num jantar com amigos por vezes perdemo-nos na conversa porque estamos sucessivamente a ser interpelados pelos nossos “checking habits” – e é de salientar que, se recebermos uma mensagem a meio da conversa, a nossa reacção automática é “Espera, dá-me um bocado só para responder aqui a uma mensagem!” – já não tocamos às campainhas quando chegamos a casa de alguém, ligamos ou mandamos mensagem para nos abrirem a porta, não temos agendas, temos o iCal, não sabemos ver mapas tradicionais porque temos GPS, não revelamos fotos porque a única coisa para que servem é para pôr ou no Facebook ou no Instagram, já não vemos televisão porque temos tudo no portátil, entre outros… Os nossos aparelhos são uma extensão nossa, somos nós. E, quando usados de forma moderada (se é que isso ainda se aplica hoje em dia no que toca a tecnologias), creio ser uma coisa positiva – é uma forma de estarmos constantemente conectados e isso torna-nos mais despertos para o que nos rodeia, bem como uma forma de nos tornar-nos mais eficientes e capazes de multitasking.

No entanto, julgo que todo o panorâma tecnológico não deve ser encarado de animo tão leve no que toca às gerações após o ano de 96, sensivelmente. São crianças que quase “nasceram com um telemóvel na mão” e cresceram com acesso à world wide web. E sim, isso pode não fazer muita diferença se houver uma estrutura familiar sólida e uma educação devidamente fundamentada, mas é de conhecimento geral que esses são factores que cada vez mais escasseiam e rara é a criança que tem uma família presente (devido a vários factores sociais), o que leva a que se isolem e por consequência busquem companhia no que de melhor conhecem – os seus telemóveis e os seus computadores. Mas o que torna a situação ainda mais grave é que maioria dessas crianças nem sequer tiveram uma relação em que, num momento ou outro, não estivesse presente um gadget e como tal não têm termo de comparação. A tecnologia para eles é natural, foi-lhes assim incutida essa noção.

 

 

Creio que parte de nós, individualmente, como pessoas e cidadãos, ser moderados e ter em vista que nem sempre o mais fácil e apelativo será o melhor a longo prazo.

 

Ligia Breda M.

“Everywhere adicta”

Cuando pensamos en la idea del sujeto respecto  a las tecnologías, yo pienso directamente en como repercuten en mi día a día.

Me paso la vida con el portátil de la mano, el ipad o mismo el teléfono móvil… Conectada “Every where” ese es mi lema. Facebook, tweet, myspace, fotolog (en su momento) linkedin, orkut… y muchas otras plataformas sociales que no me vienen a la cabeza en las que tengo usuario, y si fuese poco, whattsapp, es decir: Mensajería instantánea, llena de herramientas: envías fotografías, emoticonos, grabaciones de voz… Todo para hacer casi una comunicación como la de voz, ¿lo consigue? No, pero ya hay otro tipo de mensajería instantánea que te permite ver y escuchar instantáneamente (Skype).

Hablando del Skype, me acuerdo lo que me costó que mi madre se habituase al simple hecho de dar a coger y colgar en el programa. El interactuar con el ordenador para ella es raro y poco habitual además de incómodo, mientras para mi es un hábito, algo intrínseco.

Ahí se ve como cambian las generaciones y como se van integrando las nuevas tecnologías en el estilo de vida de uno. Ya no quiero pensar en como repercuten en mis sobrinas de 9 y 12 años que no conciben su mundo sin las nuevas tecnologías, DS, WII, internet, portátiles… Todo el mundo de las tecnologías es poco para ellas, el ver como son capaces de saber utilizar cualquier aparato electrónico y ver con la facilidad con la que lo hacen, es increíble.

Volviendo al tema del whattsapp os traigo un vídeo de ejemplo en el que se ve los problemas que en muchas ocasiones traen las tecnologías en la vida social de una persona. Ya que en estos momentos en España… ¿Quién no tiene whattssap? Son casos aislados.

Aun sintiéndome una persona Every  where tengo que decir que hay momentos en los que mi teléfono móvil se queda sin batería y sentirme incomunicada en muchas ocasiones hace que desconecte del mundo. Eso sí, en otros momentos me siento como “desnuda” sin poder comunicarme, consultar las redes sociales o simplemente poder sacar una foto y subirla instantáneamente a alguna plataforma.

Si señores, soy una EVERYWHERE ADICTA.

Nuria Atanes Bouzón

Movimento Animado

Na história da humanidade, percebemos que  o homem  sempre teve a necessidade de registrar sua história através  da imagem, dando-a vida e movimento aquilo que produzia com a intenção de imortalizar momentos e acontecimentos em sua vida. Podemos destacar os desenhos rupestres de imagens justaposta encontrados na Idade da Pedra que mostram claramente a intenção dessa representação. Nesta ideia de movimento podemos citar as antigas experiências com sombras do teatro chinês e a utilização da lanterna que dava a sensação de vida a medida em que se movimentavam os bonecos. O cinema nasce devido a muitas  inovações e avanços da fotografia e a uma gama de possibilidades dentro de um sistema de representações da realidade e da ilusão óptica. O cinema conhecido como a sétima arte, faz a combinação de sons, imagens e narrativas diversificadas.

