Arquivo de 22 de Fevereiro, 2015

Uma nota sobre as distâncias

“A transcendência das distâncias ganha meu presente e introduz uma suspeita de irrealidade até nas experiências com as quais eu creio coincidir”.

– Maurice Merleau-Ponty

           A citação que abre esta postagem é bastante sintética quando falamos de comunicação nos dias de hoje. A atualização constante dos meios de comunicação do tempo de Merleau-Ponty ( primeira metade do século XX ) encontra no programa Skype o seu ponto mais elevado. Em referência ao uso de outros meios digitais como a rede social Facebook, percebo que no Brasil – em detrimento de Portugal, comunica-se muito mais através desta ferramenta e que muitas relações sociais se confirmam e se desenvolvem pelo ecrã. A “depressão” do século XXI encontra nessa dinâmica o seu porto seguro e é observável uma massificação de sintomas de caráter psicossocial, como a síndrome do pânico, que se desenvolvem, entre outros fatores, a partir da ruptura da convivência real em direção a uma irrealidade.

Sendo de outro país e morando em Coimbra por seis meses, é evidente que a mediação digital está inserida intrinsecamente em meu cotidiano. Seguro de seus pontos positivos, como a comunicação rápida e direta com familiares e amigos brasileiros, também atento para o seu lado “negativo” na extirpação da ideia de distância que se impõe a cada conversa. Entre Portugal e Brasil são três horas, significativas, de diferença. Ou seja, enquanto estou almoçando, meus amigos acabaram de acordar, o que impele um ajustamento de horários que reflete em nossa relação tecnológica.

Transcender a distância me aproxima muito mais de uma vida que deixei em meu país e que só agora, afastado dessa convivência, consigo tomar consciência com muito mais urgência. Sei o que ocorre nas dinâmicas sociais que mantenho com o Brasil em meus círculos de amizade, mas nada posso fazer ou participar a não ser, de fato, saber. Ou seja, o que percebo é uma experiência que se faz irreal posto que não me habilita a tomar partido de sua realidade existencial.

André Luiz Chaves

A “caixa” de Pandora

O pequeno aparelho que veio substituir tudo ( ou pelo menos quase). Não nego a sua utilidade, nem o modo como agiliza diversos processos no nosso dia, nem que com ele é possível “viajar” do Porto a Lisboa em segundos. Contudo acho que é necessário ( e entenda-se urgentemente necessário ) não deixarmos que a pequena “ caixinha dos microchips” controle cada ação que fazemos ao longo do dia. A quem é que já não aconteceu, vá-se lá saber por obra do acaso ou talvez vontade própria do aparelho, não tocar o despertador na hora que o era devido… Tragédia das tragédias que faz com que todo o dia esteja já sentenciado por esta “birra” do aparelho teimoso que não tocou.

E é assim que nós, os seres humanos, os ditos dos racionais, nos deixamos dominar pela “vontade própria” do pequeno rectângulo que nos acompanha todos os dias no bolso do casaco. Convém é não esquecermos que como produto de toda uma centelha de evoluções técnicas e científicas , a máquina acabou por adquirir uma característica intrínseca ao seu criador : a de ser falível. Mas a questão preocupante não se baseia nisso, mas sim no facto de termos-nos tornado tão dependentes desse mesmo aparelho que somos incapazes de “reagir” perante uma situação em que este nos falhe, quase como se o mundo fosse acabar apenas pelo simples facto de não termos bateria no telemóvel como se a chamada das nossas vidas fosse realmente perdida nesses 5 minutos de desconexão com o mundo da mediação digital.
É flagrante que por mais que queiramos, já se tornou impossível levarmos uma vida completamente normal sem a presença dos mais diversos aparelhos. A mediação digital tornou-se um essencial em diversos pontos da nossa vida, começando pela educação onde a maioria dos trabalhos já é entregue por e-mail, onde o caderno e a caneta foram substituídos pelo tablet ou pelo computador, sendo que a maioria dos estudantes atualmente já não faz ideia onde se situa a biblioteca da sua escola. E sucessivamente esta cadeia se transpõem para o mundo do trabalho, e para as funções que qualquer cidadão desempenha no quotidiano. A conta da luz ou da água já não chega por carta do correio, mas por e-mail ou uma simples mensagem de telemóvel. Certo tipo de “operações” de pagamentos de impostos já só podem ser realizadas através da internet. A generalidade dos nossos serviços de atendimento ao público é informatizada, sendo que se ocorrer o infortúnio de falhar a energia elétrica criam-se filas enormes e podemos observar todos os presentes a perder a compostura e tornarem-se autênticas “baratas tontas”.

