Lev Manovich nasceu em Moscovo, onde estudou arquitectura e ciências de informática. Em 1981 muda-se para os EUA onde prossegue os seus estudos. Nomeadamente um mestrado em psicologia experimental pela New York University e doutouramento (PhD) pela University of Rochester. Desde então tem desenvolvido imensa pesquisa e investigação na área da cultura digital e contribuido como teórico de software e novos média.
Uma das suas principais obras e objecto do nosso estudo nesta cadeira, é a “The Language of New Media” . Neste texto, Manovich faz uma reflexão sobre os novos média um pouco ao jeito de Marshall MacLuhan, onde contextualiza o apareciemento dos novos média históricamente e tecnológicamente e enumera uma lista de “Princípios dos Novos Média”.
Para Manovich, os novos média surgem na convergência entre as tecnologias de média já existentes e o aparecimento do computador, sendo que teorizou cinco princípios para os novos media:
1- Representação Numérica – Segundo este princípio, com a utilização do computador, todos os objectos criados ou convertidos podem ser descritos em linguagem matemática e, por consequência, são programáveis.
2-Modularidade – Manovich defende que os elementos de média são representados em fracções independentes ( pequenas colecções de amostras discretas) e que essas mesmas fracções agregam-se de modo a constituir um todo. Desta forma é possivel alterar-se uma das fracções independentes sem ter de mexer ou alterar outra fracção independente (p.e. posso alterar este texto que agora escrevo sem alterar o site, ou a web em geral, uma vez que esta página é uma fracção móvel e alterável, contudo independente, de algo maior como a web).
3- Automação – Este princípio, apenas possível pelos dois anteriores, refere que até certo ponto é possível retirar o elemento humano do processo creativo. Segundo esta teoria, existem dois “níveis” de automação: O nível baixo, do qual consistem algumas das propriedades automáticas do software comercial que reune a informação e a trata de acordo com templates e scripts pré-formatados (p.e. retocar uma foto num programa de edição de imagem automáticamente) ; o nível alto consiste na criação e acção da inteligência artificial. Esta, por sua vez, ainda é extremamente limitada e apenas pode responder perante as situações para a qual está programada.
A par com os níveis de automação encontra-se a problemática do acesso aos conteudos média devido à abundância de conteudos e à dificuldade de pesquisa e achamento de algum especifíco. Neste contexto surgiu a necessidade de organizar e armazenar a informação e os materiais mediáticos.
4- Variabilidade – Deste modo, os conteúdos dos novos média não são algo de fixo, mas sim passíveis de várias versões ajustadas (p.e. um site com versões diferentes para quem utiliza Jawa Scripts ou não, ou com diferentes velocidades de conecção).Portanto, em vez de uma série de cópias iguais, dos novos média surgem diferente versões . Por outro lado a informação vai-se transformando através de actualizações ou pode estar interligada com outra (p.e. este mesmo blog, onde posso publicar um texto e um vídeo na mesma plataforma através de hiperligações). Outro exemplo de variabilidade é a hipotese de representação em vários níveis de detalhe (p.e. uma fotografia à qual posso fazer zoom).
5 – Transcodificação – Como já foi referido, a computorização transforma os conteúdos média em informação digital, e portanto,este último princípio refere que os novos media consistem em dois estractos diferentes. Respectivamente o cultural – que diz respeito à sapiencia e elemntos culturais – e o do computador – que é constituido pelas funcionalidades e propriedades matemáticas e formais do computador. Estes dois estractos influênciam-se mutuamente contribuindo assim para o avanço de cada um, formando a nova sociedade digital e dos novos média.
Concluindo, segundo a teoria da “linguagem dos novos media”, Lev Manovich demonstra claramente a dimensão que a técnologia informática veio trazer à divulgação, produção, distribuição, percepção e recepção dos novos media por parte das culturas modernas, que, cada vez mais cultivam os novos media digitais.
Saudações Académicas,
André Rui Graça
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