Os primeiros filmes animados começaram com o cinema mudo e continuam até os dias de hoje. O  cinema de animações conhecido hoje como a nona arte, não requer o uso de cenários naturais ou até mesmo  de atores, ele é totalmente construído com desenhos, animações de fotos ou bonecos ou com  animações computatorizada, por isso temos a ideia de movimento na animação, esta  é formada pela rápida reprodução onde em cada segundo há  vinte e quatro quadros de imagens estáticas, em posições com pequenas mudanças uma das outras simulando o movimento. A introdução dessas animações no cinema leva à quebra do ilusionismo criado pelo filme cinematográfico, nos põe um elemento lúdico ao criar possibilidades descabidas e  manifestar os desejos que se realiza como num passe de mágica.

Em 1908, “Fantasmagorie” de Émile Cohl foi o primeiro filme projetado totalmente em desenho animado como podemos ver no video abaixo:

Por muito tempo o cinema de animação foi voltado para um público infantil, mas no decorrer dos anos esse cenário foi mudando e evoluindo com a progressão do tempo onde temos uma vasta possibilidades de criar e reproduzir pequenas animações com o auxilio das tecnologias e o alto nível dos computadores e cameras fotográficas.  Mas é possível fazer fazer uma animação com técnica simples utilizando o  flipbook, este reflete o princípio da animação, com a passagem rápida de imagens sequenciadas em uma certa velocidade dá a ilusão de movimento.

O cinema de animações é uma grande área de atuação para profissionais e amadores, como por exemplo temos o Festival Internacional de Animação do Brasil (Anima Mundi) que utiliza técnicas diversificadas sem algum critério especifico. Este Festival oferece premiações, oficinas, cursos e exibição de curtas, médios e longas mentragens animados. Basta ter imaginação e utilizar de uma das diferentes técnicas como desenho 2D, massinha, pixilation, areia, recortes, película, um programa de computador e até mesmo o celular para criar sua própria animação. Esses filmes possuem um carácter lúdico, educativos e profissionais que podem até leva-los ao Oscar que já possui uma categoria para os criativos profissionais deste mundo animado.

Concluindo deixo o trailler do filme “Head Over Heels” do inglês Tim Reckart vencedor do Anima Mundi 2012. Este curta é um stop motion animado e levou a premiação de Melhor Curta Estudante, Melhor Curta-Metragem e Melhor Filme. Esforço de onze estudantes ao longo de quinze meses.

                                                                                                                             Niely Freitas

Novas Formas de Ver Arte

Tema de escrita: De que forma a reprodutibilidade técnica altera a natureza e a função social da obra de arte?

Ao longo dos anos, as obras de artes foram sofrendo uma evolução ao nível da sua reprodutibilidade técnica enormes. Inicialmente a reprodutibilidade técnica simplesmente não existia devido ao facto de também não existirem meios para isso. No entanto, essa reprodutibilidade, que se divide em reprodução manual (como pro exemplo, a xilogravura) e em reprodução mecânica/técnica (fotografia ou cinema) sofreu uma aceleração na passagem entre estes dois tipos de reprodução.

É certo que estas reproduções, na maior parte dos casos, são cópias perfeitas das obras de arte originais, porém, penso que se perde o objetivo principal da obra de arte. Só pelo facto de haver reproduções, a obra original deixa de ser única, deixa de ser autêntica, e passa a ser algo massivamente reproduzida, como é o caso de obras mundialmente conhecidas (Mona Lisa, A Última Ceia, etc), e pode ter repercussões positivas ou negativas. O que acabará por acontecer é que o autor da obra, e o seu trabalho podem ficar conhecidos e tornar-se famosos. Se isso acontecer a obra torna-se vulgar e pode até mesmo vir a ser banalizada.

A nível social, penso que esta reprodutibilidade da obra de arte trouxe algumas vantagens. A principal é o facto de as pessoas terem um maior acesso, e mais facilitado, às obras de arte. E isso é uma grande vantagem das reproduções das obras de arte. Nem todos podem-se dar ao luxo de ir visitar por exemplo o Museu do Louvre, mas têm o mesmo direito de admirar as obras que estão lá expostas. Assim, a apreciação de da arte deixa de estar cingida a uma “elite”.

Um exemplo deste fácil acesso às obras de arte e aos museus é o projeto da Google: Google Art Project.

Com esta funcionalidade, nós podemos escolher o museu que queremos visitar, e com apenas alguns cliques, conseguimos visitar o museu, ver as obras expostas, em qualquer lugar que nós estejamos, desde que tenhamos Internet.

É neste sentido que a reprodutibilidade técnica altera a natureza e a função social da obra de arte. Como hoje em dia já temos várias formas de aceder às obras já não precisamos de nos deslocarmos, nem de gastar dinheiro para ver as obras de arte.

Filipa Machado

¿Naturaleza del arte?