Pois bem, como já referi, não questiono os avanços que ocorreram galopantemente nas últimas décadas, pois o seu objetivo principal ( sendo esse mesmo o objetivo de qualquer invenção ) é o de colmatar as necessidades com as quais nos confrontamos. Contudo não podemos descartar determinados factos óbvios: o isolamento, a quebra das relações pessoais, e o fosso social que tais avanços vieram agravar, sendo que para mim este último ponto é de facto o mais flagrante. Tenhamos em consideração, por exemplos, todos aqueles que nasceram antes desta “ era do progresso” e que hoje em dia são obrigados a lidar com aparelhos com os quais não se encontram minimamente familiarizados para, por exemplo, pagarem as suas contas ( sendo que os seus “velhos” métodos, com todas as reformas tecnológicas, lhes estão completamente vedados ). Tudo isto nos passa totalmente despercebido, tal como não reparamos quando passamos uma hora numa mesa de café onde não ouvimos a voz das pessoas que estão connosco por todos estarmos “ de pescoço vergado”.

Ana Francisca Cruz

Mundo Digital

Em plena era digital, é difícil resistir às «tentações» que as novas tecnologias provocam. Seja através das redes sociais que permitem comunicar à distância ou através de jogos viciantes que desconectam os utilizadores da vida real durante umas horas, já ninguém consegue ficar indiferente a este fenómeno.

As novas tecnologias dominam o dia-a-dia de muitos utilizadores. É quase impensável estar mais de 24 horas sem estar «conectado» ou simplesmente pegar no telemóvel para realizar uma chamada ou enviar uma mensagem. E a diferença entre gerações é cada vez mais subtil no que diz respeito à utilização das novas tecnologias – quer sejam adolescentes de 15 anos ou avós de 60, esta nova era digital afeta todas as faixas etárias. Torna-se difícil desconectar-se deste mundo digital visto que está em constante atualização e, a cada minuto, há sempre algo novo para ver, para ler, para comentar.

As novas tecnologias permitiram criar novos meios de comunicação interpessoal, que causaram um impacto tremendo na forma como os indivíduos se relacionam e socializam. As redes sociais permitiram com que as pessoas se aproximassem e, ao mesmo tempo, se afastassem cada vez mais umas das outras. Assistiu-se à criação de dois mundos: o mundo real e o mundo digital que, por sinal, estão bem distantes um do outro. O mundo digital baseia-se nas aparências, no disfarce e na exterioridade e serve como forma de escape às dificuldades e problemas do mundo real. Estes dois mundos representam, respetivamente, quem somos e quem queremos ser.

Nos dias que correm, o cultivo das relações físicas interpessoais foi-se degradando. Há uma década, as crianças ainda brincavam na rua e relacionavam-se umas com as outras sem ser por meio de um telemóvel ou um computador. Hoje em dia, é raro haver uma criança com menos de 8 anos que não possua um telemóvel ou um tablet. E ali passam os seus dias – agarrados àqueles brinquedos eletrónicos que os transportam para outra realidade, como se durante aquelas horas o mundo real não existisse. As próprias relações entre adolescentes tornaram-se simples mensagens de texto. É muito mais fácil escrever do que falar diretamente. Sem se aperceberem, estes adolescentes vão alimentando inseguranças pessoais e problemas de socialização que nunca chegarão a ultrapassar, pela facilidade com que as novas tecnologias permitem «resolver» os problemas.

É indiscutível que a era digital trouxe consigo enormes benefícios, no entanto é necessário entender que nem tudo é positivo e estar bem ciente do impacto que as novas tecnologias têm nas nossas vidas. Será que «mundo digital» se tornou sinónimo de «dependência» ou «vício»?

Diogo Martins

Google: informação ou manipulação…

É do conhecimento geral que a google detém a preferência de grande parte dos utilizadores de Internet, no que toca a motores de busca. Sendo esse o meu caso vejo-me em posição de poder citar aquilo que, para mim, faz com que o “Google Search” tenha tanto sucesso:

  • o Google atualiza a sua base de informações diariamente graças à utilização de um “crawler Googlebot”  ou seja, um bot que procura informações novas em “todos” os endereços possíveis da Internet.
  • O Google armazena quase todas as páginas encontradas pelo “crawler Googlebot” e permite que esse conteúdo seja acedido mesmo quando o site original já não se encontra ativo (informação em cache).
  • E por fim a utilização de um algoritmo conhecido por “PageRank” que define quais as paginas que são apresentadas na primeira pagina e qual a sua ordem.

Contudo este algoritmo tem gerado muita polémica no sentido em que para ocupar uma posição de destaque neste motor de busca já não basta ser relevante a nível de conteúdo ou de utilidade para os utilizadores mas sim a sua ligação com a empresa google, como por exemplo: paginas do “youtube” ou “google news” que são detidas pela empresa facilmente atingem locais de destaque nas suas listagens, o mesmo acontece com paginas que pagam para que a sua publicidade apareça nesta mesma posição.

Isto faz com que as opiniões perante o funcionamento da google entrem em debate. Será manipulação daquilo que acedemos ou uma simples tentativa de direcionar\auxiliar o utilizador ?

Na minha perspetiva o google detém este grau gigantesco de influência que se traduz na preferência da maioria dos utilizadores de Internet devido às suas características e excelente funcionamento. No entanto o crescente poder desta empresa leva-me a pensar na necessidade de condicionar a sua dimensão, mas não sei se estamos prontos para as consequências que tal acão acarreta.

Referencias: https://pt.wikipedia.org/wiki/Google_Search


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