Abordar un tema como es la reproductibilidad en muchos casos se hace difícil, cuando empecé a pensar de qué trataría mi blog sobre este tema me di cuenta que encontrar un tema sobre el que hablar se me estaba haciendo complicado. Pues bien, creo que he encontrado un ejemplo que ilustra y refleja perfectamente como las nuevas tecnologías pueden ambientar otro tipo de artes, deslocalizar ambientes reales o hechos por la mano del hombre, a ser meros “hologramas” o imágenes digitales hechas por una máquina, en este caso, a través del software de un ordenador y a través de un panel de luces (leds). Hablamos de los nuevos escenarios que se están haciendo para las actuaciones de ópera.

Algo tan sencillo como unos decorados hechos con cartón piedra han evolucionado convirtiéndose en un arte más complejo, mucho más espectacular e innovador, haciendo así que la gente vuelva a ver el atractivo de ver un espectáculo en vivo, y porqué no, mezclado con medios tecnológicos que hacen que sea mucho más impactante.

En este caso podríamos dudar de la naturaleza de este arte, hasta podríamos hablar de la hibridez entre un arte artesanal como es la música, en este caso el canto y esa modificación hacia lo tecnológico que es la iluminación y la escenografía, ¿Hablaríamos de que se perdió el aura? Yo creo que en este caso el aura está en el momento que estamos viendo el espectáculo, aún habiendo muchos aspectos tecnológicos en este tipo de eventos considero que cada actuación es distinta.

¿Tiene el aquí y el ahora del arte? Por supuesto que si, ya que es una actuación en directo, aunque haya planificación y preparación previa.

Por lo que aquí podemos ver un caso híbrido, lleno de incógnitas y preguntas a medias resueltas y un caso en el que el medio tecnológico de la reproductibilidad complementa un medio artesanal y esto es lo que nos hace dudar de su naturaleza.

Nuria Atanes Bouzón.

O grupo Teatro para alguém e o grupo Teatro Uzyna Uzona

Aqui um exemplo de um grupo de teatro que tem suas produções exclusivamente para a Internet.

Teatro para alguém

“Renata Jesion e Nelson Kao são os idealizadores do Teatro Para Alguém e, desde o início do projeto, mantiveram como um dos principais objetivos do TPA a troca de experiências com artistas que quisessem se aprofundar na experimentação do viés tecnológico das artes cênicas, a partir do advento da internet. Artistas vindos de diferentes direções se aproximaram do TPA com esse mesmo desejo em comum. Em junho de 2011, alguns deles se juntaram a Renata e Kao nesse grande laboratório de experimentação que é o Teatro Para Alguém. Assim, com a chegada dos atores Zemanuel Piñero e Adriano Costello, as atrizes Vera Bonilha e Bianca Lopresti, o ator e preparador de atores Luiz Mario Vicente e a dramaturga e roteirista Drika Nery, o grupo se revitalizou.

A fricção criativa desses artistas (mais cerca de 250 profissionais que já trabalharam no TPA desde o seu início) alimenta este espaço digital a experimentar linguagens de espetáculos que misturam artes cênicas, cinema, vídeo e internet. ”

site do grupo teatro para alguém

Aqui ainda um outro grupo brasileiro que possui uma plataforma no live stream onde apresenta suas peças ao vivo.

site do grupo oficina teatro Uzyna Uzona

página do live stream com peça do Uzyna Uzona

Novas formas artísticas no teatro

O número de pessoas que actualmente experienciam a arte presencialmente, nos locais à sua apresentação destinados, está a diminuir. Podemos pensar nisto como um efeito da conjuntura económica actual mas também pela facilidade de acesso a essas obras de arte, de uma forma mais económica e, de certo modo, mais cómoda para o espectador – através dos média digitais.

Mas não são só desvantagens. Ao criar uma nova forma de exibição que motive a experiência presencial do espectador   – por exemplo, como o cinema está a fazer com o 3D, – as estatísticas podem ser invertidas.

A utilização da tecnologia digital no teatro pode ajudar a atrair mais pessoas aos espectáculos teatrais, uma prática que se está a perder cada vez mais. O exemplo que trago é a utilização de hologramas no teatro.

 

Os hologramas podem criar um espectáculo teatral totalmente diferente do que estamos habituados, aproximando-se do cinema e dos seus efeitos, mas de uma forma ainda mais real. Por exemplo, os hologramas permitem que o actor contracene consigo próprio, e o espectador tem a percepção real do actor em palco como também a percepção de uma figura virtual, igual ao actor,  que contracena com ele. A cena está ao nosso alcance e estamos totalmente envolvidos no espectáculo.  Na minha opinião, isto criaria uma experiência única, ainda mais se fossem utilizados mecanismos que nos poderiam fornecer os cheiros que constituem o cenário. Este processo de imediacia ia envolver o espectador naquele mundo fantasioso que o teatro cria, à semelhança do cinema, mas de uma forma muito mais motivante que poderia superar o cinema e trazer mais espectadores ao teatro, porque não vemos a acção através de um ecrã mas sim encontramo-nos no espaço em que tudo acontece. Assim, através das novas tecnologias, podemos criar outra dimensão para o espectador, que o faça sentir parte do teatro e da sua história, que o faça querer esta experiência e não contentar-se a vê-la em casa.

O público actual exige novas formas para concentrar a sua atenção (principalmente no teatro), devido à quantidade de imagens que nos invadem os olhos diariamente, sendo o estímulo visual um aspecto a ter em conta. Os média digitais podem fornecê-lo, de uma maneira original, que cative a experiência presencial – mais valorizada pela utilização de meios que normalmente não temos ao nosso dispor. Enquanto que o 3D já está a ser incorporado em televisões que facilmente adquirimos, o que nos permite ver filmes em 3D nas nossas casas, a criação de um mundo totalmente paralelo não está (e penso que dificilmente estará) disponível a qualquer um.

Por isso, esta nova forma artística pode retomar velhos hábitos que fomos perdendo ao longo do tempo, reinventando a tradição teatral ao integrar as tecnologias digitais nesta “velha” arte, adaptando o teatro à actualidade e enfrentando todas as dificuldades que advêm deste novo contexto.

Tatiana Simões

É ou não é teatro?

Até onde vai o limite da apropriação da tecnologia nas práticas artísticas? começo com esta pergunta para fundamentar todo o resto.

Existem graus de apropriação da tecnologia nas artes e são estes graus que nos cabe discutir, a fim de identificar se estes mudam ou não em essência da arte que se apropria do mundo tecnológico. Há um limite, que, quando tocado, nos faz pensar se não se está na verdade, surgindo uma nova expressão artística, uma nova categoria de arte.

Usando o teatro como exemplo: Quando se modificou nas práticas teatrais, o uso de orquestra ao vivo, pelo som gravado, por mais que tivesse sido inovador naquela época- e definitivamente foi- o questionamento se deixou ou não de ser teatro não surgiu. Depois, com a invenção da eletricidade, novas tecnicas de iluminação foram utilizadas, mas ainda assim, se via que era teatro.

O grau limite neste caso é justamente o que vivemos hoje. Teatro gravado, ao vivo ou não, ainda é teatro??? Se retiramos a presença física de ator-espectador, ainda poderemos considerar aquilo uma prática teatral?

Se, ao se inspirar no teatro, uma nova técnica de encenação surgiu, e junto com ela uma nova nomenclatura, como no caso do cinema, porque não, neste caso, não ser pensado uma outra designação para essa nova forma artística que está surgindo?

Acredito que por muito tempo, o teatro foi uma das poucas artes que ainda não tinha sido substituída por meios de reprodução tecnológicos.

O cinema pode ser visto de casa, um quadro que se encontra no museu também, a fotografia nem se fale. Apenas o teatro continuava a ser a arte onde o espectador teria que estar presente no mesmo espaço que os atores que a fazem.

Ainda uma outra questão: A música, ao ser gravada, continua causando em quem ouve as mesmas sensações que a música ao vivo, em maior ou menor grau. Mas no caso do teatro, isso ocorre? ver uma peça gravada transpõe as mesmas sensações que ver ao vivo? ai você pode me dizer: sim porque se pode fazer uma filmagem que leve ao espectador a essas sensações. Mas eu te pergunto de volta: se é necessário outras técnicas que são alheias ao teatro para causar estas sensações, como técnica de filmagem, não seria então, por si só, uma outra expressão artística que não teatro?

Por fim, acredito que o problema está no constante incentivo social de se anular a presença física. Aqui uma entrevista de Jorge Dubatti sobre o tema,  bem como outros textos do mesmo autor.

Entrevista em PDF

Texto em espanhol sobre o tema.

Entrevista para revista espanhola

Carolina França Corrêa

DesVantagens da Tecnologia Digital

Tema de escrita: De que forma o software, isto é, a camada computacional da tecnologia digital condiciona as práticas sociais, culturais e artísticas?

Há cerca de 50 anos, durante o tempo da Guerra Fria, começou a ser criado nos Estados Unidos da América, algo que hoje em dia se denomina de Internet. Obviamente que na altura não tinha a função que tem hoje. Na época a intenção era desenvolver um sistema de troca de informações entre computadores de maneira a que fosse sempre possível receber a informação, mesmo que um dos computadores da rede fosse desligado ou destruído, ou que uma das ligações entre computadores fosse interrompida. Eventualmente aquilo que era a ARPANET evoluiu para a World Wide Web.

O nascimento da World Wide Web foi uma autêntica revolução a vários níveis. Hoje em dia podemos aceder a qualquer parte do mundo com um simples clique. É tudo mais fácil, e para a maior parte da população mundial, muito mais acessível.

No entanto, apesar destas facilidades todas, penso que esta invenção tem os seus contras.

De vez em quando o meu pai me conta pequenas recordações da infância dele, onde ele relembra como os convívios entre as pessoas eram feitos, como os jogos de futebol entre povoações vizinhas e como as festas da terra juntavam as povoações. E agora fica triste por ver gerações a perder estas pequenas tradições devido à evolução e ao desenvolvimento das sociedades, que estão cada vez mais agarradas aos meios tecnológicos. Um exemplo desta evolução são as redes sociais, como o Facebook. O que têm de muito bom também têm de muito mau. Da mesma forma como conseguem unir pessoas que se encontram em lados opostos do mundo, conseguem afastar pessoas que eram próximas.

Outro contra que encontro na Internet é a nível do mundo das artes e da cultura. Actualmente  e mais uma vez graças ao fácil acesso da informação, qualquer um de nós consegue ver obras como a Mona Lisa, a Guernica ou O Grito, sentados na nossa sala, através do ecrã do nosso computador. No entanto penso que uma obra de arte não pode, nem deve ser apreciada desta forma. É suposto nós deslocarmo-nos ao local onde ela se encontra para pudermos ter uma verdadeira admiração da obra de um artista. Isto aplica-se não só à pintura, como à escultura, arquitectura  à dança, ao teatro, etc. Evidentemente que nem todos temos as possibilidades de fazer isto, e nesse caso, lá recorremos à nossa querida Internet e ao nosso querido Google. Porém, toda a experiência que deveria ter sido vivida entre a obra de arte e o espectador não existiu.

Desta forma, penso que todas estas novas tecnologias, apesar de terem imensas vantagens, condicionam toda uma vivência social, cultural e artística.

Filipa Machado

Buffering

Con la llegada de la era digital el mundo ha ido cambiando, para mejor o peor. Las prácticas de ver, las prácticas de crear se han ido transformando hacia el mundo digital con ayuda de nuevo software y nuevos soportes.

A continuación intentaré relacionar las distintas áreas a las que afecta la digitalización de la sociedad (cultura, arte y relaciones) con las cuatro capacidades de Janet Murray.

Con respecto a las prácticas sociales y las relaciones la digitalización de la sociedad ha provocado que vivamos en un mundo más grande, más al alcance de todos pero más pequeño a la vez; un mundo que se reduce a la pantalla de nuestro ordenador, o de nuestro teléfono móvil pero desde donde podemos llegar a cualquier lado. Aquí encajaría la teoría de Murray The computer is a participatory medium, en el que todos participamos un poco en ese gran mundo digital y donde todos lo usamos también.

Cambiando de área, y observando la digitalización del arte, quiero enfocarlo desde la digitalización de la creación de arte. Los ordenadores y el software que traen para crear tienen capacidades infinitas. Sin ir más allá en el cine, la edición off-line ha permitido una producción de películas no linear consiguiendo reducir el tiempo de trabajo al ir montando a medida que se tiene el material, sin tener que montar linealmente. Pero lo que más me ha sorprende de está era digital, es la capacidad de nuevos pintores, de usar como material las tablets. Aquí adjunto un video de un dibujo sobre un iPad y su proceso. (The compute ris a procedual medium).

https://www.youtube.com/watch?v=Ig9UqmMsQRo

 

Por último el tema de la cultura, que desde la perspectiva de Murray se puede abordar desde dos puntos de vista: The computer is a encyclopedic medium y  The computer is a spatial medium. Con respecto al primero, la digitalización de la sociedad ha revolucionado el mundo de la enseñanza, desde Wikipedia, a herramientas como Google Academics. Pero ya antes de eso, habían aparecido las enciclopedias en CD, un gran avance que permitió un ahorro de espacio y papel. Y con respecto al segundo, podemos observar la digitalización de los museos, o proyectos como Rome Reborn, que nos permiten visitar museos o el pasado a través del software desenvolvido en los últimos años de recreación espacial.

Estas son solo algunas de las facilidades que nos ofrece el desenvolviemiento de software en la era digital, además de entretenimiento (videojuegos), compras on-line, trabajo en red, etc…

Cristina Rodríguez Díaz

” A good snapshot keeps a moment from running away.”

Eudora Welty tinha razão.

Há quem diga que a fotografia é uma arte cruel e irónica; devolve-nos as recordações, o passado, e por vezes impede-nos de viver o presente ao continuar a reavivar os cantos da nossa memória. Eu não penso assim.
Claro que quando Joseph Nièpce concebeu a primeira fotografia não pensou nisso também. Nem, uns anos mais tarde, Daguerre. Nem nenhum dos que lhes sucederam durante pelo menos a década seguinte. Porque o que importava na altura era a descoberta em si – o poder capturar o momento, congelar o presente e poder transpô-lo para algo táctil – e o seu aperfeiçoamento através de enumeras tentativas. Mas a fotografia é muito mais que isso.
A fotografia é a fracção de segundo do momento em que estávamos presentes. A fotografia é a nossa memória posta num papel. A fotografia é a alma de alguém, congelada. A fotografia guarda por nós aquilo que sabíamos que a nossa mente não iria conseguir manter delineado e fácil de aceder. A fotografia somos nós.

Mas, a fotografia e a sua arte não é só poesia. Ou pelo menos já não o é mais. Existe todo um lado obscuro e mesquinho na fotografia que surgiu nos anos 20 – aquando o inicio da época dourada do fotojornalismo – em que esta se tornou um dos alicerces políticos e sociais. E todo este lado foi explorado até aos dias de hoje, pela média.
Diariamente a sociedade é confrontada com fotografias tiradas de contexto ou até manipuladas de forma a sustentar determinada ideia porque, actualmente, apesar das pessoas terem a noção de que a fotografia pode não representar a verosimilhança dos factos, esta continua a valer mais do que um texto repleto de argumentações válidas – quanto mais não seja pelo facto de pertencermos hoje em dia a uma sociedade preguiçosa que ao invés de ler notícias, lê cabeçalhos e vê as fotos enquanto desfolha as páginas, quer seja do jornal, quer seja da revista cor-de-rosa.
A fotografia tem poder. Não tanto quanto um vídeo, é certo. Mas continua a ser soberana no que toca a apelar ao sentimento do Homem – seja de que espécie for o sentimento. Além do mais, (não querendo puxar a brasa à minha sardinha, como se costuma dizer, mas já a fazê-lo) convenhamos que a fotografia tem muito mais classe… Existe toda uma panóplia de paradoxos na fotografia que nós tentamos desvendar ao olhar para ela.
Quando a fotografia é simples, sem manipulações, a fotografia é subtil, mas cruel na sua verdade. Pode ser velha e sem cor e ser mais bela que um objecto novo e colorido.

Para mim, que nutro uma paixão acima da média por esta arte, a fotografia mais poderosa é o retrato.
É extraordinária a forma como, quando estamos perante uma camera, o nosso rosto nos trai e desvenda tudo o que nós somos, mesmo o que não queremos mostrar aos olhos do outro. Toda a nossa essência fica nua no retrato.
Eu costumo dizer que eu queria que as pessoas e o sentimento durassem para sempre, por isso comprei uma camera.

Lígia Breda M.

Aurora Borealis

Tomando como ponto de partida que tal como os seres vivos e objectos, toda a obra de arte, seja ela de qualquer espécie, forma ou matéria também compreende uma aura própria e especial, sendo um exemplar único, sem igual ou equiparável. Em consequência só nos é possível compreender a sua total essência, a sua aura, aquando da sua presença, ou seja tendo contacto directo com a obra.

Com a evolução do mundo tecnológico foi-nos permitido um olhar de “voyeur” sobre qualquer obra de arte, o olharmos sem qualquer interacção com a obra. Através dos dispositivos médias o cidadão moderno pode simplesmente, a partir de um click  no computador ou laptop, no tablet ou  telemóvel, em qualquer canto do mundo,  e visualizar as mais variadas obras de arte desde as mais primordiais às mais modernistas, ou se for esse o seu desejo, fazer uma visita virtual a um museu à sua escolha.

Penso que a questão da qualidade da experiencia é bem clara a todo receptor.

Existe uma diferença bastante evidente entre visitar virtualmente o Mosteiro dos Jerónimos, por exemplo, e vivenciar a experiência de conhecer o monumento pessoalmente.

Na primeira podemos ter uma vaga noção do edifício, do espaço, da peças, e de como o ambiente nos deslumbra, mas apenas e só no momento em foi feita a captação das imagens.

No entanto, jamais teríamos a verdadeira percepção das suas dimensões, ou de como a luz entra pelos vitrais durante a manhã, ou como os últimos raios de sol enriquecem a nave da igreja com os seus tons dourados. Ou mesmo, sob que clima e aura estão dispostos os túmulos de Camões e Vasco da Gama, a exactidão com que a pedra foi talhada, tentando imortalizar o leito de morte destes dois portugueses que tanto contribuíram para a nossa cultura enquanto nação, o que acontece quando o visitamos.

São experiências completamente diferentes, com um objectivo semelhante, mas uma vivencia e aura completamente distantes uma da outra.

Como tal, a reprodutibilidade técnica das obras de arte só nos concedem alguns aspectos das obras. Aspectos esses que, na minha opinião, não retiram a grandeza ou importância da obra, pois essa está sempre implícita, mas não transmitem nem metade da sua verdadeira essência.

Temos então a vantagem de podermos conhecer superficialmente as obras de que desejamos tomar conhecimento, mas só será possível a sua verdadeira compreensão se a experienciarmos, se a enfrentarmos cara-a-cara, estando assim receptíveis a tudo o que a sua aura nos proporcionará, seja ela energia sob forma de vivacidade, melancolia, frieza, calor, paixão, raiva, ou mesmo pudor.

Assim, a verdadeira aura está imortalmente enraizada na obra.

Tem de escrita: De que forma a reprodutibilidade técnica altera a natureza e a função social da obra de arte?

Inês Arromba

Reproduction of Museums

Writing topic: What does it mean to travel in space via optical simulations? What points of view am I being given by the devices?

As we go to the “Google Art Project”, we already take an opportunity to travel in a space, to travel using the technology of 3D. There are different views how we can use the Google Art Project – as a 3 dimensional sphere, which have a rotation in the museum rooms, or the simple artwork view without going to the “3D museum”. It not only provides  the representation of artworks as they stand in the museum, but also takes the aura of the whole museum, as it was at the moment when the devices were used to make the museum 3D in the Web.

“A zoom in” posibility connects with the mediation of the aura of object. It’s more visual, than material. We can see a brush strokes, the damages made over time, but as there isn’t the real presence of us in the museum, we can’t see the material of the artwork. The reproduction of the museum is in 3D, but the presence of 3D in the artworks still lacks. It’s a good way to analize the artwork, but as we know the time passes and the artwork changes in the conditions of time. For most of people this project gives a posibility to discover and analize, as well as just view the artworks, still we should understand, that the picture of artwork has been made in the specific moment of time, in the specific place. It doesn’t renews. It’s constant.

The difference between movie about museum and the real life experience in the Google Art Project is chance to stop at one museums’ place to look more at any time you want and than walk further. It’s more enjoyable “to walk” through the museum meanwhile feeling yourself at it.  The Google Art Project provides not only this experience, but also the information about artwork – the name, artist, a time, when it’s made – what we could see in the real museums’ information near the artwork.

The Google Art Project is a reproduction of museums and artworks in the digital way using a digital devices. It could be used as a material of studies or just for discovering the beauty of art, but the aura of place and artwork is less objective – as we know the light in the museum and to light used to make photos of artworks could change. Everything what is made through the digital devices ( in this case – camera), has lost it’s primar aura.

Agnese Rudzite

O Aqui e Agora da Reprodutibilidade

A evolução tecnológica trouxe-nos a capacidade de reprodução. Passámos da litografia à fotografia e da fotografia ao vídeo. Tentámos sempre conseguir captar fielmente o aqui e agora de uma qualquer altura para que o possamos reproduzir mais tarde… Para relembrar ou conhecer algo do passado. Mas a verdade é que não estamos propriamente a ver aquilo que realmente aconteceu. Falta-nos sempre o contexto, o aqui, o agora… Há uma quantidade de coisas que temos de ter em conta e que, mesmo assim, é complicado imaginarmos que estamos naquele momento.

A questão do audio é ainda mais evidente: muitas composições antigas foram criadas para serem apresentadas num contexto próprio e actualmente podemos ouvir reproduções em qualquer lado. Perde-se a aura. A ideia de estar, por exemplo, numa catedral a ouvir uma composição preparada especialmente para aquele dia e aquela hora não pode ser comparada ao ouvir essa mesma composição num iPod ou mp3 enquanto vamos a caminhar na rua. O aqui e agora da composição original desapareceu e criou-se um aqui e agora novo… Mas apesar disso, a reprodutibilidade é necessária! Sem esta capacidade de reprodução grandes obras musicais se tinham perdido ao longo dos séculos…

Já na pintura a questão já é mais complicada. Se por um lado ao reproduzirmos uma imagem estamos a colocá-la ao alcance de todos por outro estamos a afastar as pessoas da obra original. Muitas obras de pintura foram “banalizadas” e é possível encontrar em qualquer casa um quadro “igual” a uma grande obra. Dois grandes exemplos são a “Última Ceia” e o “Menino da Lágrima”. A maior parte da população que tem uma reprodução de uma destas obras em casa desconhece onde e quando foi pintada e, por vezes, quem a pintou. Sabem apenas que é uma obra de arte e que podemos adquiri-la facilmente.

Este tema levanta-me uma questão: se ao reproduzirmos e ao retirarmos a obra do lugar inicial estamos a retirar a aura, serão os museus a melhor solução para a preservação das obras? Não estou a colocar em causa que nos museus as obras estão seguras e são cuidadas para evitar qualquer dano… A minha questão prende-se com a ideia de ir a uma sala ver várias obras sem relação entre elas e o meio. Não faltará qualquer coisa?

Filipa Traqueia

De que forma a reprodutibilidade técnica altera a natureza e a função social da obra de arte?

A “obra de arte” perdeu parte da sua identidade quando se descobriu a “técnica da reprodutibilidade” da mesma. Ou seja, deixou de ser um exemplar “único” e passou a “uma” num milhão, perdendo assim a sua “autenticidade”. Desde então alterou por completo o seu conceito de “natureza” e “função social”, consequentemente, reflectindo-se nas artes em geral.

Virando me para a “natureza” da arte, como já fiz referência anteriormente, visto que perdeu a sua “autenticidade”, passou a ser “massificadamente” reproduzida, em alguns casos como o celebre quadro da “Mona Lisa”, a “Última Ceia”, ou então o “Menino da Lágrima”. Como tal, o benéfico é que a obra do artista e o seu mérito ficam conhecidos, ou não, dependendo do caso, se a obra tiver sucesso como as mencionados em cima, sim. Por consequência, se a obra ficar massificada torna-se vulgar, e por vezes perde o seu valor e importância, pois como se torna comum deixamos de a apreciar.

Quanto à sua função social, deixou de ser apenas vista e apreciada por uma elite, passando a ser “olhada” por muitos. Quero com isto dizer que agora é possível ver arte em qualquer lugar, basta ter um dispositivo electrónico com ligação à Internet. Bom exemplo disso é sem dúvida o “Google Art”. Através desta plataforma, que mudou a maneira de se ver arte, podemos visualizar inúmeras obras de arte, dos mais variados e conceituados museus a nível mundial.

É desta forma que a reprodutibilidade técnica altera a” natureza” e a “função social” da dita obra de arte. Visto que já não é necessário a deslocação e gasto monetário para se ver uma obra de arte. Esta deixou de ser só “palpável à vista”, agora é também “visível à distância de um clique”.

Francisca Luís Pereira

Aura perdida

Podemos dizer que a aura é tudo aquilo que nos envolve, a nós e a tudo o resto que conhecemos e interagimos. A aura não é mais nem menos do que a nossa essência. Sendo assim a aura de todos as obras de arte, sejam quadros, manuscritos, poemas, livros, etc, toda essa aura acaba por ser perdida, por vezes no espaço, por vezes no tempo.

Acho muitíssimo bem que toda a gente possa ter acesso a todo o tipo de obras de arte já existentes, sejam do séc.XIX ou do séc.XXI, é de louvar a facilidade que toda a gente tem no que toca a alargar o seu conhecimento e a matar a sua curiosidade, desde sites de museus, de exposições, de concertos, de eventos de música, pintura, escultura, arquitectura até catálogos e livros onnline, mesmo não tendo oportunidades financeiras ou outras para o fazer, toda a gente pode ver a “Mona Lisa” de Da Vinci ou o quadro “Guernica”  de Plabo Picasso.

Toda esta informação, todo este conhecimento a que podemos ter acesso através de um click, é quase “falso”, na medida em que se tratam de cópias. Estas reproduções de obras originais nunca têm a aura que a verdadeira obra de arte tem na totalidade. Podemos ler um livro de Fernando Pessoa mas não podemos cheirar as folhas a novo, podemos ver uma escultura de Ron Mueck mas não podemos ver como quem vê quando a está a olhar de frente, não conseguimos sentir, na maior parte das vezes, aquilo que o autor da obra sentiu e quis transmitir quando a executou,  por exemplo o realismo de umas das esculturas de Mueck ou toda a genialidade das obras de Pessoa.

Com isto, podemos concluir é claro, que a reprodutibilidade técnica altera a natureza e a função social da obra de arte. Tendo toda a gente acesso a todo o tipo de obras de arte, toda a gente pode criar também as suas próprias obras de arte ou até reproduções de obras de arte já existentes, porque afinal, tudo é considerado arte, se é de qualidade ou não, se tem valor ou não, isso é com cada um, isso é com cada autor e com a aura que inserem na sua obra de arte. Sendo assim, a arte expande-se pelo mundo mas também perde imenso valor – já não é vista com os mesmos olhos, tornou-se comercial, deixou de ser natural, de ser própria e, essencialmente, deixou de ser genuína.

Soraia Lima

“Aura”, onde estás tu?

The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction é um ensaio do filósofo alemão Walter Benjamin sobre a arte no século XX, que analisa a sua existência na era da cópia, da fotografia.

Sempre foi possível reproduzir a obra de arte, mas a sua reprodução técnica é, contudo, um fenómeno novo. O processo histórico revela a aceleração da passagem da reprodução manual para a reprodução mecânica/técnica, e é fundamental reconhecermos a diferença entre estes.

A litografia, no século XIX, permite pela primeira vez às artes gráficas não só entregar-se ao comércio das reproduções em série, mas também produzir obras novas. O  processo de reprodução das imagens foi tão acelerado que passou a poder a acompanhar a fala, com a passagem da fotografia ao cinema e ao cinema sonoro.

A singularidade tem a ver com a História, uma vez que a passagem do tempo e o consequente efeito que tem na obra de arte (a degradação) manifesta-se fisicamente. Para Walter Benjamim: “o aqui e agora do original encerra a sua autenticidade”. A marca da autenticidade está escrita na singularidade do objecto.

A reprodução técnica torna a obra mais independente do original e pode pôr a cópia em situações que não estão ao alcance do próprio original. Há uma ânsia de reprodução, que visa propiciar um domínio maior do objecto, uma necessidade irresistível de possuí-lo, de tão perto quanto possível, na sua cópia, na sua reprodução. As massas querem superar o carácter único de todos os factos através da sua reprodutibilidade. Sendo assim, será que essa reprodutibilidade técnica, com a retoma do sempre idêntico,  pode atingir a aura da obra de arte, contribuindo para a destruição do seu carácter único, autêntico? Na minha opinião sim. Apesar da reprodução poder fazer parte do processo artístico, como é o caso do cinema, não podemos deixar de ter em conta que a autenticidade advém do seu carácter único. Exemplificando: Hoje, a capacidade de reprodutibilidade torna a experiência do concerto ao vivo menos importante, pois a obra é descontextualizada. A reprodutibilidade destrói aquilo que confere autoridade e autenticidade da obra de arte no tempo: a sua aura, perdendo também a sensação da obra de arte como algo mais inacessível e especial, que nos “diga algo”.

Para Walter Benjamin, apesar do cinema exigir o uso de toda a personalidade viva do homem, este priva-se de sua aura. A aura dos intérpretes desaparece com a substituição do público pelo aparelho, ao contrário do teatro, onde a aura de uma personagem liga-se à aura do actor que a representa,  e é sentida pelo público.

Através do conceito de aura, o filósofo Benjamin observa as mais profundas transformações, não apenas da arte, mas do homem e da vida na era da reprodutibilidade técnica.

Daniela Fernandes